27/05/2011

LIÇÃO 9 - A Pureza do Movimento Pentecostal

INTRODUÇÃO

O verdadeiro Movimento Pentecostal está fundamentado sobre duas colunas vitais: A Palavra (a Bíblia Sagrada) e o Poder de Deus, pela ação do Espírito Santo. Assim era a Igreja primitiva. A história do Movimento Pentecostal é, até os dias de hoje, a história da busca do revestimento de poder e dos dons espirituais por parte daqueles que, crendo na Palavra de Deus, dão atenção aos ensinos e relatos bíblicos relativos à igreja primitiva. O Espírito Santo tem sido derramado sobre aqueles que, em vez de se iniciarem em controvérsias teológico-filosóficas a respeito da operação do Espírito de Deus, têm prestado atenção ao texto bíblico e têm seguido os mesmos passos dos discípulos da igreja primitiva, orando e buscando o dom do Espírito Santo. Onde tem havido busca do revestimento do poder e dos dons espirituais, o Senhor tem cumprido a Sua Palavra e batizado crentes com o Espírito Santo e concedido dons espirituais.
I. A ORIGEM DO PENTECOSTES CRISTÃO

1. O ponto de partida. O poderoso derramamento do Espírito Santo, no dia de Pentecostes, inaugura o movimento pentecostal (At 2:1-47). Como nos explica a própria Bíblia, a lei, com todas as suas cerimônias, ritos e prescrições, tinha uma finalidade educativa - pedagógica, pois servia de “sombra” das coisas que estavam para vir (Cl 2:16,17; Hb 10:1), tudo tendo sido escrito para nosso ensino (Rm 15:4). Assim, a festa judaica de Pentecostes é uma figura, um símbolo, um tipo do derramamento do Espírito Santo e, por isso mesmo, este derramamento se iniciou num dia de Pentecostes, para que, através do que está escrito sobre esta festa judaica, entendêssemos o significado desta operação espiritual, que é fundamental para a nossa vida cristã.

Não é coincidência que o derramamento do Espírito Santo tenha se iniciado no dia de Pentecostes. Em primeiro lugar é importante salientar que estamos diante do “ano aceitável do Senhor” (Lc 4:19), ou seja, o tempo em que haveria a pregação do evangelho. Este ano se iniciou com a morte de Jesus Cristo no Calvário, que nos abriu um novo e vivo caminho para o Pai (Hb 10:20), episódio que, por inaugurar este ano do Senhor, nada mais é que a Páscoa (1Co 5:7). Tanto assim é que, no dia seguinte ao sábado da páscoa, era oferecido um molho das primícias da colheita ao sacerdote (Lv 3:10), que seria movido perante o Senhor, primícia esta que outra não é senão o primogênito dentre os mortos, aquele que ressuscitou no primeiro dia da semana, Cristo Jesus (1Co 15:20,23; Cl 1:18). Em seguida, cinquenta dias depois, vinha o Pentecostes, a festa que indica o início da colheita no ano, ou seja, a ocasião que demonstra o início da salvação da humanidade através da Igreja, o início do movimento do Espírito Santo, baseado no sacrifício de Cristo, com poder e eficácia, em prol da colheita das almas para o reino celestial, algo que perdurará até a festa da colheita final, até o final deste ano, que se dará com a terceira festa, a festa das trombetas ou festa dos tabernáculos, que representa a volta de Cristo, o arrebatamento da Igreja.

2. Como surgiu o termo pentecostalismo. O termo “pentecostalismo” vem da palavra “Pentecostes”(nome atribuído no Antigo Testamento a uma das três principais festas do povo Judeu: Páscoa, Pentecostes e Tabernáculos), haja vista ter sido na Festa de Pentecostes que os discípulos de Jesus receberam a virtude do Espírito (cf. Atos 2). Os Pentecostais crêem no batismo bíblico com o Espírito Santo que nos é dado por Deus mediante a intercessão de Cristo, com a evidência inicial de falar em outras línguas, conforme a Sua vontade, e na atualidade dos dons espirituais distribuídos pelo Espírito Santo à Igreja para sua edificação, conforme a Sua soberana vontade. Isto é pentecostalismo. Todavia, este termo é do início do século XX, quando houve o derramamento do Espírito Santo nos Estados Unidos da América, semelhante à manifestação de Atos dos Apóstolos capítulo 2.

O Pentecostalismo iniciado na Rua Azusa, em Los Angeles, em 1906, está completando 105 anos em 2011. E, como resultado de sua consistência e seriedade, tem-se mantido por todo esse tempo e com certeza continuará até a volta do Senhor. Os desvios e abusos que eventualmente têm surgido não podem descaracterizar aquilo que nasceu no coração de Deus, que é reavivar o seu povo para uma obra do fim. Que Deus nos ajude a ser renovados a cada dia!
II. A TRAJETÓRIA DO PENTECOSTALISMO

Um dos pontos essenciais do pentecostalismo é a crença de que o avivamento da Igreja é contínuo, ou seja, que Deus não cessa de intervir no meio de Seu povo para impedir que a vida espiritual deixe de ser abundante. O livro de Atos registra a dimensão desse avivamento. Avivamento em Jerusalém, em Samaria, em Antioquia da Síria e em Éfeso. E de lá para cá, são muitos os relatos da obra vivificadora do Espírito Santo na história da igreja.

1. A promessa da efusão do Espírito. A efusão do Espírito Santo significou o início do cumprimento de Deus registrado nas profecias de Joel, capítulo 2, verso 28, de derramar seu Espírito sobre todo o seu povo nos tempos do fim. Esse derramamento resultou num fluir sobrenatural do Espírito Santo entre o povo de Deus.

A maior parte dos chamados evangélicos tradicionais (ou reformados), ou seja, as denominações evangélicas surgidas durante a Reforma Protestante, movimento de renovação espiritual surgido a partir do século XV na Europa e que teve, entre outros, grandes expressões nas figuras de Martinho Lutero e João Calvino, argumentam que o derramamento do Espírito Santo foi um acontecimento restrito ao dia de Pentecostes ou, quando muito, aos tempos apostólicos.

Pelo que podemos, portanto, concluir, pelas Escrituras, o derramamento do Espírito Santo, qual ocorreu no Pentecostes, é uma manifestação que tem sua duração prevista até o “grande e glorioso dia do Senhor”.

2. O Movimento Pentecostal tem o testemunho dos séculos. A história da Igreja tem comprovado que os elementos característicos do Movimento Pentecostal não são uma realidade circunscrita aos tempos apostólicos. Durante todos os avivamentos ocorridos nestes dois milênios, tem havido registros da manifestação do batismo com o Espírito Santo e dos espirituais. Grandes homens de Deus, mesmo entre os chamados “reformados”, mostra-nos a história, receberam esta bênção.

Conforme relato que li de alguns estudiosos, a partir da Reforma Protestante, quando a Igreja consegue se livrar dos dogmas romanistas de forma ostensiva e organizada, a história começa a registrar episódios do fenômeno da glossolália, ou seja, do falar em línguas estranhas, com cada vez maior intensidade. T. L. Souer, em sua obra História da Igreja Cristã, no volume 3, na página 406, informa que Martinho Lutero falava em línguas estranhas, sendo que, no século XVII, entre os quacres (grupo religioso protestantes formado na Grã-Bretanha), é dito que, com freqüência, os crentes recebiam o derramamento do Espírito e falavam em línguas, fenômeno que era, também, comum entre os pietistas, grupo protestante da Alemanha.

Seria, porém, no século XIX, que os casos de glossolália aumentariam. Nada mais adequado e oportuno, portanto, que analisemos a Bíblia Sagrada e verifiquemos em que se baseiam as chamadas “doutrinas bíblicas pentecostais”, que nada mais são que os ensinos das Escrituras a respeito da atualidade da operação do Espírito Santo na Igreja, crença esta que foi a principal motivadora para este movimento que, por crer que o Espírito Santo continuava a atuar da mesma maneira que na igreja primitiva, proporcionou a evangelização de praticamente o mundo inteiro em cem anos.
III. O VERDADEIRO PENTECOSTALISMO

O pentecostalismo, embora apresentado pelos evangélicos tradicionais como uma “inovação” foi, na verdade, a retomada da verdade bíblica da atualidade do batismo com o Espírito Santo e dos dons espirituais, portanto, não representou qualquer novidade, mas, pelo contrário, o retorno ao que está na Bíblia, à volta ao texto sagrado, esquecido e desprezado pelos tradicionais quanto a este aspecto. Que bom seria, aliás, que todos nós fôssemos conservadores neste prisma, ou seja, que sempre nos mantivéssemos fiéis e agarrados ao texto bíblico.

1. Características das igrejas pentecostais. Se o movimento Pentecostal é atemporal (contínuo) e bíblico, devemos observar nas próprias Escrituras quais são as suas características, até para que não nos deixemos enganar pelos “falsos avivamentos”, manifestações espirituais espúrias e que nada mais são que falsificações e imitações do inimigo de nossas almas; verdadeiros “ventos de doutrinas” que também estão a aumentar em número, mormente agora quando se aproxima o dia da nossa glorificação.

São igrejas verdadeiramente pentecostais as que:

a) Tem a Bíblia como a sua regra de fé e prática. A Bíblia é o livro da igreja. Igrejas que não valorizam a Palavra de Deus não podem ser consideradas igrejas cristãs. Não são servas da Palavra e nem serva de Cristo. São servas de teologias, de filosofias, do pós-modernismo, do relativismo; são servas de seus fundadores, de seus dogmas, mas não tem Cristo como Senhor, nem sua Palavra como regra de fé e prática. A Bíblia é o Livro de Deus para a Igreja; é nela que encontramos as diretrizes para atingirmos à santidade (ver Ef 4:24-32).

Não se pode concordar com aqueles que identificam o “pentecostalismo” como uma doutrina puramente mística, que privilegia a subjetividade, ou seja, a emoção de cada pessoa, que defenda um “contacto direto e místico” com Deus. A doutrina pentecostal é, sobretudo, bíblica, ou seja, está fundada nas Escrituras e se baseia totalmente nelas. Portanto, o verdadeiro pentecostalismo não admite qualquer outra revelação além das Escrituras Sagradas, pois prima pela ortodoxia bíblica e pela sã doutrina(Gl 1:6-9).

b) Mantém a Comunhão, ou seja, a união entre os crentes e o Senhor, e entre os próprios crentes. Comunhão com Deus significa a separação do pecado e a separação para Deus, a santificação progressiva; enquanto que a comunhão com os irmãos representa a união fraternal, o exercício do verdadeiro amor, o amor divino entre os irmãos, sem o qual não se pode dizer que há amor a Deus (1João 2:9-11; 4:7,8). Preservar o verdadeiro Pentecostes é demonstrar o amor a Deus, evitando o pecado, como também amando o próximo.

c) Conserva o avivamento iniciado no dia de Pentecostes: a manifestação do Batismo no Espírito Santo e dos dons espirituais. É a mesma preocupação que havia no cerimonial do tabernáculo e, depois, do templo de Jerusalém, de não se permitir que o fogo do altar se apagasse (Lv 6:13).

d) Tem compromisso com a santidade. Para manter o Espírito Santo ativo em nós, faz-se necessário que nos mantenhamos separados do pecado, que não voltemos a pecar, bem como que prossigamos a obedecer ao Senhor Jesus. O segredo da conservação do verdadeiro Pentecostes está na santificação e na observância da Palavra de Deus.

O Senhor abomina quem quer se servir dEle, ou seja, quem almeja receber as bênçãos prometidas por Deus aos homens, quem quer, inclusive, ter o poder de Deus na sua vida, mas que não quer, de forma alguma, submeter-se ao senhorio de Cristo. Deus não se deixa escarnecer e, portanto, quem pensa que poderá servir a Deus pecando, terá uma grande decepção naquele Dia! (Mt 7:21-23).

e) Obedece de forma irrestrita a Palavra de Deus. Não basta orarmos, nem tampouco meditarmos na Palavra de Deus, mas precisamos pôr em prática aquilo que aprendemos ao estudarmos a Bíblia Sagrada, como também aquilo que recebemos da orientação direta do Espírito Santo. O conhecimento teórico das Escrituras de nada serve. Jesus mostrou que os fariseus tinham amplo e correto conhecimento da Lei, mas não viviam coisa alguma daquilo que ensinavam (Mt.23:1-3).

f) Mantém a mesma postura dos discípulos e da igreja primitiva, que não se cansava de anunciar a salvação na pessoa de Jesus Cristo, conforme as demandas da Grande Comissão(Mc 16:15-20).

2. Novos Movimentos. O pentecostalismo é um movimento bíblico, e suas doutrinas também são. Um culto legitimamente pentecostal não ignora 1Coríntios 14; antes, oferece um culto racional a Deus, com ordem e decência. Portanto, está com razão aqueles que não aceitam a palavra “neopentecostalismo”, que vem sendo utilizada por estudiosos da religiosidade nos últimos anos, para identificar os movimentos e denominações que têm surgido a partir da década de 1970 e que se constituem, hoje, no ramo que mais cresce entre os chamados “evangélicos”, pelo menos nos países sul-americanos. Não se pode ter um “novo Pentecostes”, ou seja, uma “nova doutrina pentecostal”, ou ainda, para se usar de expressão tão em moda naqueles segmentos referidos, de uma “nova unção”.

A doutrina pentecostal não é uma “inovação”, nem uma “novidade”, mas é algo que está presente na Igreja desde o seu primeiro dia de manifestação ao mundo, ou seja, o dia de Pentecostes, pois é algo que está na Palavra de Deus e, sabemos todos, que esta Palavra não muda, nem jamais mudará (Sl 33:11; Mt 24:35; Lc 21:33; 1Pe 1:23,25). Por isso, seria correto falarmos em “neoigrejas pentecostais”, mas não em “igrejas neopentecostais”.

Sal grosso, fita vermelha, oração por copo d’água, manto de prosperidade, … Não há base bíblica para isso. Tudo isso é fruto dos manipuladores da Palavra da Verdade.

O pentecostalismo autêntico é bíblico, e seus frutos são excelentes! Contudo, sempre há aqueles que dizem o que a Bíblia não diz e mancham o nome de todo um povo. Afastemo-nos, pois, dos falsos ensinos e não larguemos a Palavra de Deus. Busquemos o batismo no Espírito Santo e os dons espirituais, para sermos testemunhas eficazes de Jesus até os confins da Terra!
CONCLUSÃO

Salvar ou assegurar a pureza do Movimento Pentecostal é conservá-lo intacto, mantê-lo genuíno, ou seja, fazer permanecer as suas características, as suas finalidades.

O derramamento do Espírito Santo tem como objetivo transmitir o poder de Deus ao Seu povo até o fim da dispensação da graça, a fim de criar condições para que haja a evangelização do mundo bem como o aperfeiçoamento dos santos até a volta de Cristo. É esta a finalidade do Pentecostes.

Devemos manter estes propósitos constantes das Escrituras: o poder de Deus é transmitido para a glória do Senhor, para a salvação das almas e para o aperfeiçoamento dos santos. Qualquer outro intento que se apresente deve ser repudiado.

Não se pode adotar o misticismo estéril (porque não gera frutos para o reino de Deus) que tanto tem invadido as igrejas locais, nem tampouco se dispensar o verdadeiro Pentecostes por conta de uma “ortodoxia” que, em verdade, representa um formalismo vazio, oco e que, não raro, revela um descrédito no Evangelho completo e poderoso, tal qual constante nas páginas sagradas.

3 comentários:

  1. Embora eu seja tradicional , gostei muito de sua abordagem pois repeita os reformados . Mas , passiveld e correção seria apenas em considerar que reformados também realizam as mesmas obras com a mesma fé embora nao creiamos num segundo batismo no espirito santo. Ao passo que segurante somos irmãos e nao haveria a necessidade de rebatizar tais que nao falam em liguas ou profetizam . Mas entender que a graça de Deus se manisfestou salvadora a todos os perdidos que crêem .

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    1. Obrigado meu irmão por visitar nosso Blog, e pelas considerações feitas.

      É sempre bom ouvir sugestões, pois assim cresceremos juntos!

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