14/04/2012

Lição 3 – A igreja do Amor Esquecido.

Introdução:
Éfeso era uma antiga cidade grega. Era uma das mais importantes cidades da Ásia Menor, no que atualmente é a Turquia. Era uma cidade muito próspera e rica em livros (biblioteca 12 mil rolos). O significado do nome é “desejável”. Era conhecida por causa de seu famoso templo de Ártemis ou Diana dos Efésios (127 colunas de mármores de 20 metros de altura cada uma – a área era de 130 metros de cumprimento por 70 de largura).

A igreja foi fundada por Paulo em sua segunda viagem missionária, pastoreada por João, e depois, assistida também por outros dois obreiros: Tíquico e Timóteo. Em sua terceira viagem missionária, Paulo permaneceu em Éfeso três anos.

Características da Igreja em Éfeso:

1 – Marcado pelas boas obras. O verdadeiro evangelho não se restringe ao púlpito.
2 – Trabalho intenso. Era uma igreja que estava trabalhando intensamente.  Porém, cabe ressaltar que não podemos confundir trabalho com ativismo. Precisamos fazer a Obra do Senhor com sabedoria e entender que Deus não unge métodos e sim pessoas (Pr. Alex Pinheiro)
3 – Uma igreja perseverante. Esta virtude é a firmeza ou constância num sentimento, numa resolução, num trabalho, apesar das dificuldades e dos incômodos. É a virtude que contribui para o êxito na vida humana.
4 – Combate aos maus. Um herege ou alguém mal intencionado não permanecia nesta igreja.
5 – Excelência Teológica. Com certeza, os irmãos de Éfeso tinham um bom conhecimento teológico, pois passaram por um seminário intenso com seus líderes. Imagine aprender com Paulo e João.
6 – Suportavam as Dificuldades. O trabalho era árduo e cansativo. No entanto, o verdadeiro obreiro de Cristo suporta o insuportável e tira força da fraqueza.

O primeiro amor. Alguns acham que a perda do “primeiro amor” por parte da igreja de Éfeso era uma baixa produtividade ou um relaxamento no trabalho de Deus. Mas de acordo com o que Jesus falou na carta à Igreja de Éfeso, não se trata apenas de “relaxar” no trabalho de Deus, pois o Senhor lhes disse: “Conheço as tuas obras, tanto o teu labor como a tua perseverança” (Ap 2:2a). A igreja de Éfeso se destacava por suas muitas obras, seu labor árduo e sua perseverança paciente. Não tolerava homens maus em seu meio. Tinha a capacidade de discernir falsos apóstolos e lidar com eles de modo apropriado. Tampouco se trata de desânimo ou desistência, uma vez que nesta mensagem profética o Senhor Jesus louva a persistência desses cristãos de Éfeso: “e tens perseverança, e suportaste provas por causa do meu nome, e não te deixaste esmorecer” (Ap 2:3). O que mais denota ou caracteriza a perda deste “primeiro amor” é o arrefecimento da chama da afeição. O entusiasmo ardente dos primeiros dias havia desaparecido. Ao olharem para trás, seus membros veriam dias melhores nos quais seu amor como noiva de Cristo fluía de modo caloroso, pleno e desimpedido. Continuavam firmes na doutrina e ativos no serviço, mas o verdadeiro motivo de toda adoração e serviço não estava presente. Precisavam se lembrar dos dias mais venturosos do início da fé, se arrepender da perda do “primeiro amor” e resgatar o serviço dedicado que havia caracterizado o princípio de sua vida cristã. De outro modo, o Senhor removeria o “candeeiro” de Éfeso, ou seja, aquela congregação deixaria de existir. Seu testemunho se apagaria. Infelizmente, foi o que aconteceu.

Amnésia do Amor. Como alguém pode esquecer de sua identidade? É isso mesmo, o amor é o cartão de identidade do cristão. Bem disse o pr. Claudionor de Andrade, “esquecer o primeiro amor não é incidente teológico, é que­da espiritual”. Jesus advertiu: “Deixaste o primeiro amor”(2:4). Isto se refere ao primeiro e profundo amor e dedicação que os efésios tinham por Cristo e sua Palavra. Esta advertência nos ensina que conhecer a doutrina correta, obedecer a alguns dos mandamentos e ir aos cultos na igreja não bastam. Quando nosso conhecimento teológico não nos move a nos afeiçoarmos mais a Deus o amor esfria. Conhecemos muito a respeito de Deus, mas não desejamos ter comunhão com ele. Como o profeta Jonas falamos que Ele é todo-poderoso, mas o desafiamos com nossa rebeldia. Falamos que ele é amável, mas não temos prazer em falar com ele em oração. A igreja deve ter, acima de tudo, amor sincero a Jesus Cristo e sua Palavra como um todo. O amor sincero a Cristo resulta em devoção sincera a Ele, em pureza de vida e em amor à verdade(2Co 11:3). Deixamos também nosso primeiro amor quando nosso amor por Jesus é substituído pelo nosso zelo religioso. Defendemos nossa teologia, nossa fé, nossas convicções e estamos prontos a sofrer e a morrer por essas convicções, mas não nos deleitamos mais em Deus. Não nos afeiçoamos mais a Jesus. Já não sentimos mais saudades de estar com ele. Os fariseus eram zelosos das coisas de Deus; observavam com rigor todos os ritos sagrados, mas o coração deles estava seco como um deserto. Hoje, também, existem crentes fiéis, mas sem amor. Crentes ortodoxos, mas secos como um poste. Crentes que conhecem a Bíblia, mas perderam o encanto com Jesus. Crentes que morrem em defesa da fé e atacam a heresia como escorpiões do deserto, mas não amam mais o Senhor com a mesma devoção. Crentes que trabalham à exaustão, mas não contemplam o Senhor na beleza de sua santidade. Sofrem pelo evangelho, mas não se deleitam no evangelho. Combatem a heresia, mas não se deliciam na verdade. Deixamos, ainda, nosso primeiro amor quando examinamos os outros e não examinamos a nós mesmos. A igreja de Efeso examinava os outros, mas não era capaz de examinar a si mesma. Tinha doutrina, mas não tinha amor. Era capaz de identificar os falsos ensinos e os falsos apóstolos, mas não identificava a frieza do amor em si mesma. Identificava a heresia nos outros, mas não sua própria apatia espiritual. Tinha zelo pela ortodoxia, mas estava vazia da principal marca do cristianismo, o amor.

Conselhos para quem acha que existe segundo, terceiro, quarto....... amor

1.  Lembrar-se de onde caiu. Jesus foi enfático à igreja: “Lembra-te, pois, de onde caíste”. A igreja não está sendo chamada a relembrar seu pecado. Não está sendo dito: lembra-te em que situação caíste, mas de onde caíste.

2. Arrepender-se. Em seguida Jesus disse: “arrepende-te“. Arrependimento não é emoção, é decisão. É atitude. Não precisa existir choro, basta decisão

3. Voltar a prática das primeiras obras. Finalmente Jesus disse: “volta à prática das primeiras obras“. Como mencionei no item III.1 acima, os crentes efésios eram ricos em obras. Foi o próprio Jesus quem o disse. Então por que voltar às primeiras obras? Certamente, esses crentes eram bastante esforçados em seus trabalhos em prol do Reino de Deus. Todavia, no trabalho que desempenhavam em prol do reino de Deus estava ausente o principal e indispensável elemento: o amor.

Conclusão

A carta à igreja dos efésios nos ensina que a ortodoxia uma vez praticada sem amor, esfria e mata a verdadeira espiritualidade. Não podemos, a pretexto de “zelar” pela verdade, desconsiderar o cultivo de uma profunda espiritualidade banhada em amor. A nossa mensagem deve tocar mentes e corações. Assim, como o Senhor requereu da igreja de Éfeso, devemos voltar ao primeiro amor e encharcarmo-nos do Evangelho da Graça de Deus. É tempo de voltar-se para Jesus, de se devotar novamente a Ele. Arrependa-se de ter deixado a verdadeira ortopraxia cristã.

Para voltar ao primeiro amor é simples, basta lembrarmos da dedicação disposição que fazíamos sem esperar posições ou reconhecimento para satisfazer nosso ego.


Bibliografia:
Ensinador Cristão - nº 49
Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, RN Champlin
Os sete castiças de Ouro, Claudionar de Andrade

Pr. Manoel Flausino Filho, seu amigo!

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