Introdução
Neste trimestre, estudaremos a Epístola de Paulo aos Romanos. Para Champlin, nenhuma
pessoa tem exercido tanta influência como intérprete do Senhor Jesus Cristo e
da fé Cristã como o apóstolo Paulo e esta carta é um dos escritos
com maior profundidade teológica e doutrinária e, ao mesmo tempo, com maior
cuidado pastoral do Apóstolo. De maneira ímpar, Paulo expõe a Justificação pela
fé, mediante a Graça de Deus. João Calvino a considerava como parte Central e
principal da Bíblia.
Escrita por Paulo à
igreja localizada em Roma, com auxílio de Tércio, seu amanuense (Rm 16.22), por
volta de 56, 57 d.C., quando o apóstolo estava em Corinto. Schreiner lista três possibilidades quanto à liberdade
dada por Paulo ao escriba: (1) Paulo listou os temas, enquanto Tércio escreveu
mais livremente, sobre a instrução de Paulo. Assim, aspectos gerais da carta
seriam atribuídos a Paulo, enquanto características específicas seriam
atribuídas a Tércio; (2) Tércio escreveu rápida e abreviadamente as palavras de
Paulo e depois as redigiu por completo e de uma forma mais usual; (3) Paulo
ditou cada palavra e Tércio as escreveu exatamente como as ouviu.
O texto desta
surpreendente epístola nos apresenta, de forma progressiva, a compreensão que
seu autor tem da expressão de Habacuque 2:4: “O justo viverá pela sua fé”.
Apresentando de outra forma esta expressão-chave, redigi-la-íamos, de forma
livre, assim: “aquele que pela fé é justificado, terá vida eterna”. A Bíblia na
Linguagem de Hoje fornece a seguinte tradução: “Viverá aquele que, por meio da
fé, é aceito por Deus”.
A carta de Paulo aos
Romanos, como um todo, pode ser dividida nas duas partes: uma parte doutrinária
(capítulos 1 a 11) e outra prática (capítulos 12 a 16). Dentro da parte
doutrinária, Paulo desenvolve de forma soberba seu tema introdutório, deixando
para a parte prática recomendações de santidade. Essa primeira parte, divide-a
ele em dois segmentos. O primeiro, trata da iniciativa de Deus em relação à
redenção humana (“aquele que pela fé é justificado)”, onde desenvolve os temas
da justiça de Deus em condenar o pecador, da indesculpabilidade humana, da
justificação do pecador e da aceitabilidade do homem diante de Deus, através da
fé. O segundo segmento, (“viverá”), fala da vida prometida aos justificados por
Deus, incluindo aí as expectativas de Deus quanto à resposta humana à sua
iniciativa de amor.
1) Algumas considerações de líderes no decorrer da história da Igreja:
“Não li mais nada, e não precisei de coisa alguma. Instantaneamente, ao
terminar a sentença (Rm 13.13,14), uma clara luz inundou meu coração e todas as
trevas da dúvida se desvaneceram.” Agostinho em 386
(Confissões VIII.29)
“Ansiava muito por compreender a Carta de Paulo aos Romanos,
e nada me impedi o caminho, senão a expressão: a justiça de Deus”. (Luther’s
Work, edição Weimar, vol 54)
“Esta carta fornece o sumário da doutrina Cristã.” Philip
Melanchthon
Ao ler o prefácio do comentário que Lutero fez de Romanos,
John Wesley afirmou: “Senti meu coração aquecer-se estranhamente. Senti que
confiava em Cristo, somente em Cristo, para a minha salvação. Foi-me dada a
certeza de que Ele tinha levado embora os meus pecados, sim, os meus. E me
salvou da lei do pecado e da morte.”
“Ouvir a leitura, conforme faço continuamente, das
epístolas do bem-aventurado Paulo...deleito-me no aprendizado de sua trombeta
espiritual, e o meu coração salta de alegria, e os meus anseios começam a
vibrar, ao reconhecer aquela voz que me é tão clara, que me parece estar diante
de mim, a imagem do orador, vendo-o discursar.” Crisóstomo, no preâmbulo de
suas homilias sobre a epístola aos Romanos.
2) Principais temas em Romanos
A justificação de Deus (Rm 1.17; 3.3; 4.25)
A bondade de Deus (Rm 2.4; 5.8; 8.31-39; 9.15; 10.21;
11.22, 35; 15.3,5
A Soberania de Deus (9.11)
A Graça de Deus (3.24-25; 6.1
A Lei de Deus (7.22; 8.1-17)
3) Lutero e a Epístola aos Romanos
Impossível negar que a experiência de Paulo não era parecida a de Lutero. Paulo
julgava que estava certo em busca da sua vida impecável diante dos preceitos
que ali rodeavam “quando ao zelo perseguia a igreja, quanto à justiça que há na
lei, eu era irrepreensível”. Mais diante deixou claro que não foi convertido
mediante este cumprimento fervoroso mas “a ser achado nele, não tendo por minha
justiça que procede da lei, mas sim a que procede da fé em Cristo, a saber, a
justiça que vem de Deus pela fé”. E Lutero se achava impecável em
seus esforços de cumprir na íntegra toda exigência monástica, contudo
consciente de que diante de Deus nada era. A genuína conversão de Lutero se deu
quando começou ensinar disciplinas relacionadas às Escrituras. Em 1515 iniciou
a lecionar sobre carta de Paulo aos Romanos, onde a sua alma foi consumida
pelas palavras de Paulo.
Lutero podia explicar como se achava diante dos homens “Minha situação
era que, apesar de ser um monge impecável, eu me punha diante de Deus como um
pecador perturbado por minha consciência e não tinha confiança de que meus
méritos poderiam satisfazê-lo”. Entretanto, consciente da limitação dos méritos
humanos perante o Todo Criador, lhe fez voltar meditar na Bíblia,
particularmente na Epístola aos Romanos, com vista de conseguir uma resposta
sólida na qual pudesse acalmar duma vez para toda a sua alma:
“Noite e dia eu ponderava, até
que via conexão entre a justiça de Deus e a afirmação de que ‘o justo viverá
pela sua fé’. Então, entendi que a justiça de Deus é a retidão pela qual a
graça e a absoluta misericórdia de Deus nos justificam pela fé. Em razão desta
descoberta, senti que renascera e entrara pelas portas abertas do paraíso. Toda
Escritura passou a ter um novo significado [...] esta passagem de Paulo tornou-se
para mim, o portão para o Céu.” Lutero
Quando Lutero descobriu a justiça de Deus em Rm 1.17 “o justo viverá pela sua fé”, foi ali que o monge lançou de fora todas as suas vestiduras das obras meritórias e rendendo assim a graça salvadora mediante a fé somente em Jesus Cristo.
4) Orientação Pedagógica
Aprendizado conjunto
Paulo Freire criticava a ideia
de que ensinar é transmitir saber porque para ele a missão do professor era
possibilitar a criação ou a produção de conhecimentos. Mas ele não comungava da
concepção de que o aluno precisa apenas de que lhe sejam facilitadas as
condições para o auto-aprendizado. Freire previa para o professor um papel
diretivo e informativo – portanto, ele não pode renunciar a exercer autoridade.
Segundo o pensador pernambucano, o profissional de educação deve levar os
alunos a conhecer conteúdos, mas não como verdade absoluta. Freire dizia que
ninguém ensina nada a ninguém, mas as pessoas também não aprendem sozinhas.
"Os homens se educam entre si mediados pelo mundo", escreveu. Isso
implica um princípio fundamental para Freire: o de que o aluno, alfabetizado ou
não, chega à escola levando uma cultura que não é melhor nem pior do que a do
professor. Em sala de aula, os dois lados aprenderão juntos, um com o outro – e
para isso é necessário que as relações sejam afetivas e democráticas, garantindo
a todos a possibilidade de se expressar. "Uma das grandes inovações da
pedagogia freireana é considerar que o sujeito da criação cultural não é
individual, mas coletivo", diz José Eustáquio Romão, diretor do Instituto
Paulo Freire, em São Paulo.
Conclusão
“Esta
Epístola é realmente a parte principal do Novo Testamento e o mais puro
Evangelho, sendo digna não apenas que todo cristão a conheça, de coração,
palavra por palavra, mas que se ocupem diariamente com ela, como o puro pão
diário da alma. Seu conteúdo jamais pode ser esgotado, e quanto mais nos
dedicamos ao seu estudo, mais preciosa se torna, e mais saborosa fica.”
Lutero
Bibliografia
Comentário Bíblico Beacon. CPAD
Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. R.N. Champlin. Hagnos
Graça. Max
Lucado. Thomas Nelson Brasil
Justiça e Graça. Natalino das Neves. CPAD
Maravilhosa Graça. José Gonçalves. CPAD
Verdadeiro
Evangelho. Paul Washer. Fiel
Pr. Manoel Flausino
Diretor de Ensino e Superintendente de Escola Dominica, escritor, formado em Teologia, Pedagogia e especialista em Psicopedagogia e Gestão de Pessoas, dirigente da Congregação Fonte das Águas MDV.
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