26/04/2016

Lição 5 - A Maravilhosa Graça


Introdução

      Na lição de hoje estudaremos sobre a Graça de Deus. O homem estava perdido e Deus soberanamente decidiu, por sua graça, manifestar a salvação através de Cristo Jesus.
          O termo graça, vem do latim gratus (agradável, amável) e do latim charis, que em sua tradução envolve muitos sentidos: favor, cuidado ou ajuda graciosa, boa vontade. A graça envolve termo como perdão e salvação, neste sentido significando favor imerecido.
       Champlin nos ensina que: “o principio da graça divina, em contraste com a lei e os méritos humanos, através de cujo princípio a salvação é oferecida aos homens. A misericórdia e a graça divinas são dadas aos homens sobre o fundamento da missão de Cristo, recebidas pela fé (Ef 2.5,8; Cl 1.6)

I - A Graça como meio da Salvação
O livre favor divino é recebido, mas nunca merecido, mediante a fé.
A Graça opera por causa do amor de Deus através do mesmo. Ela é divina e não tem sua origem no homem.
Através da Graça Deus redime o homem de modo totalmente à parte de seus méritos pessoais e não em cooperação com os mesmos, porquanto a salvação vem exclusivamente pela fé, independente de obras, contudo, cabe ressaltar que a graça e as obras são sinônimas, pois a dalvação inclui necessariamente a santificação, e esta tem de incluir as obras santas.

II - Graça Barata x Graça cara
          “Não pode ser barato para nós aquilo que custou caro para Deus”, disse Dietrich Bonhoeffer antes de ser morto pelos nazistas. Em tempos difíceis como o nosso, em que a injustiça anda de mãos dadas com a impunidade sem precedente em nossa história, em que o céu é apresentado sem a existência da realidade do inferno, este tema se faz urgente, e muito necessária a sua reflexão! Leia as palavras de Bonhoeffer:
          “A graça barata é a pregação do perdão sem arrependimento, é o batismo sem a disciplina comunitária, é a Ceia do Senhor sem confissão dos pecados, é a absolvição sem confissão pessoal. A graça barata é a graça sem discipulado, a graça sem a cruz, a graça sem Jesus Cristo vivo, encarnado.
A graça preciosa é o tesouro oculto no campo, por amor do qual o ser humano sai e vende com alegria tudo quanto tem; a pérola preciosa, para cuja aquisição o comerciante se desfaz de todos os seus bens; o senhorio régio de Cristo, por amor do qual o ser humano arranca o olho que o faz tropeçar; o chamado de Jesus Cristo, pelo qual o discípulo larga suas redes e o segue.
A graça preciosa é o Evangelho que se deve procurar sempre de novo, o dom pelo qual se tem que orar, a porta à qual se tem que bater. Essa graça é preciosa porque chama ao discipulado, e é graça por chamar ao discipulado de Jesus Cristo; é preciosa por custar a vida ao ser humano, e é graça por, assim, lhe dar a vida; é preciosa por condenar o pecado, e é graça por justificar o pecador. Essa graça é sobretudo preciosa por ter sido preciosa para Deus, por ter custado a Deus a vida de seu Filho – “vocês foram comprados por preço” – e porque não pode ser barato para nós aquilo que custou caro para Deus. A graça é preciosa sobretudo porque Deus não achou que seu Filho fosse preço demasiado caro para pagar pela nossa vida, antes o deu por nós. A graça preciosa é a encarnação de Deus.” Dietrich Bonhoeffer (teólogo e pastor martirizado aos 39 anos pelos Nazistas.)

III - SOMENTE PELA GRAÇA O SER HUMANO PODE SER SALVO

O apóstolo Paulo foi o principal instrumento humano para transmitir o pleno significado da graça em Cristo. Não é de admirar que mais tarde ele viesse a ser conhecido como “o apóstolo da graça”. Com maestria, ele nos fala sobre a graça de Deus na epístola aos Romanos de forma abundante (Rm 1.5,7; 3.24; 4.4,16; 5.2; 5.15,17,18; 5.20; 5.21; 11.6). No NT, a palavra graça no grego é “charis”, que indica “graciosidade, favor”.

3.1 A graça é um ato soberano (Rm 1.7; 5.15; Tt 2.11). Nos referidos textos, Paulo nos diz que a graça procede soberanamente de Deus. Isto porque o favor lhe pertence e vem dEle, como sua fonte originária (I Co 15.10; I Pe 5.10). Segundo a Bíblia Deus manifestou a sua graça em toda a sua plenitude na Pessoa de Seu Filho, Jesus Cristo (II Co 8.9; 13.13; Gl 1.6; 6.18; Ef 2.7; Fp 4.23; Ap 22.21). “A expressão 'manifestar' no original se relaciona ao substantivo 'epifania', ou seja, 'aparecimento' ou 'manifestação' (por exemplo, do sol ao amanhecer). A graça de Deus surgiu repentinamente sobre os que estavam nas trevas e na sombra da morte (Ml 4.2; Lc 1.79; At 27.20; Tt 3.4)” (HENDRIKSEN, 2001, p. 453).
3.2 A graça é imerecida (Rm 3.24; 11.6; Ef 2.5.7-8). A palavra traduzida como graça significa “favor imerecido”. Para falar sobre este favor imerecido ao pecador, Paulo usa a seguinte argumentação: “Ora, àquele que faz qualquer obra não lhe é imputado o galardão segundo a graça, mas segundo a dívida. Mas, àquele que não pratica, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça” (Rm 4.4,5). Nestes versículos, o apóstolo deixa claro que a salvação é concedida ao homem sem ele merecer. Não há nada que o homem faça para o tornar digno de ser salvo, pois a graça aniquila qualquer obra que visa receber a salvação por mérito “Não vem das obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2.9). Segundo Soares (p. 76) “A graça é o favor imerecido de Deus para com o pecador; é a bondade para quem apenas merece o castigo”.

3.3 A graça é suficiente (Rm 3.24; Ef 2.8). Paulo nos mostra que a Lei não é suficiente para salvar o homem. Até porque seu propósito é revelar o pecado e não extirpá-lo (Rm 7.7). Todavia, a graça de Cristo faz por nós aquilo que a Lei nunca poderia. Um dos pontos da Reforma Protestante é o “sola gratia” que diz que embora a fé seja o caminho dado por Deus para a salvação, não é ela quem nos salva, mas a graça “Porque pela graça sois salvos” (Ef 2.8-a). Lutero refutou o ensino católico romano da salvação pelas obras, alegando com base no que diz a Bíblia, que é pela graça, o favor imerecido de Deus, que ele nos concede a bênção da salvação (At 15.11; Rm 11.6).

3.4 A graça não faz acepção (Rm 1.16; 3.29; 9.24). Desde o início, a proposta divina sempre foi estender a bênção da salvação a todos os homens indiscriminadamente (Gn 12.3; Gl 3.8). É errôneo pensar embora “todos pecaram” (Rm 3.23), somente os eleitos serão salvos. Em Tito 2.11 Paulo diz “[...] a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens”. A vinda do Messias mostra claramente que, Deus não faz acepção de pessoas (At 10.34; Rm 2.11; Ef 6.9; I Pe 1.17). Portanto, a graça de Deus que nos é oferecida mediante o evangelho, é derramada sobre todos em pé de igualdade, ou seja ela alcança tanto judeus como gentios (Gl 3.14; Ef 3.6).


Conclusão
Apesar da queda da raça humana, Deus, por sua maravilhosa graça decidiu soberanamente salvar o homem caído em pecado, por meio de Jesus Cristo. Esta graça alcança a todos os homens indistintamente e apesar de nos salvar independente das obras, nos impele a uma vida de santificação que é a evidência visível da salvação.


Bibliografia
Comentário Bíblico Beacon. CPAD
Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. R.N. Champlin. Hagnos
Graça. Max Lucado. Thomas Nelson Brasil
Justiça e Graça. Natalino das Neves. CPAD
Maravilhosa Graça. José Gonçalves. CPAD
O poder e a mensagem do Evangelho. Paul Washer. Fiel
Um Verdadeiro Arrependimento. Manoel Flausino. Inteligência Editorial
Verdadeiro Evangelho. Paul Washer. Fiel


Pr. Manoel Flausino
Diretor de Ensino e Superintendente de Escola Dominica, escritor, formado em Teologia, Pedagogia e especialista em Psicopedagogia e Gestão de Pessoas, dirigente da Congregação Fonte das Águas MDV.

Contatos para palestras, congressos, mensagens:
(21) 99439-0392 (claro)

20/04/2016

Lição 4 - Os Benefícios da Justificação

“Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus; Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus.” Romanos 3:23,24

          Na lição de hoje, estudaremos a respeito da justificação. A Justificação é gratuita e essa é a primeira característica que devemos lembrar. Não custa nada ao justificado, mas custou tudo ao justificador. O homem não teria condição nenhuma de pagar qualquer tipo de fiança. A dívida, o crime, o delito do pecado é alto demais. Por isso a justificação é gratuita! Em Rm 1:18-3:20, Paulo defende a tese da necessidade absoluta da justificação pela fé, uma vez que se julgado pelas obras o homem está irremediavelmente perdido, pois todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus.


I - A imputação da justiça:

          A justificação trata-se de um ato externo de Deus. Uma declaração legal sobre a pessoa justificada. Deus, pelos méritos de Cristo, imputa justiça sobre a vida de pecadores como nós. De forma gratuita e externa a justiça age totalmente da parte de Deus. A justiça de Cristo passa a ser a nossa justiça, e nossos pecados foram imputados a ele na cruz do calvário.
          A teologia reformada chama isso de “A Grande Troca”: “Pois também Cristo sofreu pelos pecados uma vez por todas, o justo pelos injustos, para conduzir-nos a Deus. Ele foi morto no corpo, mas vivificado pelo Espírito.” 1 Pedro 3:18
          Sobre isso o puritano Horatius Bonar concluiu: “A justiça é atribuída ou imputada a todos os que creem; de forma que eles são tratados por Deus como se essa justiça fosse, nada verdade, deles… Ela não se torna nossa gradualmente ou em partes, ou em gotas; mas ela é toda transferida a nós imediatamente. Não significa que uma boa parte dela nos seja atribuída na proporção da força de nossa fé, ou do calor do nosso amor, ou do fervor de nossas orações; mas toda a justiça nos é passada por meio da imputação, a “qual nos fez agradáveis a si no Amado (Ef 1:6)”.


2. Os Benefícios da Justificação

Vida vertical: relacionamento com Deus

A) Paz com Deus – “temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” (v.1)
Romanos 3:17, ao descrever a injustiça humana afirma que não conhecemos o caminho da Paz. Da mesma forma Romanos 5:10 no chama de inimigos de Deus antes da reconciliação. E esse é o primeiro benefício da justificação: Fomos reconciliados com Deus. De inimigos fomos transformados em amigos.
• Cristo no livrou da ira vindoura.
Não somos mais filhos da ira, mas de Deus. É por meio da justificação que Deus nos adota em sua família e temos paz com Ele.

B) Livre acesso a Graça de Deus – “por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça” (v.2)
Com a paz ganharmos um privilégio especial. Acesso direto ao Pai. Estamos em paz e reconciliado, podemos nos achegar como quem se achega a um pai, não a um inimigo.
• O véu do templo que separava Deus do povo se rasgou de alto a baixo (Marcos 15:38)
• O parede que separava judeu e gentios do templo e da mente foi derrubada por Cristo (Efésios 2:14)
Podemos dizer que temos livre acesso ai Pai. O livro de Hebreu diz que Cristo é nosso sumo sacerdote perfeito e eterno, dando base para a doutrina do sacerdócio real de todos os crentes. Contrariando mais uma vez o ensino católico. Além disso, não a mais separação de judeus e não judeus, todos somos um só povo de Deus. Temos livre acesso ao Pai, e temos não sozinhos, mas também como igreja, sem distinção de pessoas.

C) Firmeza na fé - “na qual estamos firmes” (v.2)
A justificação é um ato eterno. A justiça de Cristo imputada a nós é perfeita e eterna. Não existe “desjustificação”. Podemos estar firmes na justiça de Cristo. Nossos pecados já foram pagos nele e sua justiça já foi contada como nossa. Está consumado!

D) Esperança da glória – “e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus” (v.2)
No lugar da carência da glória em Romanos 3:23 agora temos esperança da glória! Paulo conecta a esperança com a firmeza. Nos gloriamos na esperança eterna de estarmos face a face com Deus um dia. Calvino comentando esse versículo faz uma defesa apologética em relação a doutrina dos sofistas, derrubando dois ensinamentos. O primeiro: que o crente deve esperar apenas por uma transformação moral. O segundo: que o crente deve viver num estado de incerteza sobre seu futuro

Aplicações para a vida vertical:
• A paz com Deus e seu amor lançam fora o medo. Podemos lançar nossa ansiedade nele. A Igreja tem paz em meio aos conflitos. (1Pe5:7)

Vida horizontal: relacionamento social

Tribulações frutíferas – “E não somente isso, mas também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança, e a perseverança, experiência, e a experiência, esperança” (v.3-4)
O justificado sabe que todas as coisas cooperam para que ele seja mais parecido com Cristo (Rm 8:28). Ele confia em suas tribulações não como obstáculos, mas como degraus para sua glorificação. Por isso a provação para o crente produz perseverança, experiência e paciência.
• Perseverança: Sabemos que nossa salvação está sendo desenvolvida por Deus. Confiamos na sua justiça
• Experiência: Aprendemos e nos tornamos cristãos mais maduros. Não dando passos para trás, pois confiamos na justiça de Cristo.
• Paciência: Sabemos que Deus está no controle e que somos justificados, isso destrói a angústia e no mantém paciente esperando a manifestação certa da glória.


3. As bases da nossa segurança

Nossa certeza vem do amor de Deus (o amor de Deus para o crente, não o do crente para Deus) derramado em nossos corações e pelo penhor do Espírito Santo, que testifica ao nosso espírito que realmente somos justificados e filhos de Deus. Não usamos nossas boas obras para termos certeza.
O amor de Deus: Esse é combustível de tudo isso. O amor de Deus o moveu a entregar seu filho unigênito para salvar um povo pra si. É amor de Deus por nós que mais importa, não o nosso por ele. (Romanos 5:6-8)
          É o amor divino que nos mantém em segurança, não o humano. Ele nos amou primeiro. Devemos ter a certeza que a justificação e seus benefícios são frutos do constante, perfeito e eterno amor de Deus por nós, não do nosso por ele. Não estamos em posição de pedir benefícios em troca do nosso amor.
Espírito Santo: O Espírito é o selo da nossa justificação e segurança. Ele é o nosso penhor (2 Co 1:22). O Espírito Santo testifica ao nosso espírito que somos realmente amados, justificados e adotados por Deus (Rm 8:16). Ele nos dá a segurança que estamos em Cristo.

Conclusão

          Entregue sua a vida para aquele que tem amor suficiente para justificar pecadores através da morte do seu próprio filho. O convite do evangelho é para deixarmos a inimizade e termos paz com Deus, termos livre acesso a ele, estarmos firmes, esperarmos pela glória e para vencer o mundo através de Cristo e tudo para a glória do Pai, do Filho e do Espírito Santo!

“E não apenas isto, mas também nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, por intermédio de quem recebemos, agora, a reconciliação.” Romanos 5:11


Bibliografia
Comentário Bíblico Beacon. CPAD
Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. R.N. Champlin. Hagnos
Graça. Max Lucado. Thomas Nelson Brasil
Justiça e Graça. Natalino das Neves. CPAD
Maravilhosa Graça. José Gonçalves. CPAD
O poder e a mensagem do Evangelho. Paul Washer. Fiel
Um Verdadeiro Arrependimento. Manoel Flausino. Inteligência Editorial
Verdadeiro Evangelho. Paul Washer. Fiel


Pr. Manoel Flausino
Diretor de Ensino e Superintendente de Escola Dominica, escritor, formado em Teologia, Pedagogia e especialista em Psicopedagogia e Gestão de Pessoas, dirigente da Congregação Fonte das Águas MDV.

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11/04/2016

LIÇÃO 3 – JUSTIFICAÇÃO, SOMENTE PELA FÉ EM JESUS CRISTO


Orientação Pedagógica

Aprendizado conjunto

Paulo Freire criticava a ideia de que ensinar é transmitir saber porque para ele a missão do professor era possibilitar a criação ou a produção de conhecimentos. Mas ele não comungava da concepção de que o aluno precisa apenas de que lhe sejam facilitadas as condições para o auto-aprendizado. Freire previa para o professor um papel diretivo e informativo – portanto, ele não pode renunciar a exercer autoridade. Segundo o pensador pernambucano, o profissional de educação deve levar os alunos a conhecer conteúdos, mas não como verdade absoluta. Freire dizia que ninguém ensina nada a ninguém, mas as pessoas também não aprendem sozinhas. "Os homens se educam entre si mediados pelo mundo", escreveu. Isso implica um princípio fundamental para Freire: o de que o aluno, alfabetizado ou não, chega à escola levando uma cultura que não é melhor nem pior do que a do professor. Em sala de aula, os dois lados aprenderão juntos, um com o outro – e para isso é necessário que as relações sejam afetivas e democráticas, garantindo a todos a possibilidade de se expressar. "Uma das grandes inovações da pedagogia freireana é considerar que o sujeito da criação cultural não é individual, mas coletivo", diz José Eustáquio Romão, diretor do Instituto Paulo Freire, em São Paulo.
  

IINTRODUÇÃO:
          Na lição de hoje estudaremos a Justificação pela fé em Cristo Jesus. Este tema é muito discutido desde tempos antigos aos dias atuais. Na verdade, aqueles que são contra esta doutrina ou ensino está indo contra ao próprio evangelho.

I - O QUE É JUSTIFICAÇÃO?
          Justificar significa declarar justo; fazer alguém justo diante de Deus. Justificação é quando Deus declara justo todo aquele que recebe a Cristo, baseado na justiça de Cristo sendo debitada às contas daqueles que O recebem. Apesar de que podemos achar justificação como um princípio por todas as Escrituras, a passagem principal que descreve justificação em relação aos crentes é Romanos 3:21-26: 
          Somos justificados (declarados justos) no momento de nossa salvação. Justificação não nos faz justos, mas declara nossa justiça. Nossa justiça vem de colocarmos nossa fé no trabalho completo de Jesus Cristo. Seu sacrifício cobre o nosso pecado, permitindo com que Deus nos veja como perfeitos e sem qualquer mancha. Por causa do fato de que como crentes estamos em Cristo, Deus vê a justiça de Cristo quando Ele olha para nós. Isso alcança as exigências de Deus para perfeição; portanto, Ele nos declara justos – Ele nos justifica. 

II – A JUSTIFICAÇÃO E A REFORMA PROTESTANTE
          A Reforma Protestante ficou conhecida pelos cinco “solas” (Sola Scriptura: Somente a Escritura; Sola Gratia: Somente a Graça; Sola Fide: Somente a Fé; Solus Christus: Somente Cristo; Soli Deo Gloria: Somente Glória a Deus).

“o tema principal do qual fluem todas as outras doutrinas” (Martinho Lutero)

          Desses cinco “solas”, que são considerados os princípios da Reforma Protestante, três estão diretamente relacionados com a Doutrina da Justificação pela Fé. Vejamos:

SOLA GRATIA. A Graça é fonte da justificação de Deus.
SOLA FIDE. A Fé é o instrumento, o meio, dessa justificação.
SOLUS CHRISTUS. Jesus Cristo é o fundamento sobre o qual esta justificação está alicerçada.

          Assim sendo, o homem é justificado mediante a Fé, que é derramada pela Graça de Deus, por meio de Jesus Cristo somente.
          Ainda, os outros dois princípios da Reforma estão, indiretamente, relacionados com esta doutrina. Vejamos:
SOLA SCRIPTURA. Somente a Escritura revela o meio, a fonte, o fundamento e o objetivo desta Doutrina.
SOLI DEO GLORIA. Somente Deus é glorificado por essa Doutrina.

 “A justificação pela fé foi um dos pilares da Reforma do século dezesseis. O conceito de que a salvação é uma somatória do esforço humano e da disposição divina, uma parceria entre a fé e as obras está em total desacordo com o ensino das Escrituras. A salvação é pela graça mediante a fé e não o resultado das obras nem mesmo da adição de fé mais obras. A salvação não é uma conquista do homem, é um presente de Deus. Não é uma medalha de honra ao mérito, mas uma manifestação do favor imerecido de Deus.” Rev. Hernandes Dias Lopes

III – EXEMPLIFICANDO A JUSTIFICAÇÃO
          Em Romanos, podemos utilizar duas passagens para ilustrar o sentido de justificação. São elas Romanos 4:25 e 5:16,18.

Rm 4:25, 5:18 (dikaivwsin – dikaíosin): Justificação, vindicação, absolvição que traz vida.
          A culpa do pecado do homem gerada pela herança de Adão, que lhe proporcionou uma natureza caída, recai em forma de castigo sobre Jesus (Is 53). A isso chamamos de morte substitutiva (Rm 4:25; Ef 5:2).

Rm 5:16-21 (dikaivwma – dikaíoma): Justificação, veredito de inocência.

          A justificação é declarada por meio da transferência da culpa para Cristo e pela consumação da justificação realizada pelo próprio Jesus, ao ressuscitar incorruptível (Rm 3:21-25).

IV) O QUE A EPÍSTOLA AOS ROMANOS NOS ENSINA

“sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus” (Romanos 3:24)

“Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei” (Romanos 3:28)

“Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” (Romanos 5:1)

“porquanto quem morreu está justificado do pecado” (Romanos 6:7)

“Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica” (Romanos 8:33)

CONCLUSÃO:
          É importante destacar, mais uma vez, que a justificação não ocorre por meio de boas obras, mas é um dom gratuito de Deus (Efésios 2:8,9). Por isso, afirma-se que a justiça do salvo é imputada (atribuída a ele) mediante a declaração de Deus (justificação).

Primeiro o Senhor nos declara justos (justificação) e depois Ele nos torna justos (santificação).

Bibliografia
Comentário Bíblico Beacon. CPAD
Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. R.N. Champlin. Hagnos
Graça. Max Lucado. Thomas Nelson Brasil
Justiça e Graça. Natalino das Neves. CPAD
Maravilhosa Graça. José Gonçalves. CPAD
O poder e a mensagem do Evangelho. Paul Washer. Fiel
Um Verdadeiro Arrependimento. Manoel Flausino. Inteligência Editorial
Verdadeiro Evangelho. Paul Washer. Fiel


Pr. Manoel Flausino
Diretor de Ensino e Superintendente de Escola Dominica, escritor, formado em Teologia, Pedagogia e especialista em Psicopedagogia e Gestão de Pessoas, dirigente da Congregação Fonte das Águas MDV.

Contatos para palestras, congressos, mensagens:
(21) 99439-0392 (claro)

05/04/2016

Lição 2 - A Necessidade Universal da Salvação em Cristo


Orientação Pedagógica:
O Papel da didática:


     A didática para assumir um papel significativo na formação do educador não poderá reduzir-se e dedicar-se somente ao ensino de meios e mecanismos pelos quais desenvolver um processo de ensino-aprendizagem, e sim, deverá ser um modo crítico de desenvolver uma prática educativa forjadora de um projeto histórico, que não será feito tão somente pelo educador, mas, por ele conjuntamente com o educando e outros membros dos diversos setores da sociedade.
      A didática deve servir como mecanismo de tradução prática, no exercício educativo, de decisões filosófico-políticas e epistemológicas de um projeto histórico de desenvolvimento do povo. Ao exercer seu papel específico estará apresentando-se como o mecanismo tradutor de posturas teóricas em práticas educativas.

Introdução

“Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” Romanos 3.23

Na lição de hoje, lembraremos que todas as pessoas necessitam, carecem do perdão de Deus. Através do arrependimento e a fé em Cristo Jesus, temos a garantia da nossa salvação; porém, sem a Graça de Deus, não nos resta esperança alguma.

“Porque, se pecarmos voluntariamente, depois de termos recebido o conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados, mas uma certa expectação horrível de juízo, e ardor de fogo, que há de devorar os adversários.” (Hb 10.26,27)

I – Definindo o pecado

O vocábulo pecado vem do lat. Peccatu e significa falta de conformidade com a lei de Deus, em estado, disposição ou conduta. No grego, é hamartia, errar o alvo (fracassar), significando fracasso em não atingir um padrão conhecido, mas antes, desviando-se do mesmo.

De acordo com Champlin (Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, pág 145) nossos pecados são passos falsos, isto é, paraptoma, no grego (Mt 6.14; Ef 2.1).

Na definição de Berkhof (Teologia Sistemática pág 215), pecado é o resultado de uma escolha livre, porém má, do homem. Este é o ensino claro da Palavra de Deus (Gn 3.1-6; Is 48.8; Rm 1.18-32; 1 Jo 3.4)

“O pecado que marca a vida de todos os homens é a própria antítese de glorificar a Deus, e isso demonstra quão inapropriado e inadequado o homem se tornou.[5] Ele se arrancou do propósito para o qual Deus o fez e se desligou da única razão de sua existência. Ele deixou a glória do Deus incorruptível e fez para si um objeto de adoração.[6] Ele rejeitou a vontade de Deus e submeteu-se a si mesmo.” Paul Washer

Todas as formas do pecado, ou seja, todo o pecado nos levam ao caminho oposto ao de Deus. O pecado nos separa de Deus e nos leva para longe Dele. Todo pecado gera consequências; a Bíblia diz que a consequência mais terrível do pecado é a morte (que significa a morte física e a separação total de Deus, que é o inferno) (Rm 6:23). O pecado tem o poder de nos levar ao inferno (Is 59.1,2)

II – Destituídos da Glória de Deus

Toda e qualquer maneira do homem se reconciliar com o Senhor, sem Jesus Cristo, é vão. Destituídos da Glória de Deus significa que não participam da Salvação Divina.

‘O que significa ”destituídos da glória de Deus”? Significa que nenhum de nós confiou e estimou a Deus da maneira que deveríamos. Nós não ficamos satisfeitos com a sua grandeza e não andamos em seus caminhos. Temos buscado nossa satisfação em outras coisas, e as tratamos como mais valiosas do que Deus, e isso é a essência da idolatria (Romanos 1:21-23). Desde que o pecado entrou no mundo todos nós temos sido profundamente resistentes a ter Deus como nosso tesouro todo-satisfatório (Efésios 2:3). Isto é uma ofensa terrível contra a grandeza de Deus (Jeremias 2:12-13).’ John Piper

Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram.” (Rm 5:12)

Se houvesse um só ponto ou característica do ser humano que o pudesse justificar, existiriam outros caminhos para se alcançar a justificação além do caminho da morte e cruz apresentado por Jesus, e certamente os homens escolheriam o caminho mais simples. Paulo descarta qualquer possibilidade de o ser humano se gloriar diante de Deus e, semelhante à prática usual de Jesus, usou da autoridade da Escritura para esta afirmação.

Na visão do Rev. Hernandes Dias Lopes, o homem rejeita conscientemente o conhecimento de Deus de duas formas:

a) Deixando de glorificá-lo por quem Ele é. O homem deveria olhar para a natureza e ver nela a glória de Deus. Deixar de reconhecer os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua divindade nas obras da criação é privar Deus da sua própria glória. Portanto, quando o ser humano, seja nos grandes centros urbanos, seja nas selvas mais remotas, dá glória aos seus ídolos, ele não faz isso de forma inocente. Trata-se de uma rebelião deliberada.

b) Deixando de agradecer-lhe pelo que fez. Glorificamos a Deus por quem ele é e damos graças a Deus por aquilo que ele faz. A criatura deixa de ser grata para ser ingrata. Deus criou a terra e a encheu de fartura. Deus deu ao homem vida, saúde, pão, as estações e tudo mais para o seu aprazimento. Contudo, a resposta do homem a todo esse bem é uma consciente e deliberada ingratidão.

Conclusão

Sem o homem não reconhecer a Graça do Senhor não existe a possibilidade de salvação. No entanto, cabe ressaltar que, se a culpabilidade é universal, a salvação também é, porém, não existe salvação se a pessoa não optar por seguir a Jesus.

O que deve o homem fazer para ser salvo? Em primeiro lugar, se expor à Palavra de Deus. Ouvir a Palavra com atenção, com reflexão, com reverência, com interesse, com sede de conhecer a Verdade: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará… se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (João 8:32,36); “De sorte que a fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus” (Rm 10:17). Em segundo lugar, arrepender-se de seus pecados, confessá-los e deixá-los: “O que encobre as suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia” (Pv 28:13). Jesus iniciou o Seu ministério dizendo: “Arrependei-vos, pois está próximo o reino dos céus”(Mt 3:2); “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham, assim, os tempos do refrigério pela presença do Senhor” (Atos 3:19). Em terceiro lugar, aceitar o convite de Jesus e permitir que Ele more no seu coração: “Eis que estou à porta, e bato. Se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo” (Ap 3:20); “Se, com a tua boca, confessares ao Senhor Jesus e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo” (Rm 10:9). Em quarto lugar, permanecer na fé, permanecer no caminho: “Mas aquele que persevera até o fim será salvo” (Mt 24:13); “Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito” (João 15:7).

“Porque, se pela ofensa de um só, a morte veio a reinar por esse, muito mais os que recebem a abundância da graça, e o dom da justiça, reinarão em vida por um só, Jesus Cristo.” Rm 5.17


Bibliografia
Comentário Bíblico Beacon. CPAD
Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. R.N. Champlin. Hagnos
Graça. Max Lucado. Thomas Nelson Brasil
Justiça e Graça. Natalino das Neves. CPAD
Maravilhosa Graça. José Gonçalves. CPAD
O poder e a mensagem do Evangelho. Paul Washer. Fiel
Um Verdadeiro Arrependimento. Manoel Flausino. Inteligência Editorial
Verdadeiro Evangelho. Paul Washer. Fiel



Pr. Manoel Flausino
Diretor de Ensino e Superintendente de Escola Dominica, escritor, formado em Teologia, Pedagogia e especialista em Psicopedagogia e Gestão de Pessoas, dirigente da Congregação Fonte das Águas MDV.

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