A Igreja, como agência
evangelizadora, preocupa-se com o bem-estar espiritual ensinando o caminho de
Deus, evangelizando, pregando o Evangelho a toda a criatura e encaminhando-a
para a comunhão com Deus. Ela cuida da alma e encaminha aqueles que carecem de
conforto, orientação e afeto. Na área social, tem um exemplo digno de ser
seguido nos primeiros capítulos de Atos dos Apóstolos. O modelo que temos é o
da Igreja Primitiva, a qual se estruturou de tal maneira que conseguiu
conquistar a confiança e o respeito da sociedade (At 2:42,47; 4:32,35 e
5:13-14). Podemos classificar o perfil da igreja da época dos apóstolos, à luz
dos primeiros capítulos do livro de Atos, em três áreas distintas, a saber: a marturia (o testemunho, a orientação espiritual, o
evangelismo e a pregação e ensino da palavra); a koinonia (a formação da comunidade social)
descrita em Atos 2:42,47; a diaconia (o
serviço de atendimento social, descrito em Atos 6:1-10). Observando esse modelo
a igreja estará cumprindo a sua missão integral. Assim sendo, crescerá de forma
sadia. Nossos dias exigem um retorno imediato, ousado, enérgico e amoroso aos
princípios que caracterizavam a igreja em seu princípio (Atos 2:42-47).
Orientação Pedagógica: Sendo a Didática a arte e a técnica de transmitir o ensino ou os conhecimentos, o professor tem papel fundamental, no sentido de "estimular, dirigir e auxiliar a aprendizagem...". O Professor cristão deve ser um instrumento nas mãos do Espírito Santo, para transmitir a Palavra de Deus. Jesus disse: "Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo" (Mt 19.28).
Segundo GRIGGS (p. 18-20), o professor cristão deve ser amigo, procurando relacionar-se bem com os alunos; deve ser intérprete, traduzindo para os alunos aquilo que lhes é ensinado; planejador, procurando adaptar as lições, os currículos às necessidades dos alunos; aprendiz, estando disposto a colocar-se no lugar dos que querem sempre aprender mais para ensinar melhor.
Além disso, o professor cristão deve ser um EXEMPLO para seus alunos. "Assim falai, assim procedei..." (Tg 2.12). Na escola secular, o professor pode ser um mero transmissor de conhecimentos. Na Igreja, é diferente. O professor tem que ser didático e exemplar.
I. A FUNDAÇÃO EVANGELIZADORA DA IGREJA
A Igreja de Jesus Cristo nasceu
historicamente no dia de Pentecostes, conforme narrado pelo evangelista Lucas,
em Atos capítulo 2. Nasceu sob o derramamento do Espírito Santo (At 2:1-13).
Num pequeno cenáculo, pessoas foram cheias do Espírito Santo e começaram a
falar noutras línguas, a profetizar e a tomar uma consciência de coragem e
ousadia para proclamar as maravilhas de Deus à humanidade (At 2:14-36). Jesus
disse que eles receberiam o poder do Espírito sobre suas vidas (Atos 1:8), o
que de fato aconteceu, quando na festa de Pentecostes foram cheios do Espírito
(Atos 2:4).
A Igreja de Atos é uma igreja que vive na dimensão do Espírito Santo.
Foi cheio do Espírito que Pedro falou diante do Sinédrio (Atos 4:8). Uma das
características principais dos homens que seriam escolhidos para cuidar da obra
social da Igreja era ser cheio do Espírito (Atos 6:5). Estevão estava cheio do
Espírito quando viu Jesus sentado à direita de Deus (Atos 7:55). Ananias impôs
as mãos sobre Saulo, de modo que ele fosse curado de sua cegueira e fosse cheio
do Espírito (Atos 9:17). Enfim, esta ação do Espírito era e é imprescindível.
II. A MISSÃO PRIORITÁRIA DA IGREJA
Quando os cristãos têm consciência que a tarefa primordial da Igreja é a
evangelização, passam a entender que sua existência gira em torno desta missão
dada a cada crente, que é membro do corpo de Cristo em particular (1Co
12:27). Todas as nossas ações, todo o nosso cotidiano deve ser criado e
executado diante da perspectiva de que somos testemunhas de Cristo Jesus (At
1:8) e que devemos, portanto, testificar do Senhor, mostrar ao mundo, através
de nossas boas obras, que Deus é nosso Pai, que somos filhos de Deus e, por
meio deste comportamento, levar os homens a glorificar o nosso Pai que está nos
céus (Mt 5:16).
1.
Evangelização. Logo após receber o
revestimento de poder, como Jesus tinha prometido (cf. Lc 24:49), os discípulos
procuram cumprir a sua missão prioritária: a evangelização. A ordem de Jesus
foi: “ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do
Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as coisas
que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a
consumação dos séculos” (Mt 28:19,20).
A ordem do Senhor é que devemos ir ao encontro do mundo, ir ao encontro
dos pecadores, levar-lhes a mensagem da salvação em Cristo Jesus. O homem não
tem condições de salvar-se a si próprio e, mais, o deus deste século lhe cegou
o entendimento para que não tenha condições de ver a luz do evangelho da glória
de Cristo (2Co 4:4). Portanto, é tarefa da Igreja ir ao encontro de judeus e de
gentios para lhes anunciar as boas-novas da salvação.
A ordem do Senhor é para que se pregue a toda criatura, mesmo aquela
que, pela sua conduta, pela sua forma de proceder, é alvo de todo ódio, de toda
repugnância, de todo o desprezo da sociedade e do mundo (vide Mc 5:1-20). É
interessante observarmos que, nos dias do profeta Jonas, o Senhor mandou que
fosse feita a pregação a todos os ninivitas, sem exceção alguma, ainda que eles
fossem os homens mais cruéis que existiam no mundo naquele tempo. Jonas teve de
pregar para todos, sem exceção, ainda que muitos, pela sua extrema crueldade e
maldade, fossem, na verdade, verdadeiras “bestas-feras”, verdadeiros “animais”
(Jn.3:8), que, mesmo sendo o que eram, foram alcançados pela misericórdia
divina. Observe o exemplo de Jesus – Ele ia ao encontro dos publicanos e das
meretrizes, considerados a escória da sociedade de seu tempo. E nós, o que
estamos a fazer?
2.
Missões
em Atos. Missão
estava no coração da igreja de Atos do Espírito Santo. Nada a fazia arrefecer
desse mister. A despeito das perseguições, os novos discípulos testemunhavam
todos os dias, não cessavam de ensinar e anunciar a Jesus Cristo: nas ruas, nas
casas, nas vilas, cidades, ensinando e proclamando intensamente o evangelho.
Todos, indistintamente, estavam empenhados em organizar novas igrejas,
obedecendo a um plano de avanço missionário. E hoje, o que estamos fazendo em
prol da evangelização local e universal?
O campo missionário é o mundo. Jesus
disse: “o campo é o mundo” (Mt 13:38). Ele não disse que o
campo é Jerusalém, nem a Judéia, nem Roma, nem minha cidade e nem a tua.
Infelizmente há ainda os que pensam que o “campo” é a sua cidade e por isso
mostram-se não somente apáticos às missões, mas também posicionam-se contra
elas. Outros não são contra, mas não se esforçam, são acomodados. É dever de
cada crente incentivar missões, orar pelos missionários e pelos que estão sendo
enviados, e contribuir financeiramente para o sustento dos missionários.
Os discípulos entenderam a ordem de Jesus e estenderam a obra
missionária para além de suas cidades originais. De ação em ação, a Igreja de
Cristo veio a alcançar, em apenas uma geração, os lugares mais remotos daquela
época – “que já chegou a vós, como também está em todo o mundo…” (Cl 1:6).
3.
Promoção
social. A
Igreja Primitiva encarregava-se de promover os novos convertidos integralmente.
Isto envolve doutrina e ação social (cf. At 6:1-7). Em virtude do rápido
crescimento quantitativo da Igreja, os apóstolos não puderam conciliar as
atividades de oração, pregação e ensino da Palavra de Deus com as atividades
assistenciais. Cônscios da responsabilidade social que a igreja tem, os
apóstolos, de forma resoluta, logo procuraram dar uma solução para este “importante
negócio”(At 6:3): estabeleceram pessoas certas, cheias do Espírito Santo, para
cuidar dos necessitados da igreja. A função de assistência social na Igreja é
uma das suas pedras de toque e, sem dúvida, uma das formas mais poderosas de
demonstrarmos ao mundo a nossa diferença e o amor de Deus que está em nossos
corações.
Por que ajudar aos necessitados é
importante?
Em primeiro lugar, porque é um ato pelo qual
demonstramos nosso amor ao próximo. Por isso, não pode o salvo se isentar de
toda e qualquer ação que venha a promover o bem-estar da coletividade, a bênção
de Deus sobre as pessoas, que venha mitigar o sofrimento daquele que está ao
nosso redor. Na parábola do bom samaritano (Lc 10:25-27), Jesus mostrou que
próximo é qualquer um que esteja em nosso caminho e, em algumas oportunidades,
o apóstolo Paulo ensinou que fazer o bem a outrem é uma qualidade que não pode
faltar àqueles que dizem servir a Deus (Rm 12:13-21; Gl 4:31,32; Cl 3:12-14;
1Ts.4:9-12).
Em segundo lugar, porque é um mandamento divino. Este
mandamento é dito tanto no Antigo Testamento como no Novo Testamento, ou seja,
ele foi dado para Israel e para Igreja. Deus reconheceu a existência dos pobres
no meio do seu povo e ordenou providência a respeito deles: “Pois nunca cessará
o pobre do meio da terra”(Dt 15:11a). Esta é a frase que mais contraria a
pregação contemporânea da teologia da prosperidade. Pretende-se exterminar a
pobreza no meio da igreja. No entanto, o texto declara: “Pois nunca cessará o
pobre do meio da terra”. E Jesus ratifica: “Porque os pobres sempre os tendes
convosco”(João 12:8). Compete àqueles que têm recursos, minimizar a situação.
Deus não prometeu riquezas para todos, porém, daqueles a quem ele deu e dá
riqueza, no exercício da Mordomia Cristã das Finanças Ele quer que os pobres
não sejam esquecidos, tal como aconteceu na Igreja de Jerusalém – “Não havia
entre eles necessitado algum…”(Atos 4: 34). Pobres, sim; necessitados, não.
Esta é a regra a ser seguida pela Igreja, hoje.
Em terceiro lugar, porque é um ato de benignidade (Dt
15:10). Pobreza não é maldição, é consequência do sistema controlado por homens
gananciosos. Os pobres estão no nosso meio para que tenhamos oportunidade de
exercitar amor – “Livremente lhe darás, e não fique pesaroso o teu coração
quando lhe deres; pois por esta causa te abençoará o Senhor teu Deus em toda a
tua obra, e em tudo no que puseres a mão”(Dt 15:10). Não se arrependa de haver
dado, nem sinta dor no coração. O Apóstolo João é enfático: quem vir a seu
irmão padecer necessidade e não suprir essa necessidade não é cristão: “Quem,
pois, tiver bens do mundo, e, vendo o seu irmão necessitado, lhe fechar o seu
coração, como permanece nele o amor de Deus?”(1João 3:17).
III. ANTIOQUIA, IGREJA MISSIONÁRIA
Uma das características da igreja de
Antioquia: era aberta às pessoas. Os cinco líderes mencionados em Atos 13:1-4 (Barnabé, Simeão por
sobrenome Níger, Lúcio de Cirene, Manaém e Saulo) simbolizam a diversidade
étnica e cultural de Antioquia. Barnabé era
um judeu natural da ilha de Chipre. Simeão era
africano, uma vez que a palavra “Níger” significa “de aparência escura”. Alguns
sugerem que esse Simeão é o mesmo homem de Cirene que levou a cruz de Cristo
(Lc 23:26), agora é um dos principais responsáveis por levar diretamente a
história da cruz a todo o mundo. Lúcio era de
Cirene, ou seja, do norte da África. Manaém tinha
conexões com a aristocracia e a corte, pois era irmão de leite de Herodes
Antipas, o rei que mandou matar João Batista e escarneceu de Jesus em seu
julgamento. Saulo era judeu, nascido em
Tarso da Cilícia, e também cidadão romano. Vale destacar que entre os cinco
veteranos em Antioquia, com admirável modéstia, Saulo estava contente com a
posição mais inferior.
Outra característica da igreja em
Antioquia: priorizava a doutrina, o ensino
da Palavra de Deus (At.11:22-26). Barnabé, ao verificar que
havia conversão autêntica de muitos irmãos naquela igreja, tratou de buscar a
Paulo e, durante todo um ano, houve o ensino da Palavra àqueles crentes. O
resultado daquele ano de ensino não poderia ser melhor: os convertidos passaram
a ter uma vida muito semelhante a de Jesus; passaram a ser diferentes dos
demais moradores de Antioquia; passaram a ser provas vivas da transformação que
o Evangelho produz nas pessoas.
Portanto, não basta que a Igreja pregue o Evangelho, ou seja, proclame a
Palavra de Deus, mas é preciso, também, que a Igreja “ensine as nações”, “faça
discípulos”, cuidado este que era patente nos tempos apostólicos, a
ponto de os apóstolos terem chamado para si esta tarefa, considerando,
inclusive, não ser razoável deixar de se dedicar à oração e ao ensino da Palavra
(At 6:2,4), sem falar dos conselhos que Paulo dá a Timóteo no sentido de jamais
se descuidar com o ensino junto aos crentes (1Tm 4:12-16).
Muita meninice e práticas heréticas que vemos por aí se deve à ausência
do ensino da Palavra de Deus. O crente permanece infantil quando tem uma
compreensão inadequada das verdades bíblicas e pouca dedicação a elas (Ef
4:14,15). Por isso o ensino da Palavra de Deus é importante “para que não
sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo vento de doutrina,
pelo engano dos homens que, com astúcia, enganam fraudulosamente”(Ef 4:14).
2.
Uma
igreja completa. Em Antioquia,
o ministério era completo. A igreja estudava a Palavra de Deus (Atos 13:1),
buscava a face de Deus em oração (Atos 13:3) e obedecia a Deus (Atos 13:3). A
igreja tinha profetas e mestres, ou seja, pregava e ensinava a Palavra de Deus
(Atos 13:1), mas quem a dirigia na obra missionária era o Espírito Santo (Atos
13:2).
3.
Uma
igreja missionária.
Antioquia era uma igreja missionária. Dentre os seus membros, saíram os
primeiros missionários transculturais do Cristianismo. Enquanto a igreja e os
seus obreiros oravam, jejuavam e serviam ao Senhor, disse o Espírito Santo:
“Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado” (At 13:2).
Vê-se que o Espirito Santo não age à parte da igreja, mas em sintonia com ela.
É a igreja que jejua e ora. É a igreja que impõe as mãos e despede. Mas é o
Espírito Santo quem envia os missionários. Assim, os missionários exercem seu
ministério pelo Espirito Santo. Foi o próprio Espirito Santo quem enviou os
missionários para o campo de trabalho (Atos 13:3,4).
3.
Uma
igreja que orava. A oração
é fundamental para poder discernir a vontade de Deus. Sem oração a Igreja
morre. As decisões da igreja de Antioquia eram envolvidas com muita oração. No
culto da igreja de Antioquia o Espírito Santo chamou Saulo e Barnabé para fazer
missões. (Atos 13:3). Até a escolha de pastores nas igrejas era feita
mediante a oração, não pela capacidade humana (Atos 14:23).
CONCLUSÃO
A missão da Igreja de Cristo é evangelizar. A Igreja não foi edificada
por Cristo para construir escolas, fundar hospitais ou assumir cargos
políticos, por mais dignas que sejam tais realizações, mas para cumprir com o
mandato de “ir por todo o mundo e pregar o evangelho a toda criatura” (Mc
16:15). Quando os crentes prescindem da evangelização, não resta mais nada a
igreja do que ser uma associação religiosa em busca de privilégios e
reconhecimento social. Cada crente deve envolver-se com a evangelização dos
pecadores. Cada cristão deve ser uma fiel testemunha de Cristo. Pense nisso!
—–
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo
Testamento) – William Macdonald.
Comentário do Novo Testamento –
Aplicação Pessoal. CPAD.
Guia do Leitor da Bíblia – Lawrence O.
Richards.
Revista Ensinador Cristão – nº 67.
CPAD.
PortalEBD_2007.
Rev. Hernandes Dias Lopes. Atos.
O desafio da Evangelização. Pr.
Claudionor, de Andrade. CPAD.
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