20/03/2011

LIÇÕES BÍBLICAS CPAD - 2° TRIMESTRE/2011


A Lição Bíblica da CPAD - 2º Trimestre/2011 terá como tema geral "Movimento Pentecostal: As doutrinas da nossa fé". O comentarista será o pastor Elienai Cabral.
Segue abaixo os temas semanais:
1. Quem é o Espírito Santo?

2. Nomes e símbolos do Espírito Santo

3. O que é o Batismo com o Espírito Santo

4. Espírito Santo agente capacitador da obra de Deus

5. A importância dos dons espirituais

6. Dons espirituais que manifetam a sabedoria de Deus

7. Os dons de poder

8. O genuíno culto pentecostal

9. A pureza do movimento pentecostal

10. Assembleia de Deus, cem anos de Pentecoste

11. Uma igreja autenticamente Pentecostal

12. Conservando a pureza da Doutrina Pentecostal

13. Aviva ó Senhor a tua obra

AS VIAGENS MISSIONÁRIAS DE PAULO – Lição 12

A pressão começa irromper com a expansão em Samaria, no cap. 8. Também marcado por uma atividade e expressiva no Espírito Santo. A conversão de Saulo soma-se a isto, e então o longo episódio, em que a visão de Pedro e a experiência com Cornélio são relatadas duas vezes, acelera o expressivo desenvolvimento da obra. Como pode a igreja resistir à atividade do Espírito, que está evidentemente derrubando as velhas barreiras entre judeus e gentios? A igreja multirracial de Antioquia passa a existir, porém não com o apoio franco da igreja de Jerusalém (11.20,21). No cap. 12 parece que voltam os obstáculos. "Entretanto a palavra do Senhor crescia e se multiplicava" (12.24). Até quando pode a pressão continuar antes que a fervura esparrame?

PRIMEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA

Uma vez mais o Espírito impulsiona a igreja a seguir adiante. Pode-nos parecer natural que pessoas cheguem a tornar-se cristãs sem também ser judias, mas isto não é aceitável de modo absoluto para os primeiros crentes. Como Paulo e Barnabé, eles descobrem por experiência que, quando os judeus rejeitam o evangelho, "os gentios...regojizavam-se e glorificaram a palavra do Senhor, e creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna" (13.48). O Espírito Santo parece requerer apenas que eles creiam no Senhor Jesus. Não exige deles que também se tornem judeus. No final de seu roteiro missionário. Paulo e Barnabé alegremente concluem que Deus simplesmente "abrira os gentios a porta da fé" (14.27). Alguns, entretanto, admitem que a ação do Espírito Santo precisa de cuidadosa interpretação. Alguns deles chegam a Antioquia insistindo em que "se não vos circuncidardes segundo o costume de Moisés, não podeis ser salvos" (15.1). Assim, o episódio relatado por Lucas em Atos 15 é ma conseqüência vital da missão recém-completada. Paulo e Barnabé são nomeados, juntamente com outros, para subirem a Jerusalém a fim de resolverem a questão com "os apóstolos e os presbíteros" (Atos 15.4): devem os gentios também tornar-se judeus para que sejam salvos?

É provável que por esse tempo Paulo escreve sua carta aos gálatas como uma circular enviada às igrejas que ele havia fundado em sua viagem missionária. A carta é uma defesa apaixonada do ponto de vista que também prevaleceu em Jerusalém – que nossa "justificação", ou aceitação, diante de Deus não depende de nossa obediência à lei, mas somente a Cristo, a quem estamos unidos pela fé. Com essa questão vital resolvida, a fundação é lançada para que o evangelho avance sem obstáculo "até aos confins da terra".

SEGUNDA VIAGEM MISSIONÁRIA

Esta viagem começa como um projeto para revisitar as igrejas fundadas na primeira viagem (15.36), porém novamente o Espírito Santo se antecipa, e em seguida os orienta. Em pouco tempo Paulo e seus companheiros decidem que devem levar o evangelho até à Grécia (16.10), e acabam ministrando sucessivamente em Filipos, Tessalônica, Beréia, Atenas e Corinto. Paulo permanece mais de dezoito meses em Corinto antes de finalmente retornar ao seu "lar", a igreja em Antioquia. Foi durante essa viagem que o ocorreu o incidente que ocasionou a separação entre Paulo e Barnabé. Esse incidente ajuda-nos a entender o segundo, que Lucas registra em Atos 15.36-40. Barnabé desejava que o jovem Marcos os acompanhasse na segunda viagem



missionária; Paulo opôs-se à idéia. E a narrativa diz que "houve entre eles tal desavença que vieram a separar-se" (v.39). Não sabemos se Paulo e Barnabé voltaram a encontrar-se. Eles "concordaram em discordar" e empreenderam viagens, cada um para seu lado. Sem dúvida o evangelho foi desse modo promovido mais do que se tivessem permanecido juntos. Então "Paulo, tendo escolhido a Silas, partiu...E passou pela Síria e Cilícia, confirmando as igrejas" (Atos 15.40,41). Depois de nova visita a Derbe, o último ponto visitado na primeira viagem, Paulo e seu grupo prosseguirem até Listra para ver seus convertidos nesta cidade. Aqui Paulo encontrou um jovem chamado Timóteo (At 16.1), e viu nele um substituto potencial para Marcos. O que aconteceu aqui redimiu Paulo de qualquer acusação de não se mostrar disposto a depositar confiança em homens mais jovens do que ele. Em 1 Tm 1.2 dirigiu-se ao jovem Timóteo "verdadeiro filho", e na segundo epístola fala dele como "amado filho".

Quando o grupo de evangelista (dirigido de algum modo não especificado pelo Espírito Santo – Atos 16.6-8) chegou a Trôade e se pôs a contemplar o outro lado da estreita península, deve ter ponderado sobre a perspectiva de avançar sua campanha ao continente europeu. A decisão foi tomada quando "à noite, sobreveio a Paulo uma visão, na qual um varão macedônio estava em pé e lhe rogava, dizendo: Passa à Macedônia e ajuda-nos" (At 19.6). A resposta de Paulo foi imediata. O grupo navegou para a Europa. De qualquer maneira, parece que neste ponto ele entrou no drama de viagem, porque agora ele começa a referir-se aos missionários como "nós". A viagem continuou ao longo da grande estrada romana que corre para o Ocidente através das principais cidades da Macedônia – desde Filipos até Tessalônica, e de Tessalônica a Beréia. Durante 3 semanas, Paulo falou na sinagoga de Tessalônica; depois foi para Atenas, centro da erudição grega, e cidade onde dominava a idolatria (At 17.6). Incansável, ele partiu para Corinto. Sua primeira e grande missão no mundo gentio estendeu-se por quase 3 anos. Depois ele voltou a Antioquia.

TERCEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA

Inclinamo-nos a pensar que Paulo tinha concebido a idéia de fazer de Éfeso o centro do ministério, à semelhança de Corinto (18.21). Ele faz isto agora, despendendo ali mais de dois anos. Éfeso era, como Antioquia, uma das maiores cidade do império e o foco da vida de uma grande área adjacente. Mas de novo o Espírito se interpõe e muda a mente de Paulo sobre tal estratégia: Roma! O itinerário um tortuoso pelo qual Paulo se decide (19.21) é provavelmente em consequência da coleta que levantou em favor da igreja em Jerusalém (por exemplo, Romanos 15.25-27): ele deseja levá-la pessoalmente até lá. Paulo está visivelmente preocupado com a visita a Jerusalém. Ele pede aos romanos que orem "para que eu me veja livre dos rebeldes que vivem na Judéia, e que este meu serviço em Jerusalém seja bem aceito pelos santos" (Rm 15.31). Lucas destaca este pressentimento ao relatar as mensagens proféticas que falam a respeito de sua prisão (20.22,23; 21.10-14). E por certo, logo ao chegar em Jerusalém, Paulo se vê em dificuldades com os judeus e cristãos-judeus que desaprovam profundamente seu evangelho desvinculado da lei mosaica.

Pr. Manoel Flausino

Baruch Habbá B’Shem Adonai

10/03/2011

Texto de Reflexão: Assembléia na Carpintaria

Contam que na carpintaria houve uma vez uma estranha assembléia. Foi uma reunião de grupo de ferramentas para acertar as diferenças. O martelo assumiu a presidência, mas os participantes lhe notificaram que teria que renunciar.


O motivo? Fazia demasiado barulho; além do mais, passava todo o tempo golpeando. O martelo aceitou sua culpa, mas pediu que também fosse expulso o parafuso, dizendo que ele dava muitas voltas para conseguir fazer alguma coisa.

Diante do ataque, o parafuso concordou, mas por sua vez pediu a expulsão da lixa. Dizia que ela era muito áspera no tratamento com os demais, entrando sempre em atritos.

A lixa acatou, com a condição de que se expulsasse o metro que media os outros segundo sua medida, como se fora o único perfeito.

Nesse momento, entrou o carpinteiro, juntou o material e iniciou o seu trabalho. Utilizou o martelo, a lixa, o metro, o parafuso e o serrote e outras ferramentas. Após algumas horas de trabalho uma rústica madeira se converteu num fino móvel.

Quando a carpintaria ficou novamente só, a assembléia reativou a discussão. Foi então que o serrote tomou a palavra e disse: “Senhores, ficou demonstrado que temos defeitos, mas o carpinteiro trabalha com nossas qualidades, com nossos pontos valiosos. Assim, não pensemos em nossos pontos fracos e concentremo-nos em nossos pontos fortes”.

A assembléia entendeu que o martelo era forte, o parafuso unia e dava força, a lixa era especial para limar e afinar asperezas e o metro era preciso e exato. Sentiram-se então uma verdadeira equipe, feliz, unida, capaz de produzir móveis finos, de excelente qualidade.

Autor Desconhecido

O Primeiro Concílio da Igreja de Cristo

Texto Base: Atos 15:6-12
“Alguns, porém, da seita dos fariseus que tinham crido se levantaram, dizendo que era mister circuncidá-los e mandar-lhes que guardassem a lei de Moisés. Congregaram-se, pois, os apóstolos e os anciãos para considerar este assunto“(Atos 15:5,6).

INTRODUÇÃO

Logo no início da igreja primitiva surgiram aqueles que não foram cautelosos e cuidadosos, deixando-se levar pelo “fermento dos fariseus”, apesar das advertências do Senhor no Seu ministério terreno (Mt 15:10-20; 16:1-12; Mc 8:15-21), passando a querer exigir a observância da lei como um requisito para a salvação (cf At 15:1,5). Com o início da pregação aos gentios, em Antioquia, os segmentos judaizantes de Jerusalém, agindo por conta própria e sem a autorização do seu pastor, Tiago, o irmão do Senhor (cf At 15:24), passaram a ir até o encontro das igrejas gentílicas que se formavam, defendendo a necessidade da prática da lei para que houvesse a salvação. O tumulto foi tão grande (At 15:2) que foi preciso reunir os apóstolos e os anciãos da Igreja em Jerusalém e, sob a orientação do Espírito Santo, decidir a respeito. Deu-se, portanto, o Concílio de Jerusalém (aproximadamente no ano de 48), cujas decisões foram vitais à expansão do Cristianismo até aos confins da Terra.

I. O QUE É CONCÍLIO

Concílio é uma reunião de autoridades eclesiásticas com o objetivo de discutir e deliberar sobre questões pastorais, de doutrina, fé, costumes (moral) e disciplina eclesiástica.

Ao longo da história do povo de Israel ocorreram várias reuniões deliberativas entre os líderes para tratar das urgências nacionais e das crises que surgiram ao longo da história de Israel, no Antigo Testamento (exemplos: 2Cr 34:29; Ed 10:14; Ez 8:1). Segundo o pr.Claudionor de Andrade, “o primeiro concílio da velha aliança deu-se quando Moisés congregou os anciãos de Israel para declarar-lhes o plano de Deus para libertar os hebreus do Egito”(Ex 4:29).

No Novo Testamento, na Igreja primitiva, as questões de suma importância e que influenciariam o futuro da Igreja, foram tratadas e decididas em reuniões promovidas pelos líderes, orientados pelo Espírito Santo. “Atos dos Apóstolos” faz menção de três reuniões importantíssimas: a primeira, para eleger Matias em lugar de Judas Iscariotes e aguardar a chegada do Espírito Santo(Atos 1:12-26); a segunda, para tratar acerca da assistência social, ocasião em que foi eleito sete homens para tratar exclusivamente desse mister - Atos 6:1-15 (vide aula nº 07); a terceira, que viria a ser conhecida como o Concílio de Jerusalém(At 15:6-30). Nesta, os apóstolos reuniram-se para tratar sobre os temas que estavam dividindo os primeiros cristãos: de um lado os judaizantes (judeus convertidos) e do outro os gentios (os convertidos não-judeus, que eram maioria).

1. Concílio de Jerusalém. Esse é o nome comumente dado à reunião efetuada por delegados enviados pela igreja de Antioquia (liderados por Paulo e Barnabé) com os apóstolos e anciãos da igreja de Jerusalém, a fim de dirimir dúvidas e questões doutrinárias originadas pelo grande influxo de convertidos gentios na igreja(At 15:2-29). Muitos comentaristas identificam essa reunião com aquela que é descrita em Gl 2:1-10; nosso ponto de vista, porém, é que em Gl 2:1-10 Paulo se refere a uma reunião particular que ele mesmo e Barnabé tiveram com Tiago o Justo, Pedro e João (provavelmente por ocasião da visita que fez para levar alívio aos crentes de Jerusalém, que passavam por período de fome, visita essa mencionada em At 11:30), e na qual reunião os líderes da igreja de Jerusalém reconheceram a chamada e a posição de Paulo e Barnabé para o apostolado entre os gentios.

A conclusão desse Concílio é a base para o repúdio a estes ensinamentos que, ainda hoje, persuadem e colocam em risco milhares de almas que aceitaram a Cristo como seu Salvador.

2. O ponto em discussão do Concilio de Jerusalém. A Igreja de Antioquia da Síria era unida e conservava-se em plena comunhão. Mas segundo John Stott, essa tranquilidade da comunhão cristã nessa igreja foi quebrada com a chegada de um grupo que Paulo mais tarde chama de “perturbadores” - “Alguns indivíduos desceram da Judéia para Antioquia”(15:1). Eles eram “fariseus”(15:5) e “zelosos da lei”(21:20). E isso era o que “ensinavam aos irmãos: Se não vos circuncidardes segundo o costume de Moisés, não podeis ser salvos”(15:1). A circuncisão dos gentios não era a única exigência deles. Eles iam além. Os convertidos gentios também eram instigados a observar a “lei de Moisés”(15:5). Por não considerarem suficiente uma conversão sem circuncisão, eles organizaram um pequeno grupo de pressão, a quem muitas vezes chamamos de “judaizantes” ou “partido da circuncisão”. Eles não se opunham à missão entre os gentios, mas estavam convictos de que ela devia acontecer sob a guarda da igreja judaica e que os crentes gentios precisavam se submeter não só ao batismo em nome de Jesus, mas também à circuncisão e à observância da lei, como os prosélitos do judaísmo. Esse ensino provocou “da parte de Paulo e Barnabé, contenda e não pequena discussão com eles”(15:2a).

De acordo com o resumo revelador de Lucas, os judaizantes insistiam que os convertidos incircuncisos “não podiam ser salvos”. É claro que a circuncisão era o sinal da aliança instituído por Deus, e sem dúvida esses “perturbadores” enfatizavam isso, mas eles iam muito longe, fazendo da circuncisão uma condição para a salvação. Eles diziam aos convertidos gentios que a fé em Jesus não era suficiente, não bastava para a salvação: eles deviam acrescentar a circuncisão à fé, e à circuncisão a observância da lei. Em outras palavras, eles precisavam permitir que Moisés completasse o que Jesus havia começado, e permitir que a lei completasse o evangelho. O problema era imenso. O caminho da salvação estava em jogo. O evangelho estava sendo questionado. Os fundamentos básicos da fé cristã estavam sendo minados.

Até então tais condições não haviam sido impostas aos convertidos dentre os gentios. Evidentemente nenhuma palavra sobre a circuncisão foi dita a Cornélio e seus familiares, e quando Tito, um crente gentio, visitou Jerusalém em companhia de Paulo e Barnabé, em ocasião anterior, a questão de sua circuncisão nem ao menos foi abordada(Gl 2:3). Agora, entretanto, alguns elementos extremamente zelosos pela lei, na igreja de Jerusalém, decidiram fazer pressão sobre os crentes de Antioquia e das igrejas das circunvizinhanças, apresentando-lhes a necessidade de se submeterem à canga da lei. Tal pressão se mostrou tão persuasiva nas igrejas recém-fundadas da Galácia que Paulo teve de enviar a tais igrejas um urgente e violento protesto, atualmente conhecido como Epístola aos Gálatas. Na própria igreja de Antioquia tais judaizantes (como são chamados aqueles elementos) causaram tal controvérsia que os lideres da igreja finalmente resolveram que a questão inteira fosse ventilada e estabelecida pelas autoridades espirituais superiores - os apóstolos. Foi então efetuada aquela reunião que atualmente conhecemos como Concílio de Jerusalém.

II. A IMPORTÂNCIA DO CONCÍLIO DE JERUSALÉM


Das três reuniões importantes ocorridas na igreja de Jerusalém - a primeira, para eleger Matias em lugar de Judas Iscariotes e aguardar a chegada do Espírito Santo; a segunda, para tratar acerca da assistência social, ocasião em que foi eleito sete homens para tratar exclusivamente deste mister (vide aula nº 07) - a terceira reunião, que viria a ser conhecida como o Concílio de Jerusalém, configura-se tão importante e vital à Igreja de Cristo que dela dependia o futuro do Cristianismo. Não eram algumas práticas cultuais judaicas que estavam em jogo, mas sim a verdade do evangelho e o futuro da Igreja. Se os apóstolos houvessem cedido à pressão dos judaizantes, o cristianismo tinha-se transformado em mera seita judaica. Havia, portanto, o perigo de a igreja se dividir em facções teológicas rivais, cada apóstolo ensinando um evangelho diferente, destruindo a unidade da igreja. Podemos ser gratos à igreja de Antioquia, que percebeu o problema e adotou medidas práticas para resolver a questão. Podemos dizer, então, que o Concílio de Jerusalém conseguiu uma dupla vitória: uma vitória da verdade ao confirmar o evangelho da graça; e uma vitória do amor ao preservar a comunhão e a unidade através de concessões compassivas aos escrúpulos dos judeus conscienciosos.

1. Convocação. A convocação de um concílio pode ser extremamente valiosa, se o seu propósito é esclarecer alguma doutrina, acabar com controvérsias e promover a paz. E este era o propósito precípuo do Concílio de Jerusalém. De acordo com Atos 15, os irmãos de Antioquia resolveram enviar Paulo e Barnabé e alguns outros dentre eles a Jerusalém, aos apóstolos e presbíteros de lá. Assim que chegou a Jerusalém, Paulo se reuniu em particular com os apóstolos e presbíteros e lhes deu um relatório completo acerca do evangelho que estava pregando aos gentios. Como os lideres tiveram de reconhecer, era o mesmo evangelho pregado por eles aos judeus(cf Atos 15:4).

2. Presidência. A dependência contínua dos discípulos no Espírito Santo é indicada em Atos 15:28: “Pareceu bem ao Espírito Santo e a nós”. Como alguém comentou, na igreja primitiva o presidente do conselho era o Espírito Santo. Jesus prometera que o Espírito Santo guiaria os fiéis em toda a verdade (João 16:13). Certamente, o Concílio foi liderado pelo apóstolo Tiago, que era o líder da Igreja de Jerusalém(cf Atos 21:18). Embora Pedro tenha iniciado a discussão não significa que ele presidira o Concílio. Pedro iniciou o debate porque, certamente, ele foi aquele que Deus primeiramente o instigou a quebrar a barreira de comunicação e de relacionamento que havia entre os judeus e gentios(Atos 10).

3. Debates. O debate foi aberto pelo partido farisaico da igreja de Jerusalém, o qual insistia que os convertidos entre os gentios tinham de ser circuncidados e obrigados a guardar a lei - “Insurgiram-se, entretanto, alguns da seita dos fariseus, que haviam crido. É necessário circuncidá-los e determinar-lhes que observem a lei de Moisés“(Atos 15:5). Segundo John Stott, “eles estavam sendo completamente bíblicos ao valorizar a circuncisão e a lei como dádivas de Deus para Israel. Mas iam além, tornando-as obrigatórias para todos, inclusive para os gentios”. Circuncisão e observância da lei, insistiam, eram essenciais para a salvação. “Então se reuniram os apóstolos e os presbíteros para examinar a questão”(Atos 15:6), apesar de estarem presentes também outras pessoas(15:12).

Lucas não nos fornece detalhes do “grande debate”(15:7a) que se deu, mas ele resume os discursos decisivos, feitos sucessivamente pelos três apóstolos envolvidos: o apóstolo Pedro(15:7-11); o apóstolo Paulo apoiado por Barnabé(15:12); e o apóstolo Tiago(15:13-21). Vejamos, a seguir, a participação de cada um.

a) Pedro(15:7-11). Quando Pedro tomou a palavra, os judaizantes talvez tenham imaginado que ele defenderia a posição deles; afinal, Pedro era o apóstolo da circuncisão. Quando Pedro começou a falar, porém, tais expectativas foram logo frustradas. O apóstolo lembrou a assembléia da ordem dada por Deus alguns anos atrás para que “ouvissem os gentios a palavra do evangelho por intermédio” dele. Pedro obedeceu a essa ordem quando pregou na casa de Cornélio. Ao ver os gentios buscarem-no pela fé, o Senhor concedeu o “Espírito Santo a eles, como […] concedera” aos judeus no Pentecostes. Naquela ocasião, Deus não exigiu que os gentios fossem circuncidados. O fato de serem gentios não fez nenhuma diferença; o Senhor purificou o coração deles pela fé. Uma vez que Deus havia aceitado os gentios com base na fé, e não na observância da lei, Pedro perguntou aos presentes: Por que colocar os gentios sob o jugo da lei, “um jugo que nem nossos pais puderam suportar, nem nós?”. A lei jamais havia salvado alguém. Seu ministério era de condenação, e não de salvação. A lei revela o pecado, mas não salva do pecado.

A decisão final de Pedro é particularmente notável. O apóstolo expressou a convicção profunda de que, como os gentios, os judeus foram salvos pela graça do Senhor Jesus(e não pela observância da lei). Pelo fato de Pedro ser judeu, seria de esperar que ele dissesse que os gentios foram salvos da mesma forma que os judeus. Aqui, porém, a graça triunfa sobre as distinções étnicas.

b) Paulo e Barnabé(15:12). Quando estes dois começaram a falar “toda a multidão silenciou”(15:12), evidentemente por profundo respeito. Eles relataram como Deus havia operado no meio dos gentios e autenticado a pregação do evangelho com sinais e prodígios, sem o ritualismo judaico e nem os seus encargos. Isso era a prova de que essas práticas não serviam para salvação. O testemunho esmagador de Paulo de Barnabé, somado ao discurso de Pedro, testificava contra os judaizantes.

c) Tiago(15:13-21). “Tiago, o Justo”, como se tornaria conhecido mais tarde devido à sua reputação como homem justo e piedoso, era um dos irmãos de Jesus, que provavelmente se converteu depois de ver Jesus ressuscitado(At 1:14; 1Co 15:7). Provavelmente contado entre os apóstolos (Gl 1:19) e já reconhecido como um(até mesmo “o”) líder da igreja de Jerusalém(Atos 12:17; Gl 2:9; cf Atos 21:18), evidentemente ele era o coordenador da assembléia.

Tiago esperou que os líderes missionários - Pedro, Paulo e Barnabé - terminassem seus discursos. Então, “depois que eles terminaram, falou Tiago”, chamando seu público, respeitosamente, de “irmãos” e pedindo que lhe ouvissem(15:13). Ele não atacou os legalistas e muito menos os “liberais”, pois o seu compromisso era com a Palavra de Deus. Ele resumiu seu testemunho com as seguintes palavras: “Expôs Simão como Deus primeiro visitou os gentios, a fim de constituir dentre eles um povo para o seu nome”(15:14).

A afirmação de Tiago é consideravelmente mais importante do que parece à primeira vista, pois as expressões “povo” e “para o seu nome” são regularmente empregados no Antigo Testamento em relação a Israel. Tiago estava expressando sua crença de que os convertidos gentios agora faziam parte do Israel verdadeiro, chamados e escolhidos por Deus para pertencerem ao seu único povo e para glorificar o seu nome.

Assim, Tiago declarou que estava de pleno acordo com Pedro, Paulo e Barnabé. A inclusão dos gentios não era uma idéia posterior de Deus, mas algo predito pelos profetas. A citação de Amós 9:11,12 apenas indica uma das muitas passagens do Antigo Testamento que prevê a salvação dos gentios(Gn 22:18; Sl 22:27; Is 9:2; 42:4; 45:22; 49:6; 60:3; Dn 7:14, etc). As próprias Escrituras confirmavam os fatos experimentados pelos missionários. O que Deus havia feito através dos apóstolos conferia com o que Ele havia dito através dos profetas. Essa concordância entre Escrituras e experiência, entre o julgamento dos profetas e o dos apóstolos, era conclusiva para Tiago. Ele estava pronto para declarar o seu julgamento - “Pelo que julgo…”(At 15:19).



III. A CARTA DE JERUSALÉM
Encerrados os debates, decidem os apóstolos enviar uma “carta” às igrejas de Antioquia, Síria e Cilícia, por intermédio de Paulo, Barnabé, Judas e Silas, expondo as resoluções tomadas no Concílio de Jerusalém. Atos 15:23-29 apresenta o teor da carta. Em resumo, nesse Concílio, que não foi decisão humana, mas decisão dirigida pelo Espírito Santo (At.15:28), estabeleceu-se, para que não houvesse mais dúvidas: que a salvação é pela graça; que os gentios deveriam, tão somente, abster das coisas sacrificadas aos ídolos, do sangue, da carne sufocada e da fornicação (At.15:29), não se devendo, pois, cumprir a lei judaica, nem mesmo a guarda do sábado.

1. Da salvação pela graça -”Mas cremos que seremos salvos pela graça do Senhor Jesus Cristo, como eles também”(At 15:11). A questão essencial da conferencia de Jerusalém era se a circuncisão e a obediência à lei de Moisés eram necessárias à salvação em Cristo. Os representantes que se reuniram ali chegaram à conclusão de que os gentios eram salvos pela graça do Senhor Jesus, que lhes perdoara os pecados e deles fizera novas criaturas. A graça é concedida à pessoa que se arrepende do pecado e crê em Cristo como Senhor e Salvador(At 2:38,39). Essa receptividade à graça de Deus capacita a pessoa a receber o poder de tornar-se filho de Deus(João 1:12).

2. Da comida sacrificada aos ídolos. Se os cristãos gentios continuassem consumindo os alimentos oferecidos a ídolos, seus irmãos judeus poderiam questionar se, de fato, os convertidos haviam abandonado a idolatria. Apesar de terem liberdade de consumi-los, seria errado os cristãos gentios lançarem mão dela, pois poderiam tornar-se pedra de tropeço para os irmãos judeus mais fracos. Essa matéria foi aprofundada posteriormente por Paulo(Rm 14:13-16; 1Co 8:7-15; 10:23-33).

3. Da ingestão de sangue e de carne sufocada. A abstenção de sangue e da carne sufocada está na lei de Moisés(Lv 3:17; Dt 12:26,23-25).

Essa proibição faz parte da aliança de Deus com Noé após o dilúvio(Gn 9:4,5). Assim, é uma ordem que vigora para toda a raça humana, e não apenas para a nação de Israel. Uma vez que a aliança com Noé não foi ab-rogada, consideramos que suas prescrições continuam em vigor nos dias de hoje.

É bom ressaltar, à luz da Bíblia Sagrada, que a abstenção desses elementos não implica em proibir a transfusão de sangue, tão defendida pela seita “Os testemunhas de Jeová”. Primeiro, porque o sangue dessa passagem é de o animal, e não de o ser humano. Em segundo lugar, porque nenhum preceito bíblico é nocivo à vida. Essa crença “dos testemunhos de Jeová” é condenada por Jesus(cf Mt 12:3-7).

4. Das relações sexuais ilícitas. Tendo em vista este ser o pecado principal dos gentios, era essencial que fosse incluído entre as questões mencionadas. Nenhuma passagem da Bíblia revoga a ordem de abstenção das relações sexuais ilícitas. Trata-se de uma prescrição em vigor para todas as gerações.

5. Uma questão de consciência. A expressão “destas coisas fazeis bem se vos guardardes”(At 15:29) parece mais uma recomendação. Essas regras eram o mínimo que se pedia dos gentios, para não escandalizarem os judeus cristãos. Porém, mais por amor a eles, do que um meio de salvação. Com relação à salvação não haveria mais o que discutir: somos salvos “pela graça do Senhor Jesus Cristo”(At 15:11).

A Bíblia é claríssima ao mostrar que as obras da lei são incapazes de salvar o ser humano e que ele é justificado pela fé, sem as obras da lei (Rm 3:28). Na medida em que exigimos a observância da lei para a salvação do homem, estamos a dizer que o sacrifício de Jesus é insuficiente para que o homem seja salvo. Quem escolher a lei como requisito para a sua salvação, estará assinando a sua própria sentença de morte espiritual, pois “todos aqueles, pois, que são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque escrito está: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las.” (Gl 3:10). Por isso, o que a Bíblia nos ensina é que todo aquele que escolher a lei como veículo de salvação, estará irremediavelmente perdido, pois escolheu para si próprio a maldição.

CONCLUSÃO

As decisões da Igreja não devem ser tomadas pelo homem apenas; este deve buscar a direção do Espírito, mediante oração e jejum e a fidelidade à Palavra de Deus até que a vontade divina seja claramente discernida(cf At 13:2-4). A igreja, para ser realmente a igreja de Cristo, deve ouvir o que o Espírito Santo diz às igrejas locais(cf Ap 2:7). No Concílio de Jerusalém, os apóstolos (Pedro, Barnabé, Paulo e Tiago), os presbitérios e toda a igreja, sob a direção do Espírito Santo, chegaram a uma decisão unânime (At 15:22,28). Assim, a unidade do evangelho preservou a unidade da Igreja.

“O evangelho dos apóstolos de Cristo é o evangelho da livre graça de Deus, de seu amor imerecido pelos pecadores, na morte de seu Filho, em nosso lugar. Além disso, é o evangelho da graça suficiente de Deus. Ele não pode ser considerado como um complemento de nenhuma outra coisa (por exemplo, o judaísmo) ou como algo que precisa ser complementado por alguma outra coisa(por exemplo, a circuncisão). Para os judaizantes, a fé em Jesus não era suficiente; a circuncisão e as obras da lei tinham de ser acrescentadas. Hoje, as pessoas tentam acrescentar outro tipo de obras, talvez filantropia ou observâncias religiosas, ou alguma experiência ou cerimônia especial. Em cada caso é um evangelho de “Jesus mais…”, que deprecia o valor de sua obra. Precisamos repetir as palavras de Pedro: “Cremos que fomos salvos pela graça do Senhor Jesus, como também aqueles o foram”(Atos 15:11). Nós e eles, judeus e gentios, somos salvos da mesma forma, através do único evangelho apostólico da graça de Deus”(John Stott).

Concílios

Niceia I


20 de Maio a 25 de Julho de 325

Primeiro a reunir a Cristandade. Condena o Arianismo como heresia e exila Ário. Proclama a igualdade de natureza entre o Pai e o Filho. Redacção do Símbolo ou Credo que se recita na missa.


Constantinopla I

Maio a Julho de 381

Afirma a natureza divina do Espírito Santo. Estabelece que o bispo de Constantinopla receberá as honras logo após o de Roma.


Éfeso

22 de Junho a 17 de Julho de 431

Condena o Nestorianismo como heresia. Afirma a unidade pessoal de Cristo e de Maria.

A Igreja Assíria do Oriente não reconhece este concílio e nenhum dos posteriores.

Calcedónia

8 de Outubro a 1 de Novembro de 451

Condenação do monofisismo. Afirma a unidade das duas naturezas, completas e perfeitas em Jesus Cristo, humana e divina. É escrita a carta dogmática "Tomo a Flaviano" pelo Papa Leão I.

As Igrejas não calcedonianas não reconhecem este concílio e nenhum dos posteriores.

Constantinopla II

5 de Maio a 2 de Junho de 553

Condena os ensinamentos de Orígenes e outros. Condena os documentos nestorianos designados Os Três Capítulos.


Constantinopla III

7 de Novembro de 680 a 16 de Setembro de 681

Dogmatiza as duas naturezas do Cristo. Condena o monotelismo.


Niceia II

24 de Setembro a 23 de Outubro de 787

Regula a questão da veneração de imagens (ícones). Condena os iconoclastas.


Constantinopla IV

5 de Outubro de 869 a 28 de Fevereiro de 870

Condenação e deposição de Fócio, patriarca de Constantinopla. Encerra temporariamente o primeiro Cisma Ocidental.

Latrão I

18 de Março a 6 de Abril de 1123

Encerra a Questão das Investiduras. Independência da Igreja perante o poder temporal.

Latrão II

Abril de 1139

Torna obrigatório o celibato para o clero na Igreja Ocidental. Fim do cisma do Antipapa Anacleto II


Latrão III

Março de 1179

Normas para a eleição do Papa (maioria de 2/3) e da nomeação de bispos (idade mínima de 30 anos). Excomungam-se os barões que, na França, apoiavam os Cátaros.


Latrão IV

11 de Novembro a 30 de Novembro de 1215

Determina que todo o cristão, chegado ao uso da razão, é obrigado a receber a Confissão e a Eucaristia na Páscoa. Condenação dos Albigenses, Maniqueístas e Valdenses. Definição de transubstanciação.


Lião I

28 de Junho a 17 de Julho de 1245

Deposição do Frederico II.


Lião II

7 de Maio a 17 de Julho de 1274

Tentativa de reconciliação com a Igreja Ortodoxa. Regulamentação do conclave para a eleição papal. Cruzada para libertar Jerusalém. Institui o conceito de Purgatório.


Vienne

16 de Outubro de 1311 a 6 de Maio de 1312

Supressão dos Templários. Discute-se a questão dos bordéis de Roma e a nomeação de um arcebispo em Pequim, na China.


Constança

5 de Outubro de 1414 a 22 de Abril de 1418

Extingue o Grande Cisma do Ocidente. Condenação de John Wycliffe e de Jan Hus. Decreta a supremacia do concílio sobre o Papa (posteriormente ab-rogado). Eleição do Papa Martinho V


Basileia-Ferrara-Florença

1431-1432

Sanciona o cânon católico (relação oficial dos livros da Bíblia), tenta nova união com as Igrejas orientais ortodoxas. Reconhecimento no romano pontífice de poderes sobre a Igreja Universal. Ratifica a figura do Purgatório.


Latrão V

10 de Maio de 1512 a 16 de Março de 1517

Condenação do concílio cismático de Pisa (1409-1411) e do conciliarismo. Reforma da Igreja.


Trento

13 de Dezembro de 1545 a 4 de Dezembro de 1563

Reforma geral da Igreja, sobretudo por causa do protestantismo. Confirmação da doutrina acerca dos sete sacramentos e dos dogmas eucarísticos. Decreta a versão da Vulgata como autêntica.


Vaticano I

8 de Dezembro de 1869 a 18 de Julho de 1870

Reforça a ortodoxia estabelecida no Concílio de Trento. Condena o Racionalismo, o Naturalismo e o Modernismo. Dogmas sobre o Primado do Papa e da infalibilidade papal na definição expressa de doutrinas de fé e de costumes.

Vaticano II

11 de Outubro de 1962 a 8 de Dezembro de 1965

Abertura ao mundo moderno. Reforma da Liturgia. Constituição e pastoral da Igreja, Revelação divina, liberdade religiosa, novo ecumenismo (visto que o modo tradicional de ecumenismo é bem diferente, como mostra a Encíclica Mortalium Animos, de Pio XI), apostolado dos leigos. Este Concílio gera muitas polêmicas, inclusive por não ser um Concílio dogmático. Os ditos tradicionalistas dizem que o Concílio Vaticano II rompe de modo herético com a tradição bimilenar da Igreja: a Missa Tridentina e o Canto Gregoriano perdem importância; o modo como todos os sete sacramentos são celebrados sofreu também mudanças.

04/03/2011

LIÇÃO 10 - O EVANGELHO PROPAGA-SE ENTRE OS GENTIOS


Embora as Escrituras afirmem que a salvação vem dos judeus (Jo 4.22); não significa dizer que o desejo de Deus era salvar apenas os judeus, pois, conforme a promessa feita a Abraão, nele seriam benditas todas as famílias da terra (Gn 12.3). As Escrituras nos deixam claro que a Igreja de Cristo é composta de judeus e gentios. Tanto os crentes judeus quanto os crentes gentios fazem parte do mesmo Corpo, e tem como Salvador o mesmo Senhor: “…Há um só Deus, e Pai de todos (judeus e gentios), o qual é sobre todos, por todos e em todos… Há um só Corpo e um só Espírito”. ( Ef 4:4-6).


I - A ORIGEM DOS GENTIOS NO ANTIGO TESTAMENTO


A palavra “gentio” vem do hebraico gôyim, do grego ethnê ou hellênes e do latim gentiles - nome que designava todas as nações, exceto a judaica (Is. 49:6; Rm 2:14; 3:29). “Todo aquele nascido fora da comunidade de Israel, e estranho às alianças que o Senhor Deus estabeleceu com o seu povo era considerado um gentio”. A partir da eleição de Abraão e sua descendência (Gn. 12.1-3), às demais nações passaram a chamar-se gôyim, ou seja, gentios (Gn.15.18-21). Israel se tornou consciente de ser uma nação sem paralelo e distinta das demais por haver sido separada por Deus (Êx. 19.6; Dt 26.5). Daí por diante essa dedicação dominou todas as suas relações com as demais nações (Êx. 34.10; Lv. 18.24-25; Dt. 15.6).


II - A MISSÃO E A SALVAÇÃO ENTRE OS GENTIOS NO NOVO TESTAMENTO


2.1- Jesus ordenou que se pregasse o Evangelho a toda criatura. Em Marcos 16:15, Jesus dá uma nova ordem de evangelização: “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho A TODA criatura.” Mateus 10:5 “Não ireis pelo caminho dos gentios, nem entrareis em cidade de samaritanos; ANTES, dirijam-se as ovelhas perdidas de Israel.” No texto em apreço Jesus deixa claro que era ANTES e não JAMAIS. Embora Jesus tenha pregado as boas novas primeiramente para os judeus, a mensagem não era tencionada APENAS para Israel.


2.2 - Os discípulos tiveram dificuldades para entender este “Ide” de Jesus. A maioria entendia que o Cristo veio APENAS para os judeus. Podemos citar Felipe, o diácono, conforme registrado em Atos 8:5, que foi pregar aos samaritanos. Os outros pregavam a Palavra APENAS aos judeus, ou convenciam as pessoas a converterem-se ao judaísmo, para depois tornarem-se seguidores de Cristo.


2.3 - Deus não faz acepção de pessoas. Em At. 17.25-28 podemos observar que o Senhor é o criador de tudo quanto existe e não faz acepção de pessoas, e a todos preserva pela sua infinita graça, amor, bondade e justiça (At 10.34-35). Ele ama a TODOS indistintamente e deseja a salvação de TODA a humanidade (Jo. 3.16) através de Jesus (Mt.1.21; At.4.12), pois no Filho Amado de Deus, TODOS somos aceitos sem qualquer distinção!


2.4 - O NT revela o amor de Deus não só pelos judeus, mas, por todos os povos indistintamente. O NT nos declara que Deus amou o mundo inteiro, e não apenas os judeus (Jo.3.16). A salvação veio PELOS judeus, mas, não se restringe a eles, mas sim, ATRAVÉS deles deve alcançar aos gentios. Os gentios são vistos como a grande seara a ser alcançada pelos apóstolos (Mt. 28.18-20). Jesus agraciou alguns gentios como a mulher Cananeia (Mt. 15.21-28) e o centurião (Lc. 7.1-10) demonstrando assim seu amor por eles. Paulo entendeu que os gentios, assim como os judeus, precisavam de salvação. Em Rm 1: 14-15, o apóstolo anunciou: “Sou devedor tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes; por isso, quanto está em mim, estou pronto a anunciar o evangelho também a vós outros, em Roma”.


III - PEDRO, O APÓSTOLO DOS JUDEUS PREGA AOS GENTIOS - AT. 10.1-48


3.1 - Três vezes Pedro é reprovado com as palavras: “Não faças tu comum ao que Deus purificou” (At 10.15,16). Esta correção divina enfatiza a graça salvadora de Deus, que se manifestou, trazendo salvação a todos os homens (Tt 2.11). A visão envolve mais que pôr de lado as leis sobre comida e atitudes relacionadas a pureza ritual. Mostra que a distinção judaica entre o puro e o impuro não tem lugar na igreja. Os gentios, purificados pela graça renovadora de Deus, tem de ser incluídos na comunhão do povo de Deus.


3.2 - Abolir as leis dietéticas é o lembrete de Deus da remoção de uma grande barreira que mantinha judeus e gentios separados, e indica que Deus introduziu uma nova ordem na igreja (Ef. 2.11-18). Pedro percebe que foi divinamente chamado para entrar na casa de um gentio a fim de pregar a Palavra do Senhor. Pedro, ao fazer isso, abriu o caminho para a igreja judia receber os gentios na comunhão da comunidade primitiva.


3.3 - A presença de Pedro na casa do gentio Cornélio, reflete um afastamento radical em sua atitude para com os gentios. O Espírito Santo preparou Pedro para pregar o evangelho para os gentios. Em consequência, as velhas barreiras entre judeus e gentios foram se desmoronando.


IV - OS JUDEUS E OS GENTIOS FORMAM A IGREJA PRIMITIVA


O N.T., através dos Evangelhos e dos Atos dos Apóstolos, realça o amor de Deus não somente por Israel, mas por todos os povos. Pedro afirmou: “Deus visitou os gentios, para tomar deles um povo para o seu nome” (At. 15.14). Esse povo é a igreja formada por judeus e gentios em Cristo Jesus (Rm. 9.24-33). De ambos Ele fez um só povo, derribando a barreira de separação que estava no meio, e pela cruz do calvário, Cristo reconciliou ambos com Deus em um só corpo (Ef.2.14-16). Agora os gentios não são mais estranhos a salvação (Ef. 3.4-5) e nem forasteiros, mas agora, estão conciliados como família de Deus (Ef. 2.11-22; 1Pe. 2.5), co-herdeiros e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho (Ef. 3.6).


V - MEDIANTE A CRUZ, JUDEUS E GENTIOS FORMAM UM POVO: A IGREJA


O Senhor passou a possuir um terceiro tipo de povo na face da terra: A Igreja (I Co 10.32), que é formada por gentios e judeus, os quais se converteram, crendo em Jesus Cristo e o tendo como seu Senhor e Salvador. Deus não faz acepção de pessoas (At 10.34; Rm 2.11) O Seu desejo é que TODOS sejam salvos, tanto judeus quanto gentios: “E vós, senhores, de igual modo procedei para com eles, deixando as ameaças, sabendo que o Senhor, tanto deles como vosso, está nos céus e que para com ele não há acepção de pessoas” (Ef. 6.9). Ao considerarmos este trecho, veremos a unidade que existe entre os judeus e os gentios no Corpo de Cristo.


• Pedro ensina que a salvação é para todos. Deus não julga as pessoas com base em fatores como nacionalidade ou raça, mas em caráter: “É agradável a Deus aquele que, em qualquer nação, o teme e faz o que é justo” (At 10.35). Pedro ensina que a salvação só é possível pela fé no evangelho de Jesus Cristo. Esse evangelho é oferecido a todos sem restrições, contanto que eles estejam dispostos a se arrependerem de seus pecados e confessarem a Cristo como salvador (Mt 28.19,20; Mc 16.15,16; Rm 10.13-17).


• Pedro pregou para os gentios (At 10). “Ora, Deus que conhece os corações, lhes deu testemunho, concedendo o Espírito Santo a eles, como também a nós nos concedera.” (At 15.8). Os mesmos milagres que aconteceram no Pentecostes, se repetiram na casa de Cornélio, para que Pedro não duvidasse que a promessa da salvação também estava destinada aos gentios, pois eles também receberam o Espírito Santo, do mesmo modo que os judeus haviam recebido em Jerusalém (At 10.45-48).


• A decisão da igreja em aceitar os gentios (At.15): Em (At 15.14-17), a Palavra de Deus nos diz: “Simão relatou como primeiramente Deus visitou os gentios, para tomar deles um povo para o seu nome… Para que o restante dos homens busque ao Senhor, E todos os gentios, sobre os quais o meu nome é invocado, Diz o Senhor, que faz todas estas coisas…” . E, em (At. 11.18), o apóstolo Pedro diz: “… Na verdade até aos gentios deu Deus o arrependimento para a vida”.


CONCLUSÃO


Podemos afirmar, então, que todos os que crêem em Jesus, quer judeus, quer gentios, terão os pecados perdoados. O batismo com o Espírito Santo na conversão dos gentios indica que os gentios são tão aceitáveis a Deus como os crentes judeus. Cornélio e sua casa “receberam” o Espírito Santo assim como no dia de Pentecostes indicando claramente a concomitante resposta das orações. A visão em Jope convenceu o apóstolo Pedro de que Deus não faz acepção de pessoas! Deus não faz diferença entre crentes judeus e gentios. Todos são iguais pela fé em Cristo. Amém!