Texto Base: Romanos 12:1-12
“Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão
de Deus, que apresenteis o vosso corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a
Deus, que é o vosso culto racional”(Rm 12:1).
INTRODUÇÃO
Nesta Aula, estudaremos o capítulo 12 da
Epístola aos Romanos. O capítulo 12 ao 16 responde à pergunta: “como deve ser a
vida diária dos que foram justificados pela graça?”. Paulo trata de nossos
deveres em relação a outros cristãos, à comunidade, aos nossos inimigos, ao
governo e aos irmãos mais fracos. Paulo mostra que após experimentar da graça
divina não é mais possível viver segundo as normas ou a maneira de pensar deste
mundo pecaminoso (Rm 12:1,2). Uma vida transformada tem relacionamentos
transformados. Não podemos amar a Deus e odiar nossos irmãos; não podemos ter
um relacionamento vertical correto se os relacionamentos horizontais estão
errados. O apóstolo também mostra que como novas criaturas, pertencemos ao um
corpo, o “Corpo de Cristo”. Cada membro desse Corpo recebeu dons e talentos e
estes precisam ser usados com humildade, amor, sabedoria, contribuindo para o
bem-estar de todos.
I.
EM
RELAÇÃO A MORDOMIA DA ADORAÇÃO CRISTÃ (Rm 12:1,2)
1.
Uma
exortação em forma de apelo. “Rogo-vos, pois, irmãos, pela
compaixão de Deus...”(Rm 12:1). A parte prática da Epístola começa
com uma convocação, um apelo, um chamado, uma convocação do apóstolo – “Rogo-vos” -, que, em outras versões, é
“exorto-vos”; é a primeira palavra desta parte da Epístola aos romanos. No
texto original grego é “parakaleo”, que tem
o sentido de exortar, apelar, convocar, chamar, rogar, mas no sentido de
chamado. A razão pela qual Paulo roga aos crentes judeus e gentios com esse tom
de autoridade é porque Deus já lhes havia demonstrado sua copiosa misericórdia.
Exortar é estimular, incentivar, dar estímulo por meio de algo. Paulo, após ter
mostrado o maravilhoso plano de Deus para a salvação do homem e o Seu absoluto
controle para o cumprimento de Suas promessas, lança um convite, um chamado aos
crentes de Roma para que, diante do conhecimento deste propósito de Deus para
os homens, passassem a viver de acordo com a vontade do Senhor.
2.
Uma
palavra concernente ao corpo (Rm 12:1) – “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas
misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo
e agradável a Deus, que é o vosso culto racional”. Paulo apresenta uma
exposição doutrinária, e em seguida uma exortação ética, interligando ambas
pela conjunção “pois” (Rm 12:1). Nunca é demais
ressaltar que Paulo sempre baseia o dever na doutrina. Mostra que o caráter é
determinado pelo credo.
– “…que apresenteis o vosso corpo…”. O termo “apresenteis”, neste versículo,
significa “apresenteis de uma vez por todas”. Paulo ordena uma
entrega definitiva do corpo ao Senhor, como os noivos se entregam um ao outro
na cerimônia de casamento. Esse sacrifico é descrito como “vivo” em contraste
com os sacrifícios antigos cuja vida era tirada antes de ser apresentada sobre
o altar; como “santo”, isto é, consagrado, separado e reservado para o serviço
de Deus; e “agradável” a Deus”, como o ascender em sua presença da oferta
aromática de outrora oferecida no ritual judaico.
Concordo com John Stott quando diz que nenhum culto
é agradável a Deus quando é unicamente abstrato e místico; nossa adoração deve
expressar-se em atos concretos de serviço manifestados em nosso corpo.
Glorificamos a Deus em nosso corpo quando
contemplamos o que é santo, quando nossos ouvidos se deleitam no que é puro,
quando nossas mãos praticam o que é reto, quando nossos pés caminham por
veredas de justiça.
Paulo diz que a oferta do nosso corpo a Deus como
sacrifício vivo, santo e agradável é nosso culto racional. A palavra, no
original grego, carrega a ideia de razoável, lógico e sensato. Trata-se,
portanto, de um culto oferecido de mente e coração, culto espiritual em
oposição a culto cerimonial.
– “…por sacrifício vivo…”. Como pode o corpo tornar-se um sacrifício?
Deixe que o olho não veja nada mau, e ele se tomará um sacrifício; permita que
a língua não diga nada vergonhoso, e ela se tornará uma oferta; deixe que a mão
não faça nada ilegal, e ela se tornará uma oferta em holocausto. Todavia, isso
não será suficiente; precisamos ter a prática ativa do bem: a mão precisa
ajudar o necessitado; a boca precisa abençoar em lugar de amaldiçoar; o ouvido
precisa dar atenção sem cessar aos ensinamentos divinos. Pois um sacrifício não
tem nada impuro; um sacrifício é a primícia de outras coisas. Portanto, que nós
possamos produzir frutos para Deus com as nossas mãos, com os nossos pés, com a
nossa boca e com todos os nossos outros membros(Lopes, Hernandes Dias. Romanos
– O evangelho segundo Paulo).
3.
Uma
palavra concernente à mente (Rm 12:2) – “E não vos conformeis com este
século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que
experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”.
Há duas palavras que regem esse versículo:
conformação e transformação. O crente é alguém que não se amolda ao esquema do
mundo, mas se transforma pela renovação da mente. “Mundo”, aqui, não significa
o universo, a Terra e nem mesmo seus habitantes e, sim, o sistema que impera em
nossa sociedade e que é contrário a Deus. É nesse sentido que o Novo Testamento
fala que antes de nos convertermos, nós andávamos “segundo o curso deste
mundo”, que “o mundo jaz no maligno” e que o diabo é “o príncipe deste mundo”.
Quem não segue a Jesus segue o mundo e seu príncipe e que tudo que ele pensa
não está moldado por Deus e Sua Palavra (Rm 12:1,2, 1João 2:15-17, Ef 2:2).
Paulo nos ensina que quem se converteu está
crucificado para o mundo e o mundo para ele. Em outras palavras, não dá para
viver nos dois barcos. Não dá para ser cidadão de dois reinos. No reino de Deus
não é permitida dupla cidadania. Nesta guerra não podemos ficar na
neutralidade. É por isso também que ele afirma que não devemos nos conformar
com este mundo, ou seja, tomar a forma do mundo ou nos amoldarmos a ele (Rm
12:1,2). Apontando na mesma direção, João nos afirma que não devemos amar o
mundo nem o que nele há, porque não dá para amar a Deus e ao mundo ao mesmo
tempo (1João 2:15-17).
Alguém disse, com propriedade, que “ou a igreja
transforma o mundo ou o mundo deforma a igreja”. Aqui não dá para haver
convivência pacífica. Tristemente, temos visto que a filosofia mundana vai
invadindo a igreja em termos de linguagem, vestuário, gírias, ritmos, bebida,
namoro, costume, modismo, etc., e nem mais temos critério para discernir tudo
isso – já virou cultura. Quando o cristão se deixa enganar pelas propostas desse
mundo espiritualmente tenebroso, torna-se escravo de um sistema maligno que
rouba, mata e destrói (João 10:10). Sua única saída é retornar imediatamente ao
seio do Pai, por Jesus Cristo, nosso libertador (João 8:36).
O Rev. Hernandes Dias Lopes diz que o mundo tem uma
fôrma. Essa fôrma é elástica e flácida; é a fôrma do relativismo moral, da
ética situacional e do desbarrancamento da virtude; é um esquema que muda todo
dia. O crente em vez de entrar nessa fôrma para ser conformado a ela, deve ser
transformado de dentro para fora, pela renovação da sua mente. Em vez de viver
pelos padrões de um mundo em desacordo com Deus, o crente é exortado a deixar
que a renovação de sua mente, pelo poder do Espírito Santo, transforme sua vida
harmonizando-a com a vontade de Deus. O crente não deve conformar-se com o
mundo porque a fôrma do mundo muda todo dia: o errado ontem é certo hoje; o
repudiado ontem é aplaudido hoje; o vergonhoso ontem é praticado à luz do dia
hoje. Nós, porém, seguimos um modelo absoluto, que jamais fica obsoleto. Esse
modelo é Jesus!
Alguém disse que se o mundo controlar a nossa
maneira de pensar, seremos conformados; mas, se Deus controla nossa maneira de
pensar, somos transformados. A transformação interior é a única defesa efetiva
contra a conformidade exterior, com o espírito do tempo presente. Temos, assim,
uma metamorfose gerada pelo Espírito Santo. Quando o nosso corpo é consagrado e
nossa mente é transformada, nosso culto torna-se racional e experimentamos a
boa, perfeita e agradável vontade de Deus. (Lopes, Hernandes Dias – Romanos
– o evangelho segundo Paulo).
A nossa mente precisa estar constantemente ocupada
com o que é verdadeiro, respeitável, justo, puro, amável, de boa fama, virtuoso
e que encerra louvor. Somente em Cristo temos real condição de sermos
transformados para a adoração.
II. EM RELAÇÃO À MORDOMIA DO EXERCÍCIO
DOS DONS (Rm 12:3-8)
Trataremos neste tópico acerca do nosso serviço a
Cristo por meio dos dons espirituais.
1.
Exercitá-los
com moderação e humildade. “Porque, pela graça que me é
dada, digo a cada um dentre vós que não saiba mais do que convém saber, mas que
saiba com temperança, conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um”(Rm
12:3). Paulo adverte os crentes de que o orgulho exagerado não
deve ter lugar em sua vida. Não devemos jamais ter um conceito exagerado de
nossa importância nem ter inveja de outros. Precisamos entender que cada pessoa
é singular e todos nós temos funções importantes a realizar para o Senhor.
Devemos nos alegrar com o lugar que Deus deu a cada um na Igreja e procurar
exercer nossos dons com todo o poder que Deus concede. Em outras palavras, tudo
que temos, no sentido de capacidades naturais ou dons espirituais, deve ser
usado com humildade para edificar o Corpo de Cristo. Se formos orgulhosos, não
poderemos exercitar a nossa fé e os nossos dons em benefício dos outros.
2.
Exercitá-los
respeitando sua diversidade. Exorta o apóstolo Paulo: “Porque assim como em um corpo temos muitos membros, e nem todos os
membros têm a mesma operação, assim nós, que somos muitos, somos um só corpo em
Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros. De modo que, tendo
diferentes dons, segundo a graça que nos é dada…” (Rm 12:4-6).
Paulo apresenta o retrato da identidade do povo
redimido de Deus. O novo povo de Deus é como um corpo humano: tem muitos
membros, mas cada um tem um papel único. A saúde e o bem-estar do corpo
dependem do funcionamento adequado de cada membro. No Corpo de Cristo: há
unidade (um só corpo), diversidade (muitos) e interdependência (membros uns dos
outros). Assim como nosso corpo não pode ser desmembrado, nós também somos
membros uns dos outros. Os membros trabalham juntos para fazer todo o corpo
funcionar e quando isso não acontece o corpo sofre.
A marca das obras de Deus é a diversidade, não a
uniformidade. Na comunidade cristã, há muitos homens e mulheres das mais
diversas origens, ambientes, temperamentos e capacidades. E não só isso, mas,
desde que se converteram a Cristo, são também dotados por Deus de grande
variedade de dons espirituais e ministeriais. Entretanto, graças a essa
diversidade e por meio dela, cada um pode cooperar para o bem do todo. Assim
como o corpo humano tem vários membros, Deus concedeu à Igreja vários dons.
Somos diferentes uns dos outros para suprir as necessidades uns dos outros.
3.
Exercitá-los
com esmero e regularidade.
Exorta o apóstolo Paulo: “… se é profecia, seja ela segundo
a medida da fé; se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja
dedicação ao ensino; ou o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte,
faça-o com liberalidade; o que preside, com cuidado; o que exercita
misericórdia, com alegria” (Rm 12:6-8).
Nestes textos de Romanos 12:6-8, Paulo dá
instruções acerca do uso de certos dons. Essa lista não abrange todos os dons;
a intenção é que seja indicativa, e não exaustiva. Os dons mencionados aqui são
divididos em duas categorias: dons de fala (profecia, ensino e exortação) e
dons de serviço (servir, contribuir, liderança e mostrar misericórdia). É
bastante óbvio que Paulo não estar falando de cargos, mas dos dons. Nem todo
dom implica um cargo diferente. Muitos dos dons que Deus dá ao seu povo não
exigem nenhum cargo.
Nossos dons diferem “segundo a graça que nos foi
dada” (Rm 12:6). Em outras palavras, a graça de Deus concede dons diferentes a
pessoas diferentes. Deus também dá a força ou capacidade necessária para
usarmos os dons. Assim, temos a responsabilidade de usar essas aptidões
concedidas por Deus como bons despenseiros.
III. EM RELAÇÃO À MORDOMIA DA PRÁTICA
DAS VIRTUDES CRISTÃS (Rm 12:9-21)
Neste tópico trataremos acerca de algumas
características que todo cristão deve desenvolver ao se relacionar com outros
cristãos e com não-cristãos.
1.
Exercitar
o amor (Rm 12:9,10). “O amor seja não fingido. Aborrecei o mal e apegai-vos ao bem.
Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em
honra uns aos outros”.
O amor a Deus e ao próximo é a essência do
cristianismo, por isso é uma exigência bíblica. No evangelho de Lucas 10:27 o
amor a Deus e ao próximo é um mandamento divino: “Amarás ao Senhor teu Deus, de
todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo
o teu entendimento e ao teu próximo como a ti mesmo”. Aquele ou
aquela que conhece a Deus, ama de forma verdadeira e perfeita. Quem não
conhece a Deus, quem não tem o seu caráter regenerado, não pode amar; e sem
amor é impossível viver uma vida plena – “Aquele que não ama não conhece
a Deus; porque Deus é amor”(1João 4:8); sem amor, Jesus não o
reconhece como seu discípulo: “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes
uns aos outros”(João 13:35).
Se somos participantes da Igreja de Cristo, se
somos servos de Jesus neste mundo, devemos, acima de tudo, sermos instrumentos
desse amor, pois se somos alvos do amor de Deus, devemos refletir esse mesmo
amor através do nosso viver. O amor deve reger nossos relacionamentos. O amor é
o sistema circulatório do corpo espiritual, permitindo que todos os membros
funcionem de maneira saudável e harmoniosa.
John Stott diz que a receita do amor tem doze
ingredientes:
a) Sinceridade – “O amor seja sem hipocrisia” (Rm
12:9a). O amor não é teatro; ele faz parte da vida real.
b) Discernimento – “Detestai o mal, apegando-vos ao
bem” (Rm 12:9b). O cristão deve apegar-se ao bem e abominar o mal com todas as
forças da sua alma. Precisa sentir aversão e repugnância pelo mal. Não pode ser
uma pessoa amorfa, insípida, que fica sempre em cima do muro, sem se
posicionar.
c) Afeição – “Amai-vos cordialmente uns aos outros
com amor fraternal” (Rm 12:10a). Devemos amar nossos irmãos em Cristo como
amamos os membros da nossa família de sangue.
d) Honra – “[…] preferindo-vos em honra uns aos
outros” (Rm 12:10b). O amor na família cristã deve expressar-se em honra mútua,
assim como em afeição mútua.
e) Entusiasmo – “No zelo, não sejais remissos; sede
fervorosos de espírito, servindo ao Senhor” (Rm 12:11). A apatia não combina
com a vida cristã. O crente precisa ser um indivíduo em chamas para Deus.
Precisa arder de zelo pelas coisas de Deus. É alguém que serve a Deus com
fervor. Aqueles que são mornos provocam náuseas em Jesus à semelhança da igreja
de Laodicéia, que estão prestes a ser vomitados pelo Senhor.
f) Paciência – “Regozijai-vos na esperança, sede
pacientes na tribulação, na oração, perseverantes” (Rm 12:12). O crente cruza
os vales da vida com os olhos cravados na esperança da gloriosa volta de
Cristo. Ele se alimenta de uma viva esperança, enquanto pacientemente enfrenta
as tribulações com uma vida de oração perseverante.
g) Generosidade – “Compartilhai as necessidades dos
santos” (Rm 12:13a). Isto pode significar tanto participar das necessidades e
dos sofrimentos dos outros, como repartir os nossos recursos com eles. Davi
diz: “Bem-aventurado o que acode ao necessitado; o Senhor o livra no dia do
mal. O Senhor o protege, preserva-lhe a vida e o faz feliz na terra; não o
entrega à discrição dos seus inimigos. O Senhor o assiste no leito da
enfermidade; na doença, tu lhe afofas a cama” (Sl 41:1-3). Devemos ter uma
terna compaixão pelos necessitados. A Bíblia diz: “…se abrires a tua alma ao
faminto e fartares a alma aflita, então, a tua luz nascerá nas trevas, e a tua
escuridão será como o meio-dia” (Is 58:10).
h) Hospitalidade – “[…] praticai a hospitalidade”
(Rm 12:13b). Se com os necessitados precisamos ser generosos, com os visitantes
devemos ser hospitaleiros. O cristão não tem apenas seu coração e bolso
abertos, mas também sua casa. Ele é hospitaleiro. O cristianismo é a religião
do coração aberto, da mão aberta e da porta aberta.
i) Boa vontade – “Abençoai os que vos perseguem,
abençoai e não amaldiçoeis” (Rm 12:14). O cristão deve desejar o bem até mesmo
para aqueles que lhe desejam o mal. O Rev. Hernandes Dias Lopes diz que a
língua do cristão não deve ser rogo e veneno, mas árvore frutífera e fonte que
jorra água límpida. Suas palavras são medicina. O cristão deve tornar a vida
das pessoas mais suave com suas palavras. Ele é um encorajador. Suas palavras
aliviam o fardo; são azeite na ferida. Suas palavras são verdadeiras, boas,
oportunas e encontram graça.
j) Simpatia – “Alegrai-vos com os que se alegram e
chorai com os que choram” (Rm 12:15). O amor nunca se mantém longe das alegrias
e das dores dos outros. O Rev. Hernandes Dias Lopes afirma que o cristão não é
solitário, mas solidário. Ele chora com o que sofre e alegra-se com o que se
alegra. Trafega da festa de casamento para o funeral e do cemitério para um
aniversario e solidariza-se com seus irmãos tanto em suas tristezas como em
suas alegrias. O amor nunca se afasta das alegrias e das dores dos outros.
k) Harmonia – “Tende o mesmo sentimento uns para
com os outros” (Rm 12:16a). Os cristãos devem viver em concordância uns com os
outros. Devem ser unânimes entre si, nutrir os mais nobres sentimentos e
praticar as mais excelentes atitudes entre si.
l) Humildade – “[…] em lugar de serdes orgulhosos,
condescendei com o que é humilde; não sejais sábios aos vossos próprios olhos”
(Rm 12:16b). Entre os cristãos não há espaço para o esnobismo. O amor coloca o
outro na frente do eu. O Rev. Hernandes Dias Lopes afirma que o cristão não
pode aplaudir a si mesmo e colocar placas de honra ao mérito ao longo de seu
caminho. Não é aprovado quem a si mesmo louva, diz a Palavra de Deus.
2.
Exercitar
o serviço cristão. Disse Paulo: “Não sejais vagarosos no
cuidado; sede fervorosos no espírito, servindo ao Senhor” (Rm
12:11). A vida cristã é uma vida de serviço, de um serviço em todas as áreas da
vida, de um cumprimento de tarefas determinadas pelo Senhor e da qual
prestaremos contas quando chegarmos à eternidade.
A palavra servir tem uma tonalidade de
submissão. Entre os militares essa expressão é muito comum, como, por exemplo:
“Estou servindo no Aeroporto Pinto Martins”. Outros
militares falam: “Estou servindo em Fortaleza, Belém etc.”.
Dá a ideia de submissão a uma autoridade superior. Da mesma maneira os cristãos
servem ou devem servir ao Senhor.
Na parábola dos dois servos, Jesus nos mostra,
claramente, que cada salvo é um servo e que todo servo é alguém que tem de
servir, que tem de prestar um serviço, serviço que deve ser “assim”, ou seja,
segundo um modelo, um padrão estabelecido pelo Senhor. Ele disse:
“Bem-aventurado aquele servo que o Senhor, quando vier, achar servindo
assim”(Mt.24:46).
“Agora, pois, que é que o
Senhor, teu Deus requer de ti, senão que temas ao Senhor teu Deus, que andes em
todos os seus caminhos, e o ames e sirvas ao Senhor, teu Deus de todo o teu
coração e de toda a tua alma”(Dt 10:12). Estas palavras foram ditas
ao povo de Israel e que se aplicam, literalmente, a todos nós que pertencemos à
Igreja do Senhor.
3.
Exercitar
a resistência ao mal. Adverte
o apóstolo Paulo: “Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem” (Rm
12:21). O crente age transcendentalmente. Não é vencido pelo mal; ele vence o
mal com o bem. O bem é o amor ao próximo e de modo geral a vontade de Deus. A
primeira vitória sobre o mal é o amor. Abraão Lincoln dizia que a única maneira
de vencer um inimigo é fazendo dele um amigo.
Estêvão, quando apedrejado, orou: “Senhor Jesus, não lhes imputes esse pecado” (At 7:60).
A Bíblia diz que devemos abençoar os nossos inimigos e orar por eles. Se o
nosso inimigo tiver fome, devemos dar-lhe de comer, se tiver sede, devemos
dar-lhe de beber. O misericordioso perdoa as ofensas. Ele não registra mágoas.
Ele não guarda rancor. Ele não armazena ira. Ele perdoa. Ele vence o mal com o
bem. Quem não perdoa não pode ofertar, não pode adorar, não pode ser perdoado.
Quem não perdoa adoece, é flagelado pelos verdugos da consciência e jamais
receberá misericórdia. “O juízo é sem misericórdia para
aquele que não exerce misericórdia” (Tg 2:13).
CONCLUSÃO
Somente os salvos tem uma nova vida em
Cristo. A nova vida em Cristo consiste em viver separado do mundo de pecado,
viver em santidade, não conformado com o mundo. Esta deve ser uma das
características dos crentes salvos, porquanto esta é uma das exigências de Deus
– “como filhos obedientes, não vos conformando com as concupiscências
que antes havia em vossa ignorância; mas, como é santo aquele que vos chamou,
sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver, porquanto escrito
está: Sede santos, porque eu sou santo”(1Pd 1:14-16). Na Igreja
Primitiva os Cristãos eram ensinados a viver entre os pagãos, andando de forma
diferente da deles; eram ensinados a viver no mundo, não deixando que o mundo
vivesse neles. Hoje, por certo, não é diferente. Os que estão andando como
salvos observam o ensino de Paulo: “Para que sejais irrepreensíveis
e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio duma geração corrompida e
perversa, entre a qual resplandeceis como astros no mundo”(Fp 2:15).
Para viver como salvo é necessário o viver em Santidade. Você está vivendo?