31/05/2011

Rua Azuza

Templo Rua Azuza
 O reavivamento da Rua Azuza foi uma reunião de avivamento pentecostal que se deu em Los Angeles, Califórnia, liderada por William Joseph Seymour, um pregador afro-americano. Teve início com uma reunião em 14 de Abril de 1906 em um prédio que fora da Igreja Metodista Episcopal Africana e continuou até meados de 1915. O avivamento foi caracterizado por experiências de extase espiritual acompanhadas porfalar em línguas estranhas, cultos de adoração extravagante, e mistura interracial. Os participantes foram criticados pela mídia secular e teólogos cristãos por considerarem o comportamento escandaloso e pouco ortodoxo, especialmente para a época. Hoje, o avivamento é considerado pelos historiadores como principal catalisador para a propagação do pentecostalismo no século XX.
Templo Rua Azuza (hoje)

Assembléia de Deus: 100 anos de Pentecostes

I – INTRODUÇÃO:
No dia 19 do mês de novembro de 2010, completaram-se 100 anos que os pioneiros suecos Adolf Gunnar Vingren e Daniel Högberg, mais conhecidos como Gunnar Vingren e Daniel Berg, aportaram em solo brasileiro para dar início ao maior Movimento Pentecostal do mundo - as Assembleias de Deus no Brasil.
Berg e Vingren se conheceram poucos anos antes, quando estavam nos Estados Unidos - Berg, dedicando-se apenas ao trabalho secular e Vingren, como pastor ordenado pela Igreja Batista Sueca nos EUA. Ambos já haviam sido inflamados pelas chamas do Movimento Pentecostal norte-americano quando compartilharam entre si suas experiências e, juntos, em oração, receberam o chamado para o nosso país.



II - GUNNAR VINGREN:

Gunnar Vingren nasceu em Ostra Husby, Ostergotland, Suécia, a 8 de agosto de 1879. Era filho de pais batistas, que lhe ensinaram desde cedo a trilhar nos caminhos santos. Ainda muito pequeno, seus pais o levavam à Escola Dominical, onde seu pai era dirigente.

Em 1897, aos 18 anos, foi batizado nas águas na Igreja Batista em Wraka, Smaland, Suécia. Nessa época, assumiu a direção da Escola Dominical de sua igreja, substituindo seu pai. Em 14 de julho daquele ano, um artigo de uma revista, que falava sobre os sofrimentos de tribos nativas no exterior, o levou às lagrimas e a uma decisão que mudaria o rumo de sua vida.

- “Subi para o meu quarto e ali prometi a Deus pertencer-lhe e pôr-me à sua disposição, para honra e glória de seu nome. Orei também insistentemente para que Ele me ajudasse a cumprir esta promessa” - relatou o homem de Deus.

Em outubro de 1898, deixou a direção da Escola Dominical e foi participar de uma Escola Bíblica em Götabro, Närke.

- “Nunca mais na minha vida recebi uma instrução bíblica tão profunda como aquela. Pastor Kihlstedt nos quebrantava completamente com a Palavra de Deus. Ele nos tirava tudo, tudo, até que ficássemos inteiramente aniquilados como pó diante dos pés do Senhor. Depois vinha o irmão Emílio Gustavsson com o óleo de Gileade, e sarava as feridas da alma, alimentando nossos corações famintos com o melhor trigo dos celeiros de Deus. Oh, que tempo aquele! Fez-me bem pelo resto de toda a minha vida” - contou Vingren em suas memórias.

Aquela Escola Bíblica durou um mês e fazia parte de uma Federação Evangélica que tinha o objetivo de ganhar almas para Cristo. Depois dela, Vingren foi enviado com o evangelista Soderlund à província de Skane, seu primeiro campo de trabalho. Em seguida, evangelizou nas províncias de Västergötland e Tidaholm, onde adoeceu de papeira e foi curado instantaneamente após a oração de um grupo de irmãos. De lá, evangelizou em Rönneholm e retornou a Skane.

Após o serviço militar, foi atraído pela “Febre dos Estados Unidos”. Em 30 de outubro de 1903, embarcou na cidade de Gotemburgo num vapor que o levou à cidade de Hull, na Inglaterra. Dali, foi de trem para Liverpool, onde pegou outro vapor, com destino a Boston, Massachusets (EUA). Chegando lá, tomou um trem até Kansas City, onde morava seu tio Carl. Depois de uma semana, começou a trabalhar como foguista em Greenhouse até o verão. Foi porteiro de uma grande casa comercial na região e jardineiro, profissão que aprendera com seu pai. Em fevereiro de 1904, conseguiu um emprego no Jardim Botânico de Saint Louis. Aos domingos, Vingren assistia os cultos de uma igreja sueca estabelecida naquela cidade.

Em setembro de 1904, iniciou um curso de quatro anos no Seminário Teológico Batista Sueco, em Chicago. Durante o tempo em que morou em Kansas, pertencera à Igreja Batista sueca, onde fora exortado a voltar a estudar. Durante o curso, foi convidado a pregar em várias igrejas. Pelo Seminário, estagiou sete meses na Primeira Igreja Batista em Chicago, Michigan. Depois, estagiou nas Igrejas Batistas em Sycamore, Illinois; Blue Island, também em Illinois; e, por fim, em Mountain, Michigan.
Concluiu seus estudos e foi diplomado em maio de 1909. Nesse período, entregou uma solicitação para ser enviado como missionário. Enquanto a resposta não chegava, foi convidado para assumir o pastorado da Igreja Batista em Menominee, Michigan. Em junho daquele ano, assumiu a direção da igreja.
Nesse período, participou da Convenção Geral Batista dos Estados Unidos, onde foi decidido que seria enviado missionário para Assam, na índia, juntamente com sua noiva. A Convenção Batista do Norte o sustentaria. No início, Vingren convenceu-se de que esta era a vontade de Deus, mas, durante a Convenção, Deus mostrou-lhe o contrário. Voltando à sua igreja, enfrentou uma grande luta por causa de sua decisão. Finalmente, resolveu não aceitar a designação e comunicou sua decisão à Convenção por escrito. Por esse motivo, a moça com quem se enamorara rompeu o noivado. Ao receber a carta dela, respondeu:
- “Seja feita a vontade do Senhor”.
Por esse tempo, despontava um grande avivamento nos Estados Unidos, que culminou no atual Movimento Pentecostal que se espalhou pelo mundo no século 20. Nessa época, uma irmã que tinha o dom de interpretar línguas foi usada por Deus para dizer-lhe que seria enviado ao campo missionário, mas “somente depois de revestido de poder”.
No verão de 1909, Deus encheu o coração de Vingren com o desejo de receber o batismo no Espírito Santo. Em novembro daquele ano, ele pediu permissão à sua igreja para visitar a Primeira Igreja Batista Sueca, em Chicago, onde se realizava uma série de conferências. O seu objetivo era buscar o batismo no Espírito Santo. Após cinco dias de busca incessante, foi revestido de poder, falando em outras línguas como os discípulos no Dia de Pentecostes.
Foi nessas conferências que conheceu Daniel Berg, que se tornaria mais à frente seu grande amigo.
III – DANIEL BERG:
Daniel Högberg, conhecido no Brasil como Daniel Berg, nasceu a 19 de abril de 1884, na pequena cidade de Vargon, na Suécia, às margens do lago de Vernern. Quando o Evangelho começou a entrar nos lares de Vargon, seus pais, Gustav Verner Högberg e Fredrika Högberg, o receberam e ingressaram na Igreja Batista. Logo procuraram educar o filho segundo os princípios cristãos. Em 1899, Daniel converteu-se e foi batizado nas águas.
Em 1902, aos 18 anos, pouco antes do início da primavera nórdica, deixou seu país. Embarcou a 5 de março de 1902, no porto báltico de Gothemburgo, no navio M. S. Romeu, com destino aos Estados Unidos.
- “Como tantos outros haviam feito antes de mim”, frisava. O motivo foi a grande depressão financeira que dominara a Suécia naquele ano.

Em 25 de março de 1902, Daniel desembarcou em Boston. No Novo Mundo, sonhava, como tantos outros de sua época, em realizar-se profissionalmente. Mas Deus tinha um plano diferente e especial para sua vida.
De Boston, viajou para Providence, Rhode Island, para se encontrar com amigos suecos, que lhe conseguiram um emprego numa fazenda. Permaneceu nos Estados Unidos por sete anos, onde se especializou como fundidor. Com saudades do lar, retornou à cidade natal, onde o tempo parecia parado. Nada havia se modificado. Só seu melhor amigo, companheiro de infância, não morava mais ali.
- “Vive em uma cidade próxima, onde prega o Evangelho”, explicou sua mãe.

Logo chegou a seu conhecimento que seu amigo recebera o batismo no Espírito Santo, coisa nova para sua família. A mãe do amigo insistiu para que Daniel o visitasse. Aceitou o convite. No caminho, estudou as passagens bíblicas onde se baseava a “nova doutrina”. Chegando à igreja do amigo, encontrou-o pregando. Sentou e prestou atenção na mensagem. Após o culto, conversaram longamente sobre a “nova doutrina”. Daniel demonstrou ser favorável. Em seguida, despediu-se e partiu, pois sua intenção não era permanecer na Suécia, mas retornar à América do Norte.

Em 1909, após despedir-se dos pais, em meio à viagem de retorno aos Estados Unidos, Daniel orou com insistência a Deus, pedindo o batismo no Espírito Santo. Como não estava preocupado como da primeira vez, posto que já conhecia os EUA, canalizou toda a sua atenção à busca da bênção. Ainda no navio, ao aproximar-se das plagas norte-americanas, sua oração foi respondida.
A partir de então, sua vida mudou. Daniel passou a evangelizar como nunca e a contar seu testemunho a todos.

IV - O ENCONTRO ENTRE BERG E VINGREN
Foi então que, por ocasião das já mencionadas conferências em Chicago, Daniel encontrou-se com o pastor batista Gunnar Vingren, que também fora batizado no Espírito Santo. Os dois conversaram horas sobre as convicções que tinham. Uma delas é que tanto um como o outro acreditavam que tinham uma chamada missionária. Quanto mais dialogavam, mais suas chamadas eram fortalecidas.
Ao voltar à sua igreja em Menominee após as conferências em Chicago, Vingren começou a pregar a verdade de que “Jesus batiza no Espírito Santo e com fogo”. Em fevereiro de 1910, Vingren foi intimado a se afastar da igreja, que ficou dividida: metade cria na promessa e a outra a rejeitava. Os que rejeitaram obrigaram-no a deixar o pastorado.
No entanto, Vingren recebeu o apoio da Igreja Batista em South Bend, Indiana. Todos ali o receberam e creram na verdade. Na primeira semana, Jesus batizou dez pessoas no Espírito Santo. Naquele verão, quase vinte pessoas receberam a promessa. Assim, Deus transformou a Igreja Batista de South Bend em uma igreja pentecostal. Vingren pastoreou-a até 12 de outubro de 1910, quando começou a preparar-se para a viagem ao Brasil.
Quando Vingren voltou a South Bend, Berg estava trabalhando em uma quitanda em Chicago quando o Espírito Santo mandou que se mudasse para South Bend. Berg abandonou seu emprego e foi até lá onde encontrou Vingren pastoreando aquela Igreja Batista.
- “Irmão Gunnar, Jesus ordenou-me que eu viesse me encontrar com o irmão para juntos louvarmos o seu nome”, disse Berg.
- “Está bem!”, respondeu Vingren com singeleza.
Passaram, então, a encontrarem-se diariamente para estudar as Escrituras e orar juntos, esperando uma orientação de Deus.
V - O CHAMADO E A CHEGADA AO BRASIL:
Foi em South Bend que Vingren e Berg foram revelados pelo Espírito Santo, através da instrumentalidade do irmão Olof Uldin (que havia conhecido Vingren e Berg), sobre vários acontecimentos futuros a respeito dos dois. Entre outras coisas, Deus lhes dissera que deveriam ir para um lugar chamado Pará; que o povo desse lugar era de um nível social muito simples; que Gunnar deveria lhes ensinar os rudimentos da doutrina bíblica; que Berg e ele comeriam comidas simples, mas não lhes faltaria nada; e que Vingren casaria com uma moça chamada Strandberg (Anos depois, quando de retorno à Suécia após o início da obra no Brasil, Vingren conheceria a enfermeira Frida Strandberg, com quem se casaria).
Ao ouvirem pela primeira vez o nome do lugar para onde Deus os chamara, não sabendo onde era, foram até a biblioteca pública da cidade, onde descobriram que o Pará ficava no Norte do Brasil. Depois de orarem, Berg e Vingren aceitaram o destino.
Após a revelação divina dada ao irmão Olof Uldin de que o lugar para onde deveriam ir era o Pará, no Brasil, Daniel Berg, contra a vontade dos seus patrões, abandonou o emprego. Eles argumentaram: - “Aqui você pode pregar o Evangelho também, Daniel; não precisa sair de Chicago”.
Mas, ele estava convicto da chamada e não voltou atrás.
Ao se despedir, Berg recebeu de seu patrão uma bolacha e uma banana. Essa era uma tradição antiga nos Estados Unidos. Simbolizava o desejo de que jamais faltasse alimento para a pessoa que recebesse a oferta. Esse gesto tocou o coração de Berg, que em seguida partiu com Vingren para Nova Iorque, e de lá para o Brasil em um navio.
Deus proveu milagrosamente a quantia certa para a viagem.
Durante a viagem, ganharam um tripulante para Cristo. Quatorze dias após saírem de Nova Iorque, chegaram ao Pará. Era o dia 19 de novembro de 1910.
Em Belém, moraram no porão da Igreja Batista localizada na Rua Balby, n° 406. Depois, passaram um tempo na casa do irmão presbiteriano Adriano Nobre, em Boca do Ipixuna, às margens do Rio Tajapuru. Hospedaram-se no mesmo quarto onde morava o irmão Adrião Nobre, primo de Adriano. De volta a Belém, retornaram ao porão da igreja. Por esse tempo, já falavam um pouco de português. O primeiro professor deles fora o irmão Adriano.
As irmãs Celina Albuquerque e Maria de Nazaré creram na mensagem pentecostal e receberem o batismo no Espírito Santo. Criou-se, então, uma discussão na igreja, que culminou na expulsão de 19 membros, mais Vingren e Berg. Em 18 de junho de 1911, nascia a Missão de Fé Apostólica, que em 11 de janeiro de 1918 foi registrado oficialmente com um novo nome, Assembleia de Deus, nome este que a nova igreja já usava desde 1916. Era uma igreja sem vínculos estrangeiros, genuinamente brasileira, e que se tornaria a maior igreja pentecostal do mundo.


VI - DO NORTE PARA TODO O BRASIL
O TRABALHO EVANGELÍSTICO E A EXPANSÃO NACIONAL - Daniel Berg e Gunnar Vingren, juntamente com os primeiros membros da igreja, começaram a realizar cultos em outros locais em Belém e a evangelizar em lugares distantes dessa cidade, principalmente nas ilhas paraenses.
Logo, novos companheiros missionários foram chegando. Os primeiros foram Otto e Adina Nelson (1914), Samuel e Lina Nystróm(1916), Frida Vingren (1917) e Joel e Signe Carlson (1918). Também, a igreja começou a ordenar seus primeiros pastores: Isidoro Filho (1912); Absalão Piano (1913); Crispiniano de Melo; Pedro Trajano; Adriano Nobre; Clímaco Bueno Aza (1918); José Paulino Estumano de Morais (1919); Bruno Skolímowski (1921).
Membros das igrejas, missionários estrangeiros e pregadores nacionais, impelidos pelo ardor evangelístico pentecostal, começaram a visitar outros Estados, principalmente onde tinham parentes. Dessa maneira, apesar das muitas lutas e perseguições, aconteceram os primeiros passos para a fundação de igrejas em todas as regiões do país: Ceará (1914); Alagoas (1914); Paraíba (1914); Roraima (1915); Pernambuco (1916); Rio Grande do Norte (1911, 1918); Maranhão (1921); Espírito Santo (1922); Rondônia (1922); São Paulo (1923); Rio de Janeiro (1924); Rio Grande do Sul (1924); Bahia (1926); Piauí (1927); Minas Gerais (1927); Sergipe (1927); Paraná (1928); Santa Catarina (1920, 1931); Acre (1932); Goiás (1936); Mato Grosso (1936); Mato Grosso do Sul (1944) e Distrito Federal (1956).

OS MISSIONÁRIOS E O DESENVOLVIMENTO DOUTRINÁRIO NAS ASSEMLEIAS DE DEUS - Atuaram entre as Assembleias de Deus, missionários escandinavos (suecos, noruegueses e finlandeses) e norte-americanos. Nas primeiras cinco décadas das Assembleias de Deus, os missionários escandinavos tomaram iniciativas que contribuíram para o desenvolvimento doutrinário da igreja. Eles fundaram jornais (Boa Semente, O Som Alegre, Mensageiro da Paz), criaram as Lições Bíblicas para a Escola Dominical, editaram os primeiros hinários (Cantor Pentecostal e Harpa Cristã), publicaram livros e folhetos evangelísticos, promoveram as primeiras Escolas Bíblicas que duravam um mês, e fundaram a Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD), em 1940.
Em 1936, os primeiros missionários das Assembleias de Deus norte-americanas chegaram oficialmente ao Brasil. Eles passaram a atuar juntamente com a liderança sueca, principalmente no ensino bíblico e investiram na publicação de livros teológicos, no ensino teológico formal e no estabelecimento gráfico da CPAD.
Dentre os missionários pioneiros nessas áreas do desenvolvimento bíblico-doutrinário, estão: Gunnar Vingren, Frida Vingren, Samuel Nystróm, Nils Kastberg, Otto Nelson, Nels Nelson, Joel Carlson, Eurico Bergstén, Orlando Boyer, N. Lawrence Olson, John Peter Kolenda, João Kolenda e Ruth Doris Lemos, Thomas Reginald Hoover e Bernhard Johnson Jr.


A ASSEMBLEIA DE DEUS NOS DIAS ATUAIS - A igreja chegou ao seu primeiro centenário apresentando um crescimento vertiginoso e acelerado, consolidando-se como a maior expressão do pentecostalismo brasileiro. Numa estimativa feita em 2005, com bases em números do Censo Brasileiro, divulgada no jornal Mensageiro da Paz, as Assembleias de Deus teriam chegado a 20 milhões de fiéis espalhados por todo o país em 2010, e representariam 40% dos evangélicos brasileiros ao completar l00 anos de fundação. São mais de trinta mil pastores, mais de seis mil igrejas-sede, mais de dois mil missionários, milhares de obreiros e mais de 100 mil locais de cultos nos mais de cinco mil municípios brasileiros.


VII - CONSIDERAÇÕES FINAIS:

CREMOS:
1) Em um só Deus, eternamente subsistente em três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo (Dt 6.4; Mt 28.19 e Mc 12.29).
2) Na inspiração verbal da Bíblia Sagrada, única regra infalível de fé normativa para a vida e o caráter cristão (2 Tm 3.14-17).
3) Na concepção virginal de Jesus, em sua morte vicária e expiatória, em sua ressurreição corporal dentre os mortos e sua ascensão vitoriosa aos céus (Is 7.14; Rm 8.34 e At 1.9).
4) Na pecaminosidade do homem que o destituiu da glória de Deus, e que somente o arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora de Jesus Cristo é que pode restaurar a Deus (Rm 3.23 e At 3.19).
5) Na necessidade absoluta do novo nascimento pela fé em Cristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus, para tornar o homem digno do Reino dos Céus (Jo 3.3-8).
6) No perdão dos pecados, na salvação presente e perfeita e na eterna justificação da alma recebidos gratuitamente de Deus pela fé no sacrifício efetuado por Jesus Cristo em nosso favor (At 10.43; Rm 10.13; 3.24-26 e Hb 7.25; 5.9).
7) No batismo bíblico efetuado por imersão do corpo inteiro uma só vez em águas, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, conforme determinou o Senhor Jesus Cristo (Mt 28.19; Rm 6.1-6 e Cl 2.12).
Na necessidade e na possibilidade que temos de viver vida santa mediante a obra expiatória e redentora de Jesus no Calvário, através do poder regenerador, inspirador e santificador do Espírito Santo, que nos capacita a viver como fiéis testemunhas do poder de Cristo (Hb 9.14 e l Pe 1.15).

9) No batismo bíblico no Espírito Santo que nos é dado por Deus mediante a intercessão de Cristo, com a evidência inicial de falar em outras línguas, conforme a sua vontade (At 1.5; 2.4; 10.44-46; 19.1-7)

10) Na atualidade dos dons espirituais distribuídos pelo Espírito Santo à Igreja para sua edificação, conforme sua soberana vontade (I Co 12.1-12).
11) Na Segunda Vinda premilenial de Cristo, em duas fases distintas. Primeira — invisível ao mundo, para arrebatar a sua Igreja fiel da terra, antes da Grande Tribulação; segunda — visível e corporal, com sua Igreja glorificada, para reinar sobre o mundo durante mil anos (I Ts 4.16, 17; I Co 15.51-54; Ap 20.4; Zc l4.5 e Jd l4).
12) Que todos os cristãos comparecerão ante o Tribunal de Cristo, para receber a recompensa dos seus feitos em favor da causa de Cristo na terra (2 Co 5.10).
13) No juízo vindouro que recompensará os fiéis e condenará os infiéis (Ap 20.11-15).
14) E na vida eterna de gozo e felicidade para os fiéis e de tristeza e tormento para os infiéis (Mt 25:46)
Somos a continuidade do trabalho iniciado pelos pioneiros Gunnar Vingren e Daniel Berg. O Centenário não deve ser apenas um fato para comemorarmos, mas para despertar-nos a continuar pregando a mensagem que deu início à nossa caminhada em território nacional: Jesus salva, cura, batiza com o Espírito Santo e em breve voltará!



Fontes de consulta:
Jornal Mensageiro da Paz – Ano 80 – Número 1506 – Novembro de 2010
Lições Bíblicas CPAD – 2º Trimestre de 2011 – Comentarista da Lição nº 10 – Isael de Araújo
Publicado no blog Escola Biblica Dominical para Todos

27/05/2011

LIÇÃO 9 - A Pureza do Movimento Pentecostal

INTRODUÇÃO

O verdadeiro Movimento Pentecostal está fundamentado sobre duas colunas vitais: A Palavra (a Bíblia Sagrada) e o Poder de Deus, pela ação do Espírito Santo. Assim era a Igreja primitiva. A história do Movimento Pentecostal é, até os dias de hoje, a história da busca do revestimento de poder e dos dons espirituais por parte daqueles que, crendo na Palavra de Deus, dão atenção aos ensinos e relatos bíblicos relativos à igreja primitiva. O Espírito Santo tem sido derramado sobre aqueles que, em vez de se iniciarem em controvérsias teológico-filosóficas a respeito da operação do Espírito de Deus, têm prestado atenção ao texto bíblico e têm seguido os mesmos passos dos discípulos da igreja primitiva, orando e buscando o dom do Espírito Santo. Onde tem havido busca do revestimento do poder e dos dons espirituais, o Senhor tem cumprido a Sua Palavra e batizado crentes com o Espírito Santo e concedido dons espirituais.
I. A ORIGEM DO PENTECOSTES CRISTÃO

1. O ponto de partida. O poderoso derramamento do Espírito Santo, no dia de Pentecostes, inaugura o movimento pentecostal (At 2:1-47). Como nos explica a própria Bíblia, a lei, com todas as suas cerimônias, ritos e prescrições, tinha uma finalidade educativa - pedagógica, pois servia de “sombra” das coisas que estavam para vir (Cl 2:16,17; Hb 10:1), tudo tendo sido escrito para nosso ensino (Rm 15:4). Assim, a festa judaica de Pentecostes é uma figura, um símbolo, um tipo do derramamento do Espírito Santo e, por isso mesmo, este derramamento se iniciou num dia de Pentecostes, para que, através do que está escrito sobre esta festa judaica, entendêssemos o significado desta operação espiritual, que é fundamental para a nossa vida cristã.

Não é coincidência que o derramamento do Espírito Santo tenha se iniciado no dia de Pentecostes. Em primeiro lugar é importante salientar que estamos diante do “ano aceitável do Senhor” (Lc 4:19), ou seja, o tempo em que haveria a pregação do evangelho. Este ano se iniciou com a morte de Jesus Cristo no Calvário, que nos abriu um novo e vivo caminho para o Pai (Hb 10:20), episódio que, por inaugurar este ano do Senhor, nada mais é que a Páscoa (1Co 5:7). Tanto assim é que, no dia seguinte ao sábado da páscoa, era oferecido um molho das primícias da colheita ao sacerdote (Lv 3:10), que seria movido perante o Senhor, primícia esta que outra não é senão o primogênito dentre os mortos, aquele que ressuscitou no primeiro dia da semana, Cristo Jesus (1Co 15:20,23; Cl 1:18). Em seguida, cinquenta dias depois, vinha o Pentecostes, a festa que indica o início da colheita no ano, ou seja, a ocasião que demonstra o início da salvação da humanidade através da Igreja, o início do movimento do Espírito Santo, baseado no sacrifício de Cristo, com poder e eficácia, em prol da colheita das almas para o reino celestial, algo que perdurará até a festa da colheita final, até o final deste ano, que se dará com a terceira festa, a festa das trombetas ou festa dos tabernáculos, que representa a volta de Cristo, o arrebatamento da Igreja.

2. Como surgiu o termo pentecostalismo. O termo “pentecostalismo” vem da palavra “Pentecostes”(nome atribuído no Antigo Testamento a uma das três principais festas do povo Judeu: Páscoa, Pentecostes e Tabernáculos), haja vista ter sido na Festa de Pentecostes que os discípulos de Jesus receberam a virtude do Espírito (cf. Atos 2). Os Pentecostais crêem no batismo bíblico com o Espírito Santo que nos é dado por Deus mediante a intercessão de Cristo, com a evidência inicial de falar em outras línguas, conforme a Sua vontade, e na atualidade dos dons espirituais distribuídos pelo Espírito Santo à Igreja para sua edificação, conforme a Sua soberana vontade. Isto é pentecostalismo. Todavia, este termo é do início do século XX, quando houve o derramamento do Espírito Santo nos Estados Unidos da América, semelhante à manifestação de Atos dos Apóstolos capítulo 2.

O Pentecostalismo iniciado na Rua Azusa, em Los Angeles, em 1906, está completando 105 anos em 2011. E, como resultado de sua consistência e seriedade, tem-se mantido por todo esse tempo e com certeza continuará até a volta do Senhor. Os desvios e abusos que eventualmente têm surgido não podem descaracterizar aquilo que nasceu no coração de Deus, que é reavivar o seu povo para uma obra do fim. Que Deus nos ajude a ser renovados a cada dia!
II. A TRAJETÓRIA DO PENTECOSTALISMO

Um dos pontos essenciais do pentecostalismo é a crença de que o avivamento da Igreja é contínuo, ou seja, que Deus não cessa de intervir no meio de Seu povo para impedir que a vida espiritual deixe de ser abundante. O livro de Atos registra a dimensão desse avivamento. Avivamento em Jerusalém, em Samaria, em Antioquia da Síria e em Éfeso. E de lá para cá, são muitos os relatos da obra vivificadora do Espírito Santo na história da igreja.

1. A promessa da efusão do Espírito. A efusão do Espírito Santo significou o início do cumprimento de Deus registrado nas profecias de Joel, capítulo 2, verso 28, de derramar seu Espírito sobre todo o seu povo nos tempos do fim. Esse derramamento resultou num fluir sobrenatural do Espírito Santo entre o povo de Deus.

A maior parte dos chamados evangélicos tradicionais (ou reformados), ou seja, as denominações evangélicas surgidas durante a Reforma Protestante, movimento de renovação espiritual surgido a partir do século XV na Europa e que teve, entre outros, grandes expressões nas figuras de Martinho Lutero e João Calvino, argumentam que o derramamento do Espírito Santo foi um acontecimento restrito ao dia de Pentecostes ou, quando muito, aos tempos apostólicos.

Pelo que podemos, portanto, concluir, pelas Escrituras, o derramamento do Espírito Santo, qual ocorreu no Pentecostes, é uma manifestação que tem sua duração prevista até o “grande e glorioso dia do Senhor”.

2. O Movimento Pentecostal tem o testemunho dos séculos. A história da Igreja tem comprovado que os elementos característicos do Movimento Pentecostal não são uma realidade circunscrita aos tempos apostólicos. Durante todos os avivamentos ocorridos nestes dois milênios, tem havido registros da manifestação do batismo com o Espírito Santo e dos espirituais. Grandes homens de Deus, mesmo entre os chamados “reformados”, mostra-nos a história, receberam esta bênção.

Conforme relato que li de alguns estudiosos, a partir da Reforma Protestante, quando a Igreja consegue se livrar dos dogmas romanistas de forma ostensiva e organizada, a história começa a registrar episódios do fenômeno da glossolália, ou seja, do falar em línguas estranhas, com cada vez maior intensidade. T. L. Souer, em sua obra História da Igreja Cristã, no volume 3, na página 406, informa que Martinho Lutero falava em línguas estranhas, sendo que, no século XVII, entre os quacres (grupo religioso protestantes formado na Grã-Bretanha), é dito que, com freqüência, os crentes recebiam o derramamento do Espírito e falavam em línguas, fenômeno que era, também, comum entre os pietistas, grupo protestante da Alemanha.

Seria, porém, no século XIX, que os casos de glossolália aumentariam. Nada mais adequado e oportuno, portanto, que analisemos a Bíblia Sagrada e verifiquemos em que se baseiam as chamadas “doutrinas bíblicas pentecostais”, que nada mais são que os ensinos das Escrituras a respeito da atualidade da operação do Espírito Santo na Igreja, crença esta que foi a principal motivadora para este movimento que, por crer que o Espírito Santo continuava a atuar da mesma maneira que na igreja primitiva, proporcionou a evangelização de praticamente o mundo inteiro em cem anos.
III. O VERDADEIRO PENTECOSTALISMO

O pentecostalismo, embora apresentado pelos evangélicos tradicionais como uma “inovação” foi, na verdade, a retomada da verdade bíblica da atualidade do batismo com o Espírito Santo e dos dons espirituais, portanto, não representou qualquer novidade, mas, pelo contrário, o retorno ao que está na Bíblia, à volta ao texto sagrado, esquecido e desprezado pelos tradicionais quanto a este aspecto. Que bom seria, aliás, que todos nós fôssemos conservadores neste prisma, ou seja, que sempre nos mantivéssemos fiéis e agarrados ao texto bíblico.

1. Características das igrejas pentecostais. Se o movimento Pentecostal é atemporal (contínuo) e bíblico, devemos observar nas próprias Escrituras quais são as suas características, até para que não nos deixemos enganar pelos “falsos avivamentos”, manifestações espirituais espúrias e que nada mais são que falsificações e imitações do inimigo de nossas almas; verdadeiros “ventos de doutrinas” que também estão a aumentar em número, mormente agora quando se aproxima o dia da nossa glorificação.

São igrejas verdadeiramente pentecostais as que:

a) Tem a Bíblia como a sua regra de fé e prática. A Bíblia é o livro da igreja. Igrejas que não valorizam a Palavra de Deus não podem ser consideradas igrejas cristãs. Não são servas da Palavra e nem serva de Cristo. São servas de teologias, de filosofias, do pós-modernismo, do relativismo; são servas de seus fundadores, de seus dogmas, mas não tem Cristo como Senhor, nem sua Palavra como regra de fé e prática. A Bíblia é o Livro de Deus para a Igreja; é nela que encontramos as diretrizes para atingirmos à santidade (ver Ef 4:24-32).

Não se pode concordar com aqueles que identificam o “pentecostalismo” como uma doutrina puramente mística, que privilegia a subjetividade, ou seja, a emoção de cada pessoa, que defenda um “contacto direto e místico” com Deus. A doutrina pentecostal é, sobretudo, bíblica, ou seja, está fundada nas Escrituras e se baseia totalmente nelas. Portanto, o verdadeiro pentecostalismo não admite qualquer outra revelação além das Escrituras Sagradas, pois prima pela ortodoxia bíblica e pela sã doutrina(Gl 1:6-9).

b) Mantém a Comunhão, ou seja, a união entre os crentes e o Senhor, e entre os próprios crentes. Comunhão com Deus significa a separação do pecado e a separação para Deus, a santificação progressiva; enquanto que a comunhão com os irmãos representa a união fraternal, o exercício do verdadeiro amor, o amor divino entre os irmãos, sem o qual não se pode dizer que há amor a Deus (1João 2:9-11; 4:7,8). Preservar o verdadeiro Pentecostes é demonstrar o amor a Deus, evitando o pecado, como também amando o próximo.

c) Conserva o avivamento iniciado no dia de Pentecostes: a manifestação do Batismo no Espírito Santo e dos dons espirituais. É a mesma preocupação que havia no cerimonial do tabernáculo e, depois, do templo de Jerusalém, de não se permitir que o fogo do altar se apagasse (Lv 6:13).

d) Tem compromisso com a santidade. Para manter o Espírito Santo ativo em nós, faz-se necessário que nos mantenhamos separados do pecado, que não voltemos a pecar, bem como que prossigamos a obedecer ao Senhor Jesus. O segredo da conservação do verdadeiro Pentecostes está na santificação e na observância da Palavra de Deus.

O Senhor abomina quem quer se servir dEle, ou seja, quem almeja receber as bênçãos prometidas por Deus aos homens, quem quer, inclusive, ter o poder de Deus na sua vida, mas que não quer, de forma alguma, submeter-se ao senhorio de Cristo. Deus não se deixa escarnecer e, portanto, quem pensa que poderá servir a Deus pecando, terá uma grande decepção naquele Dia! (Mt 7:21-23).

e) Obedece de forma irrestrita a Palavra de Deus. Não basta orarmos, nem tampouco meditarmos na Palavra de Deus, mas precisamos pôr em prática aquilo que aprendemos ao estudarmos a Bíblia Sagrada, como também aquilo que recebemos da orientação direta do Espírito Santo. O conhecimento teórico das Escrituras de nada serve. Jesus mostrou que os fariseus tinham amplo e correto conhecimento da Lei, mas não viviam coisa alguma daquilo que ensinavam (Mt.23:1-3).

f) Mantém a mesma postura dos discípulos e da igreja primitiva, que não se cansava de anunciar a salvação na pessoa de Jesus Cristo, conforme as demandas da Grande Comissão(Mc 16:15-20).

2. Novos Movimentos. O pentecostalismo é um movimento bíblico, e suas doutrinas também são. Um culto legitimamente pentecostal não ignora 1Coríntios 14; antes, oferece um culto racional a Deus, com ordem e decência. Portanto, está com razão aqueles que não aceitam a palavra “neopentecostalismo”, que vem sendo utilizada por estudiosos da religiosidade nos últimos anos, para identificar os movimentos e denominações que têm surgido a partir da década de 1970 e que se constituem, hoje, no ramo que mais cresce entre os chamados “evangélicos”, pelo menos nos países sul-americanos. Não se pode ter um “novo Pentecostes”, ou seja, uma “nova doutrina pentecostal”, ou ainda, para se usar de expressão tão em moda naqueles segmentos referidos, de uma “nova unção”.

A doutrina pentecostal não é uma “inovação”, nem uma “novidade”, mas é algo que está presente na Igreja desde o seu primeiro dia de manifestação ao mundo, ou seja, o dia de Pentecostes, pois é algo que está na Palavra de Deus e, sabemos todos, que esta Palavra não muda, nem jamais mudará (Sl 33:11; Mt 24:35; Lc 21:33; 1Pe 1:23,25). Por isso, seria correto falarmos em “neoigrejas pentecostais”, mas não em “igrejas neopentecostais”.

Sal grosso, fita vermelha, oração por copo d’água, manto de prosperidade, … Não há base bíblica para isso. Tudo isso é fruto dos manipuladores da Palavra da Verdade.

O pentecostalismo autêntico é bíblico, e seus frutos são excelentes! Contudo, sempre há aqueles que dizem o que a Bíblia não diz e mancham o nome de todo um povo. Afastemo-nos, pois, dos falsos ensinos e não larguemos a Palavra de Deus. Busquemos o batismo no Espírito Santo e os dons espirituais, para sermos testemunhas eficazes de Jesus até os confins da Terra!
CONCLUSÃO

Salvar ou assegurar a pureza do Movimento Pentecostal é conservá-lo intacto, mantê-lo genuíno, ou seja, fazer permanecer as suas características, as suas finalidades.

O derramamento do Espírito Santo tem como objetivo transmitir o poder de Deus ao Seu povo até o fim da dispensação da graça, a fim de criar condições para que haja a evangelização do mundo bem como o aperfeiçoamento dos santos até a volta de Cristo. É esta a finalidade do Pentecostes.

Devemos manter estes propósitos constantes das Escrituras: o poder de Deus é transmitido para a glória do Senhor, para a salvação das almas e para o aperfeiçoamento dos santos. Qualquer outro intento que se apresente deve ser repudiado.

Não se pode adotar o misticismo estéril (porque não gera frutos para o reino de Deus) que tanto tem invadido as igrejas locais, nem tampouco se dispensar o verdadeiro Pentecostes por conta de uma “ortodoxia” que, em verdade, representa um formalismo vazio, oco e que, não raro, revela um descrédito no Evangelho completo e poderoso, tal qual constante nas páginas sagradas.

19/05/2011

Lição 8 – O genuíno Culto Pentecostal

INTRODUÇÃO

Vivemos uma época de muitos modismos. Fala-se em rir, rugir, cair, pular e dançar de poder. Tais procedimentos são defendidos, muitas vezes, por pessoas que dizem ter uma nova unção do Espírito. Esta, porém, não existe, visto que a unção do Espírito de Deus é uma só, como ensina o apóstolo João: “E vós tendes a unção do Santo, e sabeis tudo”, 1Jo 2.20. Nesse caso, interessar-se por manifestações estranhas, diferentes das apresentadas no NT, é se opor à legítima operação do Espírito Santo. Em 1 Coríntios 14, encontramos conselhos importantes quanto ao comportamento do cristão em um culto pentecostal. No versículo 20: “Irmãos, não sejais meninos no entendimento”. Menino, neste contexto, é aquela pessoa que não tem discernimento, que pode ser facilmente influenciada por doutrinas errôneas (Ef 4.14). Segundo o autor da epístola aos Hebreus, somente pela observância à doutrina bíblica poderemos passar para o estágio de adulto (Hb 5.11-14)

1-ADORAÇÃO E CULTO

Para poder adorar a Deus em espírito e em verdade é necessário ter clara idéia do que é um culto.

Resumindo, podemos dizer que um culto é uma reunião dedicada à adoração e ao louvor a Deus mediante o canto e testemunhos pessoais dos fiéis. É uma ocasião para falar com Deus por meio da oração e de ouvir a Deus pela exposição de Sua Palavra e pelas impressões do Espírito Santo. É uma oportunidade de estar em comunhão com Deus e dos fiéis entre si. É um meio para promover o crescimento espiritual.

Culto é a honra e a adoração prestada a Deus pelo crente.
Mas será que muito daquilo que aparece na Igreja hoje sob o título de “Culto” é verdadeiramente aceitável a Deus ? O adjetivo usado no Novo Testamento para qualificar o culto verdadeiro é “aceitável” ( Rm 14.18 ; 15.16 e Fp 4.18 ). Todo adorador deve se preocupar em oferecer a Deus o que é aceitável a Ele. Em João 4.19-24, Jesus estabelece o novo culto ou o culto cristão na Nova Aliança :

• Quem deve ser adorado ? Deus-Pai, que é Santo, Sábio e Soberano. (Rm 11.33; Ap 15.4 ;Dn 4.34-37 )
• Quem deve adorar? Somente os convertidos - “Verdadeiros adoradores”
• Como deve ser a adoração ? Fundamento no conhecimento e deve ser em Espírito e Verdade.

Qual o lugar da adoração ? Não se limita a lugares religiosos, a objetos e a liturgias fixas.

Qual o tempo da adoração ? Hoje é o tempo - “A hora vem e já chegou” O autor aos Hebreus diz : “Por meio de Jesus, pois, ofereçamos a Deus, sempre, sacrifício de louvor, que é o fruto de lábios que confessam o seu nome” ( 13.15 )

A COMPOSIÇÃO DO CULTO PENTECOSTAL

Paulo trata neste cap. 14 - sobre a prática dos dons Espirituais no culto.

Neste v. 26 - Revela-nos algumas lindas verdades:

1ª.) O Culto começa com - “Quando vos ajuntais” - União - Sl 133

2ª.) O ajuntamento do Povo de Deus jamais deve ser sem propósitos…

3ª.) Note duas coisas importantes que Paulo ressalta no Culto

- A participação Coletiva - “Quando vos ajuntais…”

- A participação individual - “cada um tem…”

O Texto nos mostra o perfil do Culto Pentecostal - O mesmo deve ter 3 coisas indispenáveis:
A. TEM SALMO - O MINISTÉRIO DO LOUVOR

Como é de suma importância este Ministério no Culto

Porque o louvor da Igreja (congregacional) é o melhor
Porque o Senhor habita no meio dos louvores
Porque o louvor liberta - At 16:25-31
Porque através do louvor - A Igreja proclama quem é o Senhor…



B. TEM DOUTRINA - O MINISTÉRIO DA PALAVRA

Um culto sem Palavra é um rio sem água - É um dia sem sol - É uma mesa sem pão

É lamentável, o número de igrejas que abriram mão da Palavra - e optaram por outras coisas: Música excessiva - Muitos avisos - Coreografias - peças - etc…
Lembremos que Jesus - multiplicou mais pão do que peixe
Feliz a Igreja que prioriza a Palavra - Jr 15:16



C. TEM REVELAÇÃO, TEM LÍNGUA, TEM INTERPRETAÇÃO - O MINISTÉRIO DOS DONS ESPIRITUAIS Em nossos cultos deve haver efusão dos dons espirituais - 1 Co 12:1-11

MODISMOS LITÚRGICOS Alguns líderes, infelizmente, não incentivam os crentes a freqüentar a Escola Dominical e a tomar parte nos cultos de ensino. Em decorrência disso, estão aparecendo expressões esquisitas em nosso meio como: “Segura a bola de fogo que Jeová vai mandar”, “Contempla o varão de branco com a espada na mão” e outras mais conhecidas: “Queima ele”, “Fica no mistério”, “Tá amarrado” etc. Em Romanos 12.1, Paulo ensina que o culto agradável a Deus é racional. Isto significa que, apesar de haver liberdade para a multiforme operação do Espírito Santo na vida dos salvos (1Co 12.6-7), o culto pentecostal não deve ter exageros ou modismos. Se deixarmos de fazer uso da razão, ignorando os princípios bíblicos, poderemos cair no erro de inventar práticas e atribuí-las ao Espírito de Deus, mesmo que sejamos espirituais. Na verdade, o cristão deve evitar os dois extremos - o fanatismo e o formalismo. O primeiro consiste na adoção de práticas exageradas e extra-bíblicas, enquanto o segundo rejeita qualquer manifestação, sob o pretexto de não correr riscos. Como evitar estes extremos? Pedro responde: “Crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo”, 2 Pd 3.18. Quem quiser crescer só na graça, fatalmente se tornará um fanático. E quem buscar só o conhecimento não terá como escapar da frieza espiritual. Para crescer na graça, o caminho é sempre o mesmo: consagração a Deus através de oração e jejum, bem como uma vida de amor e santificação. Mas, para crescer em conhecimento é preciso estudar a Palavra e, principalmente, obedecer aos seus ensinamentos. Grandes movimentos pentecostais do início deste século se desviaram da vontade de Deus ou acabaram por falta de observância ao que a Bíblia ensina sobre a autêntica operação do Espírito Santo. Quando em uma igreja se dá pouca ou nenhuma ênfase à doutrina pentecostal, a possibilidade de surgirem expressões e manifestações estranhas é muito grande. E o que dizer de um culto em que todos batem palmas ou pulam, como se estivessem em um show ou em um estádio de futebol? Não é pecado saltar em um momento de extrema alegria (At 3.8), mas transformar essa prática em uma regra é exagero. Irmãos, sejamos pentecostais, mas não nos esqueçamos da ordem, da decência e do equilíbrio. E jamais deixemos os verdadeiros elementos de um culto pentecostal: “Cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para a edificação”, 1Co 14.26.

A troca do avivamento pelo movimento. Muitos acham que, para terem um milagre em suas vidas, devem correr atrás de movimentos. Entretanto, na Bíblia está escrito que os sinais seguiam aos que criam e não que estes se tornavam crentes para ter os milagres (Mc.16:17). Antes de mais nada, criam em Jesus, que Este é o Filho de Deus e a única saída para terem seus pecados perdoados (At.4:12). É coisa muito diferente ser convencido intelectualmente de ser convencido pelo Espírito. O convencimento intelectual é “fogo de palha”, que logo se apaga e que tem de ser sempre reacendido pelas pregações motivacionais, ditas equivocadamente “avivalistas”. Vemos isto em todas estas estratégias criadas pelos homens e que estão a infestar as igrejas na atualidade, estratégias estas, porém, que, como todo fermento(I Co.5:7,8), leveda a massa mas logo murcha, pois o motivacional da estratégia humana logo se esvai.

- O convencimento pelo Espírito Santo, porém, arde no coração, na alma, tornando-nos perdidos pecadores que precisam de arrependimento, afetando inexoravelmente e sem retorno o nosso centro de decisões, transformando nossas atitudes em uma busca de novidade de vida e que nos impulsiona a propagarmos o nosso testemunho ao mundo, incendiando-o. É o que o oleiro faz, enfia a mão no meio do barro e o molda de dentro para fora. Esta aparentemente pequena, mas muito sutil diferença está sendo usada pelo inimigo e é a responsável pela difusão das heresias e pela troca das coisas de cima pelas coisas desta vida, em total oposição ao que nos ensina a Bíblia Sagrada (Mt.6:33; Cl.3:1-3).

Muitos confundem este emocionalismo com pentecostalismo. Os crentes pentecostais creem na atuação direta do Espírito Santo, mas isto não significa em absoluto que sejamos emocionais. O Espírito Santo trata de coisas “espirituais” (I Co.2:13) e o “espiritual”, embora traga emoções, não se limita a elas. Por isso, o apóstolo Paulo nos mostra que o verdadeiro e genuíno culto é “racional” (Rm.12:1). Provocar emoções no povo, levá-lo a um “êxtase” puramente psicológico, usando-se de estratégias aprendidas na neurolinguística ou nas artes cênicas são mecanismos abomináveis ao Senhor, são “fraudes espirituais”, que devem ser evitadas e abandonadas num culto verdadeiramente pentecostal.

- O culto que se exige de cada cristão é um sacrifício santo, vivo e agradável a Deus (Rm.12:1). Como oferecer sacrifício santo com coisas profanas? Como oferecer um sacrifício vivo com coisas advindas de um mundo que está morto em seus pecados (Ef.2:1)? Como oferecer sacrifício agradável a Deus não atendendo à Sua vontade?

- Deus não só recusa culto que não seja feito conforme a Sua vontade, que não atente para a santidade, como também, mesmo após aceitar o culto, faz passá-lo pelo “teste do fogo”, como nos adverte o apóstolo Paulo (I Co.3:10-15). Como estamos construindo nossa casa espiritual, lembrando que “culto” é, entre outras coisas, “habitação”, “moradia”?

- A propósito, a palavra “show” já é utilizada para designar algumas reuniões de crentes, os chamados “shows gospel”. Efetivamente, estas reuniões realmente não são cultos, são “shows” mesmo, pois ali se tem como objetivo a exibição de “artistas” e não a “reverência respeitosa a Deus”. Muitos cultos, a propósito, não passam hoje apenas de meras “exibições” dos “artistas de Jesus”. Por isso, muitos que não são chamados para se “exibir” nas igrejas locais, notadamente nos domingos, saem bravos, irritados, achando que “perderam tempo”, porque não vieram para cultuar a Deus, mas tão somente para se exibir. Que não sejamos dos tais!

O maior perigo, no entanto, é que o show se centralize na pessoa do artista, ou em algum traço de sua pessoa, como carisma, técnica vocal, etc. Isto significa que o louvor está sendo dado a homens, e Deus vem a ser roubado de Sua glória. O Senhor não divide o palco com ninguém - ou Lhe damos todo o louvor ou Ele fica sem louvor nenhum!

- Em artigo publicado no jornal “O Mensageiro da Paz”, de agosto de 2006, o pastor Martim Alves da Silva, das Assembléias de Deus de Mossoró/RN, bem distinguiu entre culto e “show”, “in verbis”: “…No culto, a pessoa mais importante é Deus; no show, é o artista. No culto a Deus ninguém paga, no show a entrada é mediante pagamento. No culto, Deus está presente; no show, Deus Se faz ausente, pois Sua glória não dá a outrem. No culto, o ministro de Deus soleniza as celebrações; no show, o apresentador é condescendente à desenfreada desordem. No culto, o povo glorifica a Deus; no show, só gritos e assobios para o artista. No culto, o povo reverencia a Deus em adoração; no show, só há bagunça incontrolável….”

- Por isso, inclusive, hoje há muito mais “entretenimento” do que “culto” em muitos lugares. “Entretenimento”, diz o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, é o “ato de distrair, divertir”. Muitos hoje transformaram o culto em um momento de descontração, de distração, de divertimento. Ora, como já dizia o príncipe dos pregadores britânicos, Charles Haddon Spurgeon (1834-1892), quem deseja entretenimento é “bode”, não a “ovelha” (Apascentando ovelhas ou entretendo bodes.

Alguns consideram o culto não como uma oferta a Deus, como nos mostra o apóstolo Paulo em Rm.12:1, mas, sim, como uma oportunidade de “recepção de bênçãos”. Muitos são os que, hoje em dia, vão aos cultos para “receber bênçãos”. Aliás, não são poucos os “pregadores” que insistem nesta mentalidade, quando, aos gritos, conclamam o povo a “receber bênçãos de Deus”, com seus famosos “Receba, receba, receba”.

- No entanto, as Escrituras mostram-nos que o culto é uma oferta a Deus, uma apresentação dos nossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus (Rm.12:1), chamado de “culto racional”. Quando Pedro e João iam para o culto de oração no alpendre de Salomão, a caminho do templo, na porta Formosa, encontram o coxo e disseram que “tinham algo” para oferecer ao coxo: a cura divina em nome de Jesus (At.3:1-6). Os crentes hodiernos não poderiam realizar este milagre, pois, antes do culto, nada têm, precisam “receber” no culto…

O apóstolo Paulo é claro, também, ao dizer que, quando vamos ao culto, já temos de ter conosco salmo, doutrina, revelação, língua e interpretação (I Co.14:26). Temos de ir ao culto tendo algo a oferecer a Deus, não para recebermos de Deus. É evidente que o Senhor quer nos abençoar e que somos abençoados no culto, mas a bênção divina é uma consequência de termos, antes, apresentado o devido culto a Deus, de Lhe termos apresentado um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus.