26/04/2016

Lição 5 - A Maravilhosa Graça


Introdução

      Na lição de hoje estudaremos sobre a Graça de Deus. O homem estava perdido e Deus soberanamente decidiu, por sua graça, manifestar a salvação através de Cristo Jesus.
          O termo graça, vem do latim gratus (agradável, amável) e do latim charis, que em sua tradução envolve muitos sentidos: favor, cuidado ou ajuda graciosa, boa vontade. A graça envolve termo como perdão e salvação, neste sentido significando favor imerecido.
       Champlin nos ensina que: “o principio da graça divina, em contraste com a lei e os méritos humanos, através de cujo princípio a salvação é oferecida aos homens. A misericórdia e a graça divinas são dadas aos homens sobre o fundamento da missão de Cristo, recebidas pela fé (Ef 2.5,8; Cl 1.6)

I - A Graça como meio da Salvação
O livre favor divino é recebido, mas nunca merecido, mediante a fé.
A Graça opera por causa do amor de Deus através do mesmo. Ela é divina e não tem sua origem no homem.
Através da Graça Deus redime o homem de modo totalmente à parte de seus méritos pessoais e não em cooperação com os mesmos, porquanto a salvação vem exclusivamente pela fé, independente de obras, contudo, cabe ressaltar que a graça e as obras são sinônimas, pois a dalvação inclui necessariamente a santificação, e esta tem de incluir as obras santas.

II - Graça Barata x Graça cara
          “Não pode ser barato para nós aquilo que custou caro para Deus”, disse Dietrich Bonhoeffer antes de ser morto pelos nazistas. Em tempos difíceis como o nosso, em que a injustiça anda de mãos dadas com a impunidade sem precedente em nossa história, em que o céu é apresentado sem a existência da realidade do inferno, este tema se faz urgente, e muito necessária a sua reflexão! Leia as palavras de Bonhoeffer:
          “A graça barata é a pregação do perdão sem arrependimento, é o batismo sem a disciplina comunitária, é a Ceia do Senhor sem confissão dos pecados, é a absolvição sem confissão pessoal. A graça barata é a graça sem discipulado, a graça sem a cruz, a graça sem Jesus Cristo vivo, encarnado.
A graça preciosa é o tesouro oculto no campo, por amor do qual o ser humano sai e vende com alegria tudo quanto tem; a pérola preciosa, para cuja aquisição o comerciante se desfaz de todos os seus bens; o senhorio régio de Cristo, por amor do qual o ser humano arranca o olho que o faz tropeçar; o chamado de Jesus Cristo, pelo qual o discípulo larga suas redes e o segue.
A graça preciosa é o Evangelho que se deve procurar sempre de novo, o dom pelo qual se tem que orar, a porta à qual se tem que bater. Essa graça é preciosa porque chama ao discipulado, e é graça por chamar ao discipulado de Jesus Cristo; é preciosa por custar a vida ao ser humano, e é graça por, assim, lhe dar a vida; é preciosa por condenar o pecado, e é graça por justificar o pecador. Essa graça é sobretudo preciosa por ter sido preciosa para Deus, por ter custado a Deus a vida de seu Filho – “vocês foram comprados por preço” – e porque não pode ser barato para nós aquilo que custou caro para Deus. A graça é preciosa sobretudo porque Deus não achou que seu Filho fosse preço demasiado caro para pagar pela nossa vida, antes o deu por nós. A graça preciosa é a encarnação de Deus.” Dietrich Bonhoeffer (teólogo e pastor martirizado aos 39 anos pelos Nazistas.)

III - SOMENTE PELA GRAÇA O SER HUMANO PODE SER SALVO

O apóstolo Paulo foi o principal instrumento humano para transmitir o pleno significado da graça em Cristo. Não é de admirar que mais tarde ele viesse a ser conhecido como “o apóstolo da graça”. Com maestria, ele nos fala sobre a graça de Deus na epístola aos Romanos de forma abundante (Rm 1.5,7; 3.24; 4.4,16; 5.2; 5.15,17,18; 5.20; 5.21; 11.6). No NT, a palavra graça no grego é “charis”, que indica “graciosidade, favor”.

3.1 A graça é um ato soberano (Rm 1.7; 5.15; Tt 2.11). Nos referidos textos, Paulo nos diz que a graça procede soberanamente de Deus. Isto porque o favor lhe pertence e vem dEle, como sua fonte originária (I Co 15.10; I Pe 5.10). Segundo a Bíblia Deus manifestou a sua graça em toda a sua plenitude na Pessoa de Seu Filho, Jesus Cristo (II Co 8.9; 13.13; Gl 1.6; 6.18; Ef 2.7; Fp 4.23; Ap 22.21). “A expressão 'manifestar' no original se relaciona ao substantivo 'epifania', ou seja, 'aparecimento' ou 'manifestação' (por exemplo, do sol ao amanhecer). A graça de Deus surgiu repentinamente sobre os que estavam nas trevas e na sombra da morte (Ml 4.2; Lc 1.79; At 27.20; Tt 3.4)” (HENDRIKSEN, 2001, p. 453).
3.2 A graça é imerecida (Rm 3.24; 11.6; Ef 2.5.7-8). A palavra traduzida como graça significa “favor imerecido”. Para falar sobre este favor imerecido ao pecador, Paulo usa a seguinte argumentação: “Ora, àquele que faz qualquer obra não lhe é imputado o galardão segundo a graça, mas segundo a dívida. Mas, àquele que não pratica, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça” (Rm 4.4,5). Nestes versículos, o apóstolo deixa claro que a salvação é concedida ao homem sem ele merecer. Não há nada que o homem faça para o tornar digno de ser salvo, pois a graça aniquila qualquer obra que visa receber a salvação por mérito “Não vem das obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2.9). Segundo Soares (p. 76) “A graça é o favor imerecido de Deus para com o pecador; é a bondade para quem apenas merece o castigo”.

3.3 A graça é suficiente (Rm 3.24; Ef 2.8). Paulo nos mostra que a Lei não é suficiente para salvar o homem. Até porque seu propósito é revelar o pecado e não extirpá-lo (Rm 7.7). Todavia, a graça de Cristo faz por nós aquilo que a Lei nunca poderia. Um dos pontos da Reforma Protestante é o “sola gratia” que diz que embora a fé seja o caminho dado por Deus para a salvação, não é ela quem nos salva, mas a graça “Porque pela graça sois salvos” (Ef 2.8-a). Lutero refutou o ensino católico romano da salvação pelas obras, alegando com base no que diz a Bíblia, que é pela graça, o favor imerecido de Deus, que ele nos concede a bênção da salvação (At 15.11; Rm 11.6).

3.4 A graça não faz acepção (Rm 1.16; 3.29; 9.24). Desde o início, a proposta divina sempre foi estender a bênção da salvação a todos os homens indiscriminadamente (Gn 12.3; Gl 3.8). É errôneo pensar embora “todos pecaram” (Rm 3.23), somente os eleitos serão salvos. Em Tito 2.11 Paulo diz “[...] a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens”. A vinda do Messias mostra claramente que, Deus não faz acepção de pessoas (At 10.34; Rm 2.11; Ef 6.9; I Pe 1.17). Portanto, a graça de Deus que nos é oferecida mediante o evangelho, é derramada sobre todos em pé de igualdade, ou seja ela alcança tanto judeus como gentios (Gl 3.14; Ef 3.6).


Conclusão
Apesar da queda da raça humana, Deus, por sua maravilhosa graça decidiu soberanamente salvar o homem caído em pecado, por meio de Jesus Cristo. Esta graça alcança a todos os homens indistintamente e apesar de nos salvar independente das obras, nos impele a uma vida de santificação que é a evidência visível da salvação.


Bibliografia
Comentário Bíblico Beacon. CPAD
Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. R.N. Champlin. Hagnos
Graça. Max Lucado. Thomas Nelson Brasil
Justiça e Graça. Natalino das Neves. CPAD
Maravilhosa Graça. José Gonçalves. CPAD
O poder e a mensagem do Evangelho. Paul Washer. Fiel
Um Verdadeiro Arrependimento. Manoel Flausino. Inteligência Editorial
Verdadeiro Evangelho. Paul Washer. Fiel


Pr. Manoel Flausino
Diretor de Ensino e Superintendente de Escola Dominica, escritor, formado em Teologia, Pedagogia e especialista em Psicopedagogia e Gestão de Pessoas, dirigente da Congregação Fonte das Águas MDV.

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