07/06/2010

LIÇÃO 10 - O VALOR DA TEMPERANÇA

INTRODUÇÃO


No capítulo 35 do livro do profeta Jeremias, Deus contrasta a fidelidade dos recabitas com a apostasia do povo de Judá.

Tornando-se interessante observar que nas entrelinhas deste capítulo 35, o Senhor não dá muita ênfase ao padrão de vida que os

recabitas levavam, e sim ao “autocontrole” daquele povo. O livro do profeta Jeremias está repleto de momentos em que o Deus de

Israel usa de diversas formas e maneiras para atrair o seu povo ao centro da sua vontade. Eis então mais um grandioso exemplo

deixado por Deus, tanto para a nação de Israel, que naquele tempo precisava de tal aprendizado, como também para nós nestes

últimos dias. Alimentemo-nos então com esta tão sublime maneira de Deus ensinar ao seu povo.

I – A ORIGEM DOS RECABITAS

Pouco podemos falar sobre este povo e principalmente sobre sua origem, salvo algumas informações que temos na Bíblia Sagrada.

Sabemos que no tocante a religião eles eram grandes defensores do nome do Senhor Jeová, pois quando Israel, no período que era

governado pelo rei Onri, estava fortemente voltado ao culto à Baal. Encontramos Jonadabe tomando a iniciativa de sair ao encontro de

Jeú, para pelejar contra a casa de Acabe. “E, partindo dali, encontrou a Jonadabe, filho de Recabe, que lhe vinha ao encontro, o

qual saudou e lhe disse: Reto é o teu coração para comigo, como o meu o é para contigo? E disse Jonadabe: É. Então, se é, dá-me

a mão. E deu-lhe a mão, e Jeú fê-lo subir consigo ao carro” (II Rs 10.15).

1.1-Definindo o termo.

· Recabitas: ( Do hb. ) Significa: “Carreteiro”. Pois deriva-se de uma raiz que significa “montar”, “dirigir”.

1.2-Considerando alguns pontos.

· Recabe. Filho de Rimom, o beerodita, da tribo de Benjamim. Junto com seu irmão Baaná, era líder entre os soldados de

Saul. Depois da morte deste rei, seu filho Is-Bosete assumiu seu lugar mediante o apoio de Abner e de 11 tribos de Israel,

enquanto a de Judá seguia Davi. “Porém Abner, filho de Ner, capitão do exército de Saul, tomou a Is-Bosete, filho de

Saul, e o fez passar a Maanaim. E o constituiu rei sobre Gileade, e sobre os assuritas, e sobre Jizreel, e sobre Efraim, e

sobre Benjamim, e sobre todo o Israel. Da idade de quarenta anos era Is-Bosete, filho de Saul, quando começou a reinar

sobre Israel, e reinou dois anos; mas os da casa de Judá seguiam a Davi” (II Sm.2.8-10). Tempos depois, Abner foi

assassinado, Recabe e Baaná pensaram que receberiam o favor de Davi se matassem Is-Bosete, o que realmente fizeram.

Levaram a cabeça dele ao novo rei, o qual ficou furioso. Davi nunca desejaria destruir a família de Saul desta maneira, pois

sempre se dispôs a esperar o tempo de Deus. Davi então mandou matar Recabe e Baaná pela traição que cometeram contra

Is-Bosete. (II Sm.4.2,5,6,9-12).

· Recabe. Mencionado como o pai de Jonadabe, o qual apoiou Jéu em sua luta contra Acabe.“E entrou Jeú com Jonadabe,

filho de Recabe, na casa de Baal, e disse aos servos de Baal: Examinai, e vede bem, que porventura nenhum dos servos

do Senhor aqui haja convosco, senão somente os servos de Baal.” (II Rs 10.23).

· Queneus. Vale apena também atentarmos para uma referência aos “queneus, que vieram de Hamate, pai da casa de Recabe”.

Vejamos o que diz o texto: “E as famílias dos escribas que habitavam em Jabez foram os tiratitas, os simeatitas e os

sucatitas; estes são os queneus, que vieram de Hamate, pai da casa de Recabe.” (I Cr 2.55). É bem provável que Hamate,

seja o pai de Recabe; porém, pode ser apenas uma referência feita à um lugar, que talvez os queneus tenham vivido. O

próprio Recabe pode ter-se referido simplesmente a um grupo de pessoas cujos ancestrais foram os queneus.

II – O ESTILO DE VIDA DOS RECABITAS

Existem muitas divergências quanto a posição social e o estilo de vida dos recabitas. Alguns pensam que eles seriam homens

simples do deserto, e outros que seriam nômades criadores de rebanhos. Outros chegam até a pensar que eles eram uma corporação

social muito importante. Estudiosos dizem que as regras dele visavam à preservação da simplicidade primitiva, ou seja, a manutenção

do estilo nômade, pois a vida civilizada, geralmente leva as pessoas para à apostasia. Podemos fundamentar esta maneira de entender

sobre três pressupostos:

· A abstenção de bebidas alcoólicas é própria da sociedade nômade;

· Viver em tendas é o estilo de vida próprio dos nômades;

· Desprezar à prática da agricultura também é próprio dos nômades.

Os recabitas amavam a vida no deserto. Eles consideravam as cidades corruptoras da boa moral, e jamais estariam em Jerusalém

se não tivessem sido forçados a fugir do ataque inicial dos babilônios contra Judá. “Sucedeu, porém, que, subindo Nabucodonosor,

rei de Babilônia, a esta terra, dissemos: Vinde, e vamo-nos a Jerusalém, por causa do exército dos caldeus, e por causa do exército

dos sírios; e assim ficamos em Jerusalém” (Jr 35.11).



III – O EXEMPLO DOS RECABITAS

Jeremias tinha uma mente muito fértil para ensinar lições objetivas em apoio aos seus ensinamentos e, naturalmente a palavra

de Deus o ajudava muito nisso. O profeta sabia da reputação dos recabitas e queria “submetê-los a teste” concernente à proibição que

eles haviam recebido para que não tocassem em vinho. “Porém eles disseram: Não beberemos vinho, porque Jonadabe, filho de

Recabe, nosso pai, nos ordenou, dizendo: Nunca jamais bebereis vinho, nem vós nem vossos filhos.” (Jr 35.6).

3.1- Aprendendo com os recabitas.

Podemos tirar fortes lições de vida da atitude dos recabitas ante a oferta do profeta Jeremias:

· Obediência. Não existe qualidade que mais agrade a Deus do que um filho obediente. “Obedecemos, pois, à voz de

Jonadabe, filho de Recabe, nosso pai, em tudo quanto nos ordenou; de maneira que não bebemos vinho em todos os

nossos dias, nem nós, nem nossas mulheres, nem nossos filhos, nem nossas filhas” (Jr 35.8). “Porém Samuel disse:

Tem porventura o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à palavra do Senhor? Eis

que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de carneiros” (I Sm 15.22).

· Fidelidade. Aquele povo preservava a sua cultura e foram fiéis aos seus preceitos. Hoje em nossos dias precisamos ser fiéis

aos nossos líderes para obtermos a benção de Deus em nossas vidas. Deus mostra a sua fidelidade ao seu povo. “As

benignidades do Senhor cantarei perpetuamente; com a minha boca manifestarei a tua fidelidade de geração em

geração” (Sl.89.1). “Novas são cada manhã; grande é a tua fidelidade” (Lm 3.23).

· Fugiam da Idolatria e imoralidade. O povo naquela época eram influenciados a idolatria e as orgia, porém os recabitas não

se dobravam a essas práticas. “Mas escrever-lhes que se abstenham das contaminações dos ídolos, da prostituição, do que

é sufocado e do sangue” (At.15.20). “Filhinhos, guardai-vos dos ídolos. Amém” (I Jo 5.21).

IV- O QUE É TEMPERANÇA

Do grego “engkrateia” (o termo original) de “autodomínio”. Esta palavra aparece na forma substantiva somente em três passagens

do Novo Testamento (Gl 5.22; At. 24.25; II Pe 1.6). É o autocontrole que a pessoa exerce sobre seus desejos e sua busca incontida

pelo prazer. Aristóteles, filósofo grego, por sua vez, define uma pessoa temperante como alguém com imensas paixões, mas tudo sob

controle. A pessoa intemperante é considerada por ele como alguém que escolhe deliberadamente praticar o que é errado, mas como

alguém desprovido de forças para resistir à tentação.

4.1- O valor da temperança.

· A temperança conduz o crente a uma vida disciplinada em tudo. “E todo aquele que luta de tudo se abstém; eles o fazem

para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, uma incorruptível” (I Co 9.25).

· A temperança integra a armadura espiritual do crente. “Mas nós, que somos do dia, sejamos sóbrios, vestindo-nos da

couraça da fé e do amor, e tendo por capacete a esperança da salvação” (I Ts 5.8).

· A temperança capacita o crente a ser tolerante, moderado e equilibrado. “Melhor é o que tarda em irar-se do que o

poderoso, e o que controla o seu ânimo do que aquele que toma uma cidade” (Pv 16.32).

· A temperança protege o crente dos ataques do inimigo. “Como a cidade derrubada, sem muro, assim é o homem que não

pode conter o seu espírito” (Pv 25.28).

· A temperança é indispensável aos líderes. “Mas dado à hospitalidade, amigo do bem, moderado, justo, santo, temperante”

(Tt 1.8).

CONCLUSÃO

A falta de temperança pode levar o cristão a cometer os desejos pecaminosos da carne. O melhor antídoto contra isso é estar cheio

do Espírito Santo, porque desta maneira estaremos sob o seu controle. Ele nos ajuda a dominar nossas fraquezas, e submetermo-nos à

sua vontade. “E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito” (Ef. 5.18). O fruto da

temperança suscitado pelo Espírito Santo opõe-se a todas as obras da natureza pecaminosa carnal e humana. Ao longo da vida terrena,

precisamos exercer o governo disciplinado sobre os desejos da carne. Que possamos aprender e colocar em prática este grande

exemplo de temperança deixado pelos recabitas.

REFERÊNCIAS:

· Bíblia de Estudo Pentecostal. C.P.A.D.

· Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. R. N. Champlin. HAGNOS.

· O Antigo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. R. N. Champlin. HAGNOS.

· Dicionário Teológico. Claudionor Corréa de Andrade. C.P.A.D.

· O fruto do Espirito. Antônio Gilberto. C.P.A.D.



Publicado no site da Rede Brasil de Comunicação

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