INTRODUÇÃO
Na lição desta
semana, estudaremos as “Exortações
Gerais” do apóstolo Paulo a Tito. Quando Paulo escreveu o capítulo de número
cinco da primeira carta a Timóteo, ele dissertou acerca do tratamento
sentimental e harmonioso que deveria existir entre a família de Deus, isto é, o
relacionamento interpessoal entre as diversas faixas etárias da igreja local.
Já no capítulo de número dois da carta de Tito, o apóstolo da ênfase nas
recomendações, a estas mesmas faixas etárias, nesta feita, sobre a conduta
ética esperada por elas. Na visão paulina, exortar estes grupos da igreja
local, a se portarem em conformidade com o Evangelho de Jesus Cristo, era um
dos indicadores que deveriam ser observados para o êxito da organização da
igreja.
I – DEFINIÇÃO DA PALAVRA EXORTAÇÃO
Segundo o
dicionário Aurélio, “exortação” é o ato de exortar,
animar, estimular, incitar, encorajar” (FERREIRA, 2004, p.
855 – acréscimo nosso). Teologicamente, conforme Andrade, “exortação”, do
latim, “exhortationem”, não significa
necessariamente repreensão ou reprimida. Antes de mais nada, é o fortalecimento
espiritual dos santos através da ministração da Palavra de Deus (2006, p. 180).
1.1. A exortação é um dom de Deus (Rm 12.8). “Esta dádiva é a
capacidade sobrenatural concedida pelo Espírito Santo, que capacita o líder
cristão a chamar efetivamente outros a obedecer à verdade de Deus e a segui-la.
Pode ser empregado de maneira negativa para admoestar e corrigir quando
relativo ao pecado (2Tm 4.2), ou de maneira positiva para encorajar, consolar e
fortalecer os cristãos que estão enfrentando lutas (At 14.22; 15.30-32; 2Co
1.3-5; Hb 10.24,25)” (MACARTHUR, 2010, p. 1514 – acréscimo nosso). Somos
instruídos pela Palavra a exercer este dom, uns aos outros (1Ts 5.11; Hb 3.13).
O apóstolo Paulo chega a dizer, por inspiração divina, que o dom de profecia
tem como um dos objetivos, a exortação (1Co 14.3).
II – A PERSPECTIVA PAULINA QUANTO A CONDUTA CRISTÃ DOS CRETENSES
Paulo admoestou o
seu representante em Creta, de que os membros desta igreja, deveriam ter uma
conduta cristã, respaldada no Evangelho de Jesus Cristo. Ao requerer de cada um
dos grupos que observe um alto padrão de conduta, o apóstolo está preocupado tanto
com a boa reputação da igreja quanto com o avanço do evangelho num ambiente de
moralidade duvidosa. “A família cristã era algo novo no mundo pagão. E era
inevitável que certos maus costumes, maus hábitos e maus princípios viessem a
desenvolver-se, na vida do grupo comunitário” (NOYES apud CHAMPLIN, 2002, p.
426 – acréscimo nosso). Em Tito 2.1-8 “o
apóstolo comentou sobre vida prática que era essencial para o crescimento da
igreja local. Ele não tentava mudar o sistema; em
lugar de fazer isto, ele procurava transformar o comportamento das pessoas
dentro dos sistemas. Por meio de Tito, Paulo estava
plantando sementes de transformação significativa em cada aspecto da vida em
Creta. Mas tudo dependia da verdade da mensagem do Evangelho (RIBAS, 2010, p.
556).
2.1 “Quanto aos homens idosos…” (Tt 2.2 – ARA). Homens com mais
de 60 anos de idade” (MACARTHUR, 2010, p. 1684 – acréscimo nosso); que “por
serem membros maduros da comunidade e exemplos para os homens mais jovens,
Paulo recomenda que estes devem ter os seguintes requisitos: (1) Sobriedade: No grego temos ‘nephalios’, isto é, ‘moderado’ em tudo… Sua forma verbal é ‘nepho’, ‘ser sóbrio’, ‘ser auto controlado’, ‘ser bem equilibrado’ (1Tm 3.2,11);(2) Gravidade: No grego é ‘sermnos’, isto é, ‘respeitoso’, ‘nobre’, ‘digno’; (3) Prudência: No grego é ‘sophron’, que quer dizer ‘prudente’, ‘refletido’, auto controlado. Em sua forma nominal temos a famosa virtude grega da ‘moderação’, que
deveria controlar todas as ações, impedindo os vícios de excesso e de
deficiência” (CHAMPLIN, 2002, p. 426 – acréscimo nosso).
2.1.1 A tríplice saúde dos homens idosos. No grego a expressão
“saúde” é ‘ugiaino’ que significa
‘saudável’; os homens mais experientes devem demonstrar saúde em três campos: (a) Na fé – ‘fé objetiva’; aquilo em que se crê, ‘credo’, a
saber, a ‘teologia paulina ortodoxa’, mais exatamente. Os homens mais idosos
devem ser ortodoxos naquilo em que creem, porque isso e saudável, em contraste
com a doutrina doentia dos hereges gnósticos; ‘fé subjetiva’, isto é, o próprio
ato de crer, de confiar, de entregar a alma aos cuidados de Cristo (Hb 11.1);
‘fé como uma virtude’, o que é apenas a fé subjetiva na ação diária (Rm 1.17;
Gl 5.22); (b) No amor – o amor é a mais
elevada de todas as virtudes e qualidades espirituais do cristianismo, sendo
fruto do Espirito (Gl 5.22); (c) Na
paciência – Paciência aqui tem ideia de ‘resistência’, de ‘constância’,
especialmente para indicar essa atitude de alguém que sofre a pressão das
perseguições (Rm 5.3,4; 8.25; 15.4,5; 2Co 6.4; 12.12; Cl 1.11; 1Ts 1.3; 2Ts
1.4) (CHAMPLIN, 2002, p. 426).
2.2 “Quanto as mulheres idosas…” (Tt 2.3 – ARA). Paulo admoesta que
estas mulheres devem ter o seu estilo de vida apropriado, digno, merecedor de
honra, próprio das mulheres cristãs. Elas precisam ser: (1) Sérias no seu viver: No grego é ‘katastema’, que aponta para ‘conduta’, ‘comportamento’ ,
‘maneiras’. Portanto, as mulheres mais idosas deveriam ser ‘reverentes em sua
conduta’, não se deixando levar ao redor pelo mundanismo; (2) Não caluniadoras: O original grego usa o vocábulo ‘diabolos’, um dos títulos dados ao próprio Satanás (1Tm 3.6); temos aqui o típico
‘pecado feminino’, em que tantas mulheres (mas também tantos homens) se
deleitam em provocar a queda de outrem, para se sentirem superiores; (3) Não dadas ao vinho: O alcoolismo era um problema sério na
sociedade pagã, e a igreja cristã não estava isenta deste problema, por isso a
recomendação; (4) Mestras do bem: Em outras palavras,
as mulheres idosas devem ser mestras de ‘coisas boas’, da ‘sã doutrina’, da
‘correta conduta cristã’, em tudo quanto nisso esta implícito. E isso tanto na
igreja (1Tm 2.11), como no lar, e também nos lares das mulheres mais jovens e de
seus filhos (CHAMPLIN, 2002, p. 427).
2.3 “… as mulheres novas…” (Tt 2.4). O apóstolo descreve
o comportamento específico para este grupo de irmãs, além das mesmas
demonstrarem prudência como os citados
acima, de serem moderadas, submissas e leais aos seus maridos elas devem ser: (1) Amante da família:“… ensinem as mulheres novas… a amarem seus
maridos, a amarem seus filhos” (Tt 2.4). “O desejo e o propósito de
Deus para a esposa e mãe, é que a sua atenção se focalizem na família. O lar, o
marido e os filhos precisam ser o centro dos interesses da mãe cristã; essa é a
maneira que Deus lhe determinou para honrar a sua Palavra (Dt 6.7; Pv 31.27;
1Tm 5.14). As tarefas específicas que Deus deu à mulher, no que diz respeito à
família, incluem: (a) Cuidar do filhos
que Deus lhe confiou (1Tm 5.14); (b) ser auxiliar e fiel
companheira do seu marido (Gn 2.18); (c)ajudar o pai a
formar nos filhos um caráter santo, e adestrá-los nas coisas práticas da vida
(Dt 6.7; Pv 1.8,9; Cl 3.20); (d) ser hospitaleira
(Is 58.5-8; Lc 14.12-14; 1Tm 5.10); (e) usar sua capacidade
prática para atender às necessidades do lar (Pv 31.13,15,16,18,19,22,24); e (f)cuidar dos pais idosos no seu lar (1Tm 5.8; Tg 1.27) (STAMPS, 1995, p.
1889).
2.4 “Quanto aos moços…” (Tt 2.6 – ARA). O apóstolo passa
recomendações aos rapazes acima de 12 anos de idade (MACARTHUR, 2010, p. 1680);
que estes “… em todas as coisas, sejam
criteriosos” (Tt 2.6 – ARA) a expressão “…em todas as coisas..”, alude ‘no tocante a tudo’. “Em tudo
eles deveriam ser “criteriosos”; no original o termo ‘sophroneo’, significa ‘ser
sério’, ‘ser sensato’, ‘ser auto controlado’. Crisóstomo aplica esse mandamento
a necessidade de vencermos as tendências para os prazeres estranhos. Diz ele:
‘Nesse período de idade, nada é tão difícil como dominar os prazeres
indevidos’. Os jovens crentes devem controlar-se, devem refrear-se, para que
possam dar um testemunho forte e coerente em favor de Cristo, não permitindo
que qualquer excesso próprio da juventude leve-os a perder o controle sobre as
próprias ações” (apud, CHAMPLIN, 2002, p. 428 – acréscimo nosso).
2.5 “Exorta os servos…” (Tt 2.9). O comportamento
esperado dos escravos que eram cristãos nos dias do apóstolo, são os mesmos
esperados, nos dias de hoje, pelos funcionários com relação aos seus
empregadores. Estes devem tratar os
seus patrões com respeito e em tudo agradarem. Dizer que estes não deveriam contradizer significa que eles não deveriam ser
teimosos, incontroláveis, ou resistentes à autoridade. Que não deveriam defraudar refere-se a qualquer tipo de roubo,
mesmo aquele que possa ser classificado como um “pequeno roubo”. Eles poderiam
ser tentados a se apropriar de “pequenos” itens necessários, mas como cristãos
devem resistir a esta tentação, para mostrar toda a boa lealdade (RIBAS, 2010, p. 559 acréscimo nosso).
CONCLUSÃO
Como vimos nesta preciosa lição, as
exortações que Paulo faz a Tito, para que este repasse à igreja local, é de
valor imensurável. Cada um de nos somos responsáveis em demonstrar, por meio do
nosso procedimento, a eficácia do Evangelho de Cristo. Aproveitemos esta lição
para fazermos uma análise introspectiva e, avançarmos no nosso crescimento
espiritual.