Pensamento para o Professor:
"A tarefa do professor é despertar a mente do aluno, é estimular
idéias através do exemplo, da simpatia pessoal e de todos os meios que puder
utilizar para isso. Isto é, fornecendo-lhe lições objetivas para os sentidos e
fatos para a inteligência. Jesus, o maior dos mestres disse: A semente
é a Palavra. O verdadeiro professor é o que revolve
a terra e planta a semente."
(John Milton Gregory)
Introdução
A história de Abraão é
uma das mais importantes descritas na Bíblia, e é fundamental para entendermos a origem do povo
hebreu, porém, também está diretamente ligada à Igreja de Cristo, não se
resumindo apenas ao povo hebreu.
Poucos homens tiveram
tanta influência nas religiões do mundo. Reverenciado por judeus, muçulmanos e
também por cristãos, Abraão* é
considerado “um gigante das Escrituras” e “um exemplo notável de fé”. A Bíblia
o chama de “pai de todos os que têm fé” (Rm 4.11)
Por que Abraão é tão respeitado? Um dos motivos é
que ele é a única pessoa a quem a Bíblia se refere especificamente como amigo
de Deus — e ela faz isso três vezes! (2 Cr 20.7; Is 41.8; Tg 2.23).
No entanto, em outros sentidos, Abraão era uma
pessoa comum, assim como nós. Ele enfrentou muitas das dificuldades que nós
enfrentamos — e foi bem-sucedido em lidar com elas.
1 - A vida de
Abraão:
O pai de Abraão se
chamava Terá, e sua família era natural da cidade de Ur dos Caldeus, localizada
na Mesopotâmia. Após a morte do irmão de Abraão, a família saiu de Ur em direção à
terra de Canaã, e foram até Harã, e habitaram ali (Gn 11:31). Tanto Ur quanto
Harã, eram cidades pagãs e centros de adoração ao deus da lua.
É muito difícil de afirmar com exatidão o período do nascimento Abraão,
mas a maioria dos estudiosos estabelece o início do segundo milênio antes de
Cristo como data aproximada para seu nascimento, o que estaria de acordo com
uma possível cronologia utilizando os personagens bíblicos, além das descobertas
arqueológicas que atestam um paralelo impressionante com o relato bíblico.
No livro do Gênesis capítulo 12, a Bíblia nos mostra
Deus convocando a Abraão para que ele saísse
do meio daquele cenário de paganismo, deixando sua parentela e partindo
para uma terra prometida pelo próprio Deus. Com setenta e cinco anos,
ele partiu em direção a terra de Canaã levando consigo sua esposa Sarai,
seu sobrinho Ló, todos os seus servos e bens que havia adquirido.
Após chegar à Palestina, Abraão ficou nas proximidades de Betel, Hebrom
e Berseba, porém devido à fome que castigava a terra, Abraão desceu até o
Egito. Temendo por sua vida, ele não apresentou Sarai como sua esposa, o que
gerou alguns problemas para ele no Egito (Gn 12:13).
Saindo do Egito, Abraão subiu para o lado do sul, e retornou para as
proximidades de Betel. Tanto Abraão quanto Ló eram muito ricos, gerando até
mesmo contenda entre seus servos, e a terra ali não comportava os dois
habitando juntos. Ló e Abraão então se separam, preferindo Ló residir nas
planícies verdes do Jordão, onde as cidades de Sodoma e Gomorra estavam
situadas. Já Abraão viajou para uma planície nas montanhas chamada Manre
(Hebrom) ao sul.
A mudança de nome, a promessa de Deus e o significado do nome Abraão:
Inicialmente Abraão se
chamava “Abrão”, que significa “pai exaltado” ou “grande pai”. Em Gênesis 17, o nome do
então Abrão, é mudado para Abraão, dando maior ênfase à ideia de exaltação,
significando “pai de muitos” ou “pai de uma multidão”. Abraão tinha noventa e nove anos quando
teve seu nome mudado por Deus.
Não foi apenas o nome de Abraão que foi mudado naquela ocasião, mas o
nome de sua esposa também, que, de Sarai, passou a se chamar Sara, porque
também seria mãe de uma grande nação.
Tais mudanças nos nomes tem haver com a promessa feita por Deus a Abrão,
começando ainda no capítulo 12, depois no capítulo 15 de Gênesis, quando Deus
promete a Abraão que ele ainda seria pai, e que seu servo Eliézer não seria o
herdeiro de sua casa, mas que sua
descendência seria incontável como as estrelas do céu.
Novamente no capítulo 17 de Gênesis, mesmo após o
nascimento de Ismael, Deus reafirma sua promessa a Abraão de que ele seria pai
de muitas nações e que de Sara (na ocasião com noventa anos) ainda seria mãe. Deus então fez um pacto com Abraão,
selado pelo sinal da circuncisão e, por fim, com o nascimento de Isaque, o
filho da promessa.
2 2 - Abraão enfrenta
problemas e provas em Canaã (Gn.12:9,10).
Deus tinha uma
promessa na vida de Abraão, mas isso não impediu que ele enfrentasse problemas
e provações. O crente fiel também enfrenta crises e provações. Veja, a seguir,
três provas, dentre muitas que Abrão enfrentou em sua jornada.
– A primeira prova à qual Deus
submeteu a Abraão foi a separação de sua pátria e de sua família. Tinha de
voltar as costas para a idolatria a fim de poder ter comunhão com Deus. A vida
de fé começa com a obediência e a separação. “Ou nossa fé nos separa do mundo,
ou o mundo nos separa de nossa fé”. Abraão saiu, sem saber para onde ia
(Hb.11:8). Tinha de confiar incondicionalmente no Senhor.
Abrão chegou à terra que Deus lhe havia indicado.
Agora vivia como estrangeiro e peregrino, viajando de um lugar para outro.
Nunca foi dono de um metro quadrado de terra, a não ser o local de sua
sepultura. Siquém, a encruzilhada da Palestina, situada a 50 km ao norte de
Jerusalém, foi sua primeira parada. Depois chegou ao carvalho de Moré,
considerado centro de adivinhação e idolatria. Ali Deus apareceu a Abraão,
assegurando-lhe de novo sua presença e confirmando-lhe que sua descendência
herdaria Canaã. Assim Deus o recompensou por sua obediência. Abraão respondeu
construindo um altar e oferecendo culto público ao Senhor. Aonde quer que ia,
levantava sua tenda e edificava um altar. De modo que Abraão tinha comunhão com
Deus, e ao mesmo tempo testificava perante o mundo.
– A segunda prova: a fome (Gn.12:10-20). Abraão era
um homem que estava em plena comunhão com o Senhor, que crescia
espiritualmente, pois Deus estava se revelando a ele gradativamente.
Entretanto, quando havia esta comunhão e esta crescente intimidade entre Abrão
e Deus, surge um sério problema na vida do patriarca: a fome. Dizem as
Escrituras, em Gn.12:10, que havia fome naquela terra. Era uma situação muito
difícil e ameaçadora. Estava em terra estranha, habitada por gente que não era
boa, sem residência fixa, com uma promessa de que aquela terra seria dada à sua
semente, sendo que nem um filho sequer Abrão tinha e, agora, vê-se ameaçado o
seu patrimônio. Devido à fome, Abraão tomou a decisão de ir para o Egito. Na Bíblia,
o Egito é símbolo do mundo. A fartura que existia no Egito era semelhante a
fartura do mundo, ilusória.
O fato de Deus não ter impedido que Abrão sofresse
as consequências da fome sobre a terra de Canaã é mais um episódio que desmente
os teólogos da prosperidade, que, desde os tempos do patriarca Jó, propalam que
o servo de Deus jamais pode passar por dificuldades econômico-financeiras. Deus
é o dono de todo o ouro e de toda a prata, não há dúvida alguma sobre isto, mas
está muito mais interessado em que aprendamos a depender dEle inteiramente, a
termos comunhão com Ele do que venhamos a ter riquezas e abundância de bens
nesta vida, correndo, inclusive, o risco de nos apegarmos a estas coisas e, por
conta disto, a exemplo do mancebo de qualidade (Mt.19:16-22), virmos a perder a
nossa salvação.
Para que Abrão pudesse continuar crescendo
espiritualmente, necessário se fazia que viesse a lição da dependência também
nos assuntos materiais. Mas, lamentavelmente, Abrão não aprendera, ainda, esta
lição. Sobrevindo a dificuldade econômico-financeira, não invocou a Deus, como
fizera em Betel, nem esperou que o Senhor lhe aparecesse, como fizera em
Siquém, mas decidiu “descer para o Egito”, então o país mais promissor do
mundo, que começava a se apresentar como nova potência mundial, onde a
abundante água do rio Nilo, o maior rio do mundo, não permitia que houvesse
dificuldades econômico-financeiras. Era uma decisão acertadíssima do
ponto-de-vista humano, uma grande demonstração de sabedoria e inteligência
humana, mas um verdadeiro desastre sob o aspecto espiritual. Com efeito, Deus
não participou dessa decisão, Abrão decidiu ir para uma terra que não era a
mostrada nem a prometida por Deus e, ainda mais, sem consultar ao Senhor.
Deus não lhe havia ordenado sair da Palestina. No
Egito, por pouco não perdeu sua esposa, pois, com medo, mentiu dizendo que Sara
era sua irmã (ainda que houvesse um elemento de verdade no que disse – ver
Gênesis 20:12). Em nossa jornada, também somos passíveis de cometer erros. Mas
não temos mais prazer no pecado. Abraão não duvidou por incredulidade das
grandes promessas, porém tropeçou nas pequenas coisas. Até a escrava egípcia
Hagar e o aumento de gados obtidos no Egito lhe causaram problemas mais tarde.
Aprendeu quão perigoso é afastar-se de Deus.
“Descer ao Egito” passou a ser, por causa disto,
uma expressão metafórica para toda decisão humana sem a orientação e a direção
divinas. Passou a significar uma atitude de comprometimento com os valores
humanos, com os princípios deste mundo, sem qualquer preocupação com a vontade
divina. Infelizmente, muitos são os crentes que estavam caminhando muito bem
com o Senhor e, por uma dificuldade ou outra, acabam resolvendo “descer ao
Egito”. Não nos iludamos com a abundância material, com o caráter promissor ou
com a hospitalidade e boa aparência do Egito. O Egito é o mundo e nele não há o
essencial, o fundamental para a vida de qualquer crente, a saber, a presença, a
direção e a aprovação de Deus.
– A terceira prova: a esterilidade de Sara. Deus prometeu que Abraão teria uma família numerosa, porém ele já
estava com 99 anos e Sara com 89 anos e ainda era estéril (Gn.17:1), e não
tinha herdeiros. Esperar o tempo de Deus nem sempre é fácil. As Escrituras
Sagradas afirmam que a “esperança demorada enfraquece o coração…” (Pv.13:12).
Ao ouvir a promessa de que Sara daria à luz um filho, Abraão riu-se; e o riso
de Abraão seria secundado pelo riso de Sara (Gn.18:12). O riso de Abraão pôs em
dúvida a capacidade geradora de si mesmo e de sua esposa – “Então, caiu Abraão sobre o seu rosto, e riu-se, e disse no seu
coração: A um homem de cem anos há de nascer um filho? E conceberá Sara na
idade de noventa anos? E disse Abraão a Deus: Tomara que viva Ismael diante de
teu rosto! E disse Deus: Na verdade, Sara, tua mulher, te dará um filho, e
chamarás o seu nome Isaque…” (Gn.17:17-19).
Parecia inacreditável que Abraão e Sara, em idade
avançada (99 e 89 anos, respectivamente – Gn 17:1) – ainda mais, Sara era
estéril (Gn.11:30) -, pudessem ter um filho. Mas, Deus disse a Abraão: “Haveria
coisa alguma difícil ao Senhor?” (Gn.18:14). Deus queria que eles soubessem que
o cumprimento da promessa não seria o resultado de esforços humanos, mas da
pura graça, um milagre.
Conclusão
Abraão, o homem considerado justo devido a sua fé,
teve problemas para acreditar na promessa de Deus. No entanto, a despeito de suas
dúvidas, Abraão obedeceu aos mandamentos de Deus (Gn.17:22-27). Mesmo as
pessoas de grande fé podem passar por momentos de dúvida. Todavia, sabemos que
o Senhor vela pela Sua Palavra para a cumprir (Jr.1:12). Ele é fiel.
Bibliografia
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal
Comentário Bíblico Beacon. CPAD
Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. R.N. Champlin. Hagnos
O Deus de Toda a Provisão. Elienai cabral, CPAD
O poder e a mensagem do Evangelho. Paul Washer. Fiel
Não se Admire Ele sempre estará contigo. Manoel Flausino. Inteligência Editorial
Revista Ensinador Cristão. CPAD
Verdadeiro Evangelho. Paul Washer. Fiel
Pr. Manoel Flausino
Diretor de Ensino e Superintendente de Escola Dominical,, escritor, formado em Teologia, Pedagogia e especialista em Psicopedagogia e Gestão de Pessoas, dirigente da Congregação Fonte das Águas MDV.
Contatos para palestras, congressos, mensagens:
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