22/09/2015

Caça-palavras - 3º Trimestre 2015

A Paz,
encerrando o trimestre segue um caça-palavras com o tema estudado para que os alunos possam ter uma síntese do que aprender de forma lúdica.


Pr. Manoel Flausino
Diretor de Ensino e Superintendente de Escola Dominica, escritor, formado em Teologia, Pedagogia e especialista em Psicopedagogia e Gestão de Pessoas.

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18/09/2015

LIÇÃO 12 – EXORTAÇÕES GERAIS


 
INTRODUÇÃO

Na lição desta semana, estudaremos as “Exortações Gerais” do apóstolo Paulo a Tito. Quando Paulo escreveu o capítulo de número cinco da primeira carta a Timóteo, ele dissertou acerca do tratamento sentimental e harmonioso que deveria existir entre a família de Deus, isto é, o relacionamento interpessoal entre as diversas faixas etárias da igreja local. Já no capítulo de número dois da carta de Tito, o apóstolo da ênfase nas recomendações, a estas mesmas faixas etárias, nesta feita, sobre a conduta ética esperada por elas. Na visão paulina, exortar estes grupos da igreja local, a se portarem em conformidade com o Evangelho de Jesus Cristo, era um dos indicadores que deveriam ser observados para o êxito da organização da igreja.

I – DEFINIÇÃO DA PALAVRA EXORTAÇÃO
Segundo o dicionário Aurélio, “exortação” é o ato de exortar, animar, estimular, incitar, encorajar” (FERREIRA, 2004, p. 855 – acréscimo nosso). Teologicamente, conforme Andrade, “exortação”, do latim, “exhortationem”, não significa necessariamente repreensão ou reprimida. Antes de mais nada, é o fortalecimento espiritual dos santos através da ministração da Palavra de Deus (2006, p. 180).

1.1. A exortação é um dom de Deus (Rm 12.8). “Esta dádiva é a capacidade sobrenatural concedida pelo Espírito Santo, que capacita o líder cristão a chamar efetivamente outros a obedecer à verdade de Deus e a segui-la. Pode ser empregado de maneira negativa para admoestar e corrigir quando relativo ao pecado (2Tm 4.2), ou de maneira positiva para encorajar, consolar e fortalecer os cristãos que estão enfrentando lutas (At 14.22; 15.30-32; 2Co 1.3-5; Hb 10.24,25)” (MACARTHUR, 2010, p. 1514 – acréscimo nosso). Somos instruídos pela Palavra a exercer este dom, uns aos outros (1Ts 5.11; Hb 3.13). O apóstolo Paulo chega a dizer, por inspiração divina, que o dom de profecia tem como um dos objetivos, a exortação (1Co 14.3).

II – A PERSPECTIVA PAULINA QUANTO A CONDUTA CRISTÃ DOS CRETENSES
Paulo admoestou o seu representante em Creta, de que os membros desta igreja, deveriam ter uma conduta cristã, respaldada no Evangelho de Jesus Cristo. Ao requerer de cada um dos grupos que observe um alto padrão de conduta, o apóstolo está preocupado tanto com a boa reputação da igreja quanto com o avanço do evangelho num ambiente de moralidade duvidosa. “A família cristã era algo novo no mundo pagão. E era inevitável que certos maus costumes, maus hábitos e maus princípios viessem a desenvolver-se, na vida do grupo comunitário” (NOYES apud CHAMPLIN, 2002, p. 426 – acréscimo nosso). Em Tito 2.1-8 “o apóstolo comentou sobre vida prática que era essencial para o crescimento da igreja local. Ele não tentava mudar o sistema; em lugar de fazer isto, ele procurava transformar o comportamento das pessoas dentro dos sistemas. Por meio de Tito, Paulo estava plantando sementes de transformação significativa em cada aspecto da vida em Creta. Mas tudo dependia da verdade da mensagem do Evangelho (RIBAS, 2010, p. 556).

2.1 “Quanto aos homens idosos…” (Tt 2.2 – ARA). Homens com mais de 60 anos de idade” (MACARTHUR, 2010, p. 1684 – acréscimo nosso); que “por serem membros maduros da comunidade e exemplos para os homens mais jovens, Paulo recomenda que estes devem ter os seguintes requisitos: (1) Sobriedade: No grego temos ‘nephalios’isto é, ‘moderado’ em tudo… Sua forma verbal é ‘nepho’, ‘ser sóbrio’, ‘ser auto controlado’, ‘ser bem equilibrado’ (1Tm 3.2,11);(2) Gravidade: No grego é ‘sermnos’isto é, ‘respeitoso’, ‘nobre’, ‘digno’; (3) Prudência: No grego é ‘sophron’que quer dizer ‘prudente’, ‘refletido’, auto controladoEm sua forma nominal temos a famosa virtude grega da ‘moderação’, que deveria controlar todas as ações, impedindo os vícios de excesso e de deficiência” (CHAMPLIN, 2002, p. 426 – acréscimo nosso).
2.1.1 A tríplice saúde dos homens idosos. No grego a expressão “saúde” é ‘ugiaino’ que significa ‘saudável’; os homens mais experientes devem demonstrar saúde em três campos: (a) Na fé – ‘fé objetiva’; aquilo em que se crê, ‘credo’, a saber, a ‘teologia paulina ortodoxa’, mais exatamente. Os homens mais idosos devem ser ortodoxos naquilo em que creem, porque isso e saudável, em contraste com a doutrina doentia dos hereges gnósticos; ‘fé subjetiva’, isto é, o próprio ato de crer, de confiar, de entregar a alma aos cuidados de Cristo (Hb 11.1); ‘fé como uma virtude’, o que é apenas a fé subjetiva na ação diária (Rm 1.17; Gl 5.22); (b) No amor – o amor é a mais elevada de todas as virtudes e qualidades espirituais do cristianismo, sendo fruto do Espirito (Gl 5.22); (c) Na paciência – Paciência aqui tem ideia de ‘resistência’, de ‘constância’, especialmente para indicar essa atitude de alguém que sofre a pressão das perseguições (Rm 5.3,4; 8.25; 15.4,5; 2Co 6.4; 12.12; Cl 1.11; 1Ts 1.3; 2Ts 1.4) (CHAMPLIN, 2002, p. 426).

2.2 “Quanto as mulheres idosas…” (Tt 2.3 – ARA). Paulo admoesta que estas mulheres devem ter o seu estilo de vida apropriado, digno, merecedor de honra, próprio das mulheres cristãs. Elas precisam ser: (1) Sérias no seu viver: No grego é katastema’, que aponta para ‘conduta’, ‘comportamento’ , ‘maneiras’. Portanto, as mulheres mais idosas deveriam ser ‘reverentes em sua conduta’, não se deixando levar ao redor pelo mundanismo; (2) Não caluniadoras: O original grego usa o vocábulo ‘diabolos’, um dos títulos dados ao próprio Satanás (1Tm 3.6); temos aqui o típico ‘pecado feminino’, em que tantas mulheres (mas também tantos homens) se deleitam em provocar a queda de outrem, para se sentirem superiores; (3) Não dadas ao vinho: O alcoolismo era um problema sério na sociedade pagã, e a igreja cristã não estava isenta deste problema, por isso a recomendação; (4) Mestras do bem: Em outras palavras, as mulheres idosas devem ser mestras de ‘coisas boas’, da ‘sã doutrina’, da ‘correta conduta cristã’, em tudo quanto nisso esta implícito. E isso tanto na igreja (1Tm 2.11), como no lar, e também nos lares das mulheres mais jovens e de seus filhos (CHAMPLIN, 2002, p. 427).

2.3 “… as mulheres novas…” (Tt 2.4). O apóstolo descreve o comportamento específico para este grupo de irmãs, além das mesmas demonstrarem prudência como os citados acima, de serem moderadas, submissas e leais aos seus maridos elas devem ser: (1) Amante da família:“… ensinem as mulheres novas… a amarem seus maridos, a amarem seus filhos” (Tt 2.4). “O desejo e o propósito de Deus para a esposa e mãe, é que a sua atenção se focalizem na família. O lar, o marido e os filhos precisam ser o centro dos interesses da mãe cristã; essa é a maneira que Deus lhe determinou para honrar a sua Palavra (Dt 6.7; Pv 31.27; 1Tm 5.14). As tarefas específicas que Deus deu à mulher, no que diz respeito à família, incluem: (a) Cuidar do filhos que Deus lhe confiou (1Tm 5.14); (b) ser auxiliar e fiel companheira do seu marido (Gn 2.18); (c)ajudar o pai a formar nos filhos um caráter santo, e adestrá-los nas coisas práticas da vida (Dt 6.7; Pv 1.8,9; Cl 3.20); (d) ser hospitaleira (Is 58.5-8; Lc 14.12-14; 1Tm 5.10); (e) usar sua capacidade prática para atender às necessidades do lar (Pv 31.13,15,16,18,19,22,24); e (f)cuidar dos pais idosos no seu lar (1Tm 5.8; Tg 1.27) (STAMPS, 1995, p. 1889).

2.4 “Quanto aos moços…” (Tt 2.6 – ARA). O apóstolo passa recomendações aos rapazes acima de 12 anos de idade (MACARTHUR, 2010, p. 1680); que estes “… em todas as coisas, sejam criteriosos” (Tt 2.6 – ARA) a expressão “…em todas as coisas..”, alude ‘no tocante a tudo’. “Em tudo eles deveriam ser “criteriosos”; no original o termo ‘sophroneo’significa ‘ser sério’, ‘ser sensato’, ‘ser auto controlado’. Crisóstomo aplica esse mandamento a necessidade de vencermos as tendências para os prazeres estranhos. Diz ele: ‘Nesse período de idade, nada é tão difícil como dominar os prazeres indevidos’. Os jovens crentes devem controlar-se, devem refrear-se, para que possam dar um testemunho forte e coerente em favor de Cristo, não permitindo que qualquer excesso próprio da juventude leve-os a perder o controle sobre as próprias ações” (apud, CHAMPLIN, 2002, p. 428 – acréscimo nosso).

2.5 “Exorta os servos…” (Tt 2.9). O comportamento esperado dos escravos que eram cristãos nos dias do apóstolo, são os mesmos esperados, nos dias de hoje, pelos funcionários com relação aos seus empregadores. Estes devem tratar os seus patrões com respeito em tudo agradarem. Dizer que estes não deveriam contradizer significa que eles não deveriam ser teimosos, incontroláveis, ou resistentes à autoridade. Que não deveriam defraudar refere-se a qualquer tipo de roubo, mesmo aquele que possa ser classificado como um “pequeno roubo”. Eles poderiam ser tentados a se apropriar de “pequenos” itens necessários, mas como cristãos devem resistir a esta tentação, para mostrar toda a boa lealdade (RIBAS, 2010, p. 559 acréscimo nosso).

CONCLUSÃO
Como vimos nesta preciosa lição, as exortações que Paulo faz a Tito, para que este repasse à igreja local, é de valor imensurável. Cada um de nos somos responsáveis em demonstrar, por meio do nosso procedimento, a eficácia do Evangelho de Cristo. Aproveitemos esta lição para fazermos uma análise introspectiva e, avançarmos no nosso crescimento espiritual.

08/09/2015

Lição 11 - A Organização de uma igreja local

Escola Bíblica Dominical Ass. de Deus Ministério Despertando Vidas
3º trimestre de 2015 –
A igreja e o seu testemunho –
As ordenanças de Cristo nas cartas pastorais

Orientação Pedagógica

Aprendizado conjunto

Paulo Freire criticava a ideia de que ensinar é transmitir saber porque para ele a missão do professor era possibilitar a criação ou a produção de conhecimentos. Mas ele não comungava da concepção de que o aluno precisa apenas de que lhe sejam facilitadas as condições para o auto-aprendizado. Freire previa para o professor um papel diretivo e informativo – portanto, ele não pode renunciar a exercer autoridade. Segundo o pensador pernambucano, o profissional de educação deve levar os alunos a conhecer conteúdos, mas não como verdade absoluta. Freire dizia que ninguém ensina nada a ninguém, mas as pessoas também não aprendem sozinhas. "Os homens se educam entre si mediados pelo mundo", escreveu. Isso implica um princípio fundamental para Freire: o de que o aluno, alfabetizado ou não, chega à escola levando uma cultura que não é melhor nem pior do que a do professor. Em sala de aula, os dois lados aprenderão juntos, um com o outro – e para isso é necessário que as relações sejam afetivas e democráticas, garantindo a todos a possibilidade de se expressar. "Uma das grandes inovações da pedagogia freireana é considerar que o sujeito da criação cultural não é individual, mas coletivo", diz José Eustáquio Romão, diretor do Instituto Paulo Freire, em São Paulo.



Introdução:

Iniciamos o estudo da terceira carta pastoral,missiva esta dirigida a Tito. Seu nome significa “louvável”. Um cristão gentio, grego, convertido através da pregação de Paulo (1.4), e excelente ajudador no ministério do apóstolo. Quanto Paulo partiu de Antioquia da Síria para defender seu evangelho em Jerusalém, levou Tito com ele (Gl 2.1-3). A aceitação de Tito como cristão sem ser circuncidado deu força a tomada de posição de Paulo no Concílio de Jerusalém (Gl 2.3-5). Supõe-se que Tito, que não é mencionado nenhuma vez em Atos, trabalhava com Paulo em Éfeso durante a terceira viagem missionária. De Éfeso Paulo o enviou a Corinto para ajudar aquela igreja (2 Co 2.12-13; 7.5-6; 8.6).
O apóstolo Paulo havia deixado Tito em Creta a fim de reformar uma igreja fraca e corrupta. Escreve esta carta para reafirmar os objetivos que Tito deve promover (1:5). Isto requer a inclusão de diretrizes gerais para o estabelecimento de presbíteros capazes em cada cidade (1:6-9)  e para tratar do legalismo judeu.


I)                    Organizando a igreja:
Paulo sabia que uma igreja precisa ser bem organizada e ter bem definida e elencadas syas prioridades. Hoje, vemos muitos líderes e igrejas que esqueceram-se dos ensinamentos paulinos quanto a esta importante questão. Como igreja, não podemos esquecer de cumprir cabalmente a ordem de Deus. “Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em boa ordem as coisas que ainda restam e, de cidade em cidade, estabelecesses presbíteros, como já te mandei:” (Tt 1.5)
      a)       Evangelismo e Discipulado
      b)      Adoração a Deus
      c)      Ensino e educação cristã
      d)      Assistência Social e ajuda mútua
      e)      Integração entre irmãos
f)         f)     Organização e administração patrimonial

 A razão por que é especialmente indispensável que haja homens tão altamente qualificados para o ofício espiritual em Creta é agora exposta: Porque há muitos insubordinados, faladores fúteis e enganadores, especialmente os do partido da circuncisão. Esse grupo (vv. 10-14a) é o mesmo de que se faz menção em 1 Timóteo 1.3-11; note as semelhanças:

Tito
Timóteo
Tito 1 insubordinados (v. 10) faladores fúteis (v. 10)
1 Timóteo 1 - insubordinados (v. 9) certos indivíduos... se desviado para a conversão fútil (v. 6)
ensinando o que não é próprio (v.11)
a fim de que você ordene a certos indivíduos a não ensinarem de forma diferente (v. 3); cf. 6.3
sempre mentirosos (v. 12)
mentirosos (v. 10)
a fim de que sejam sadios na fé (v. 13)
Contrário à sã doutrina (v. 10); cf. 6.3
devotando-se aos mitos judaicos (v. 14)
a não devotar-se a mitos e genealogias intermináveis (v. 4) cf. 4.7a.


Os atributos dos presbíteros, os pastores que apascentam o rebanho (Tt 1.6-9)
O Novo Testamento detalha com grande precisão as funções do presbítero:
1) o presbítero deve pastorear a igreja do Senhor (Atos 20.28; 1 Tm 3.5; 1 Pe 5.2);
2) o presbítero deve proteger a igreja tanto dos ataques externos quanto dos internos (Atos 20.29-31);
3) o presbítero deve dirigir e governar a igreja, servindo-lhe de exemplo (1 Ts 5.12; 1 Tm 5.17; Hb 13.7,17; l Pe 5.3);
4) o presbítero deve pregar a Palavra, ensinar a sã doutrina e refutar aqueles que a contradizem (l Tm 5.17; Tt 1.9-11);
5) o presbítero deve orientar a igreja nas questões doutrinárias e éticas (Atos 15.5,6; 16.4);
6) o presbítero deve viver de tal forma que sua vida seja um exemplo para todo o rebanho (Hb 13.7; 1 Pe 5.3);
7) o presbítero deve corrigir com espírito de brandura aqueles que são surpreendidos em alguma falta (G1 6.1);
8) o presbítero deve velar pela alma daqueles que lhes são confiados, sabendo que prestará contas desse pastoreio ao Supremo Pastor (Hb 13.17);
9) o presbítero deve exercer o ministério da oração, especialmente em relação aos crentes enfermos (Tg 5.14,15);
10) o presbítero deve estar engajado no cuidado dos crentes pobres (At 11.30).
O retrato que Paulo traça do presbítero é emoldurado pela irrepreensibilidade. O presbítero (1.6) ou bispo (1.7) deve ser irrepreensível. John Stott corretamente diz que isso não quer dizer que os candidatos teriam de ser totalmente isentos de falhas e defeitos, pois nesse caso todos seriam desqualificados.
A palavra empregada é anenkletos, “sem culpa, não passível de acusação” e não anômos, que significa “sem mácula”. O presbítero não pode deixar flancos abertos na sua vida nem ter brechas no seu escudo moral. Seu ofício é públ1 Co e sua reputação pública precisa ser inquestionável. O presbítero deve ser um homem de reputação ilibada, sem mancha. O presbítero precisa ter doutrina pura e vida pura.


Conclusão: 
O líder de uma igreja nos dias atuais devem ter tamanho cuidado, assim como Paulo orientou a Tito. Atualmente, muitos tem causado não pequeno problema da igreja do Senhor com um testemunho inadequado para o comportamento cristão.





Bibliografia
As ordenanças de Cristo nas Cartas Pastorais. Elienaldo Renovato de Lima. CPAD
Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD
Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. R.N. Champlin. Hagnos
Ensinador Cristão. Ano 16 - nº 63. CPAD
Introdução ao Novo testamento. D.A. Carson, Douglas J. Moo, Leon Morris. Vida Nova
Graça. Max Lucado. Thomas Nelson Brasil
Verdadeiro Evangelho. Paul Washer. Fiel

Pr. Manoel Flausino
Diretor de Ensino e Superintendente de Escola Dominica, escritor, formado em Teologia, Pedagogia e especialista em Psicopedagogia e Gestão de Pessoas.

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03/09/2015

Lição 10 - A consciência da chegada da morte

Escola Bíblica Dominical Ass. de Deus Ministério Despertando Vidas
3º trimestre de 2015 –
A igreja e o seu testemunho –




INTRODUÇÃO

Este é o capítulo final da II Epístola de Paulo a Timóteo, nele nos deparamos com informações bastante pessoais a respeito dos últimos dias do Apóstolo na terra. Inicialmente, conforme veremos na lição, ele mostra confiança em Deus diante da morte. Posteriormente, lamenta pelo abandono de alguns daqueles que se diziam companheiros de ministério. Ao final, demonstra sua firmeza em Cristo, que jamais o abandonou, também expressa suas considerações pelo fieis cooperadores de ministério.


I)                    A CONSCIÊNCIA DA MORTE NÃO TRAZ DESESPERO AO CRENTE FIEL
A morte é a situação mais difícil que o ser humano pode enfrentar. Ela é o terrível legado que herdamos dos nossos primeiros pais, que desobedeceram ao Criador no Éden (Gn 2:15-17; 3:19; Rm 5:12). É o pagamento indesejado que o ser humano recebe por ter pecado (Rm 6:23). É o fim para o qual o ser humano caminha a passos largos (Ec 12:1-7). Mais do que isso, é o inimigo implacável que vem no encalço do ser humano para, no inevitável dia do encontro, deixá-lo prostrado (Lc 12:20). É o último inimigo a ser aniquilado (1Co 15:26). Contudo, para o crente fiel, a morte é “lucro”(Fp 1:21).
Destacamos alguns pontos fundamentais acerca da atitude do apóstolo Paulo no momento em que se viu no corredor da morte. Em 2Timóteo 4:7,8, ele faz uma profunda análise do seu ministério e, antes de fechar as cortinas da sua vida, abre-nos uma luminosa clareira com respeito a seu tempo presente, passado e futuro. Diz o velho bandeirante da fé: “Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda.”

a)      Serenidade diante da morte (2Tm 4:6). Mesmo estando na antes sala da morte e no corredor do martírio, Paulo não usa palavras de revolta nem de lamento. Ele estava consciente e sereno. O veterano apóstolo sabe que vai morrer. Mas não é Roma que tirará a sua vida; é ele quem vai oferecê-la. E ele não vai oferecê-la a Roma, mas a Deus. Paulo compara sua vida com um sacrifício e uma oferta para Deus. Ele disse: “Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está Próximo” (2Tm 4:6). Aqui, ele usa a figura da libação, um rito comum na religião judaica, para expressar sua disposição de dar sua vida pelo evangelho e pela igreja. No judaísmo, a libação era o derramamento de vinho ou azeite sobre a oferta do holocausto (cf. Ex 29:40,41; Nm 15:5,7,10; 28:24). Não era uma oferta pelos pecados, mas uma oferta de gratidão ao Senhor. Paulo, portanto, entendia sua morte como oferenda derramada sobre o sacrifício da igreja (Fp 2:17) e derramada no mais verdadeiro sentido sobre o holocausto [sacrifício total] do Messias Jesus (Rm 8:32).
b)      A certeza da missão cumprida (2Tm 4:7). Paulo está passando o bastão para o seu filho Timóteo, mas, antes de enfrentar o martírio, relembra como havia sido sua vida: um duro combate. A vida para Paulo não foi uma feira de vaidades nem um parque de diversões, mas um combate renhido. O apóstolo poderia morrer tranquilo porque havia concluído sua carreira, e isso era tudo o que lhe importava (At 20:24). Mas ele também deixa claro que nessa peleja jamais abandonou a verdade nem negou a fé. Não morre bem quem não vive bem. A vida é mais do que viver, e a morte é mais do que morrer, diz Hernandes Dias Lopes.
c)      Paulo olhou para o futuro com esperança (2Tm 4:8). A gratidão do dever cumprido, associada à serenidade de saber que estava indo para a presença de Jesus, dava a Paulo uma agradável expectativa do futuro. Mesmo que o imperador o condenasse à morte e o tribunal de Roma o considerasse culpado, o reto e justo Juiz revogaria o veredito de Nero, considerando-o sem culpa e dando-lhe a coroa da justiça. Como num brado de triunfo diante do martírio, Paulo proclama: “Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda”.

II)                  O SENTIMENTO DE ABANDONO
Paulo, certamente, foi a maior expressão do cristianismo. Viveu de forma superlativa e maiúscula. Pregador incomum, teólogo incomparável, missionário sem precedentes, evangelista sem igual. Viveu perto do Trono, mas ao mesmo tempo foi açoitado, preso, algemado e desolado. Tombou como mártir na terra, mas foi recebido como príncipe no Céu. Não foi poupado dos problemas, mas triunfou no meio deles.
O clamor de Paulo na solidão. “Procura vir ter comigo depressa. Porque Demas me desamparou, amando o presente século, e foi para Tessalônica; Crescente, para a Galácia, Tito, para a Dalmácia. Só Lucas está comigo…” (2Tm 4:9-11).
Paulo, já idoso, anseia ter a companhia do jovem pastor Timóteo. Por isso, ele pede que Timóteo se esforce para chegar logo a Roma. O apóstolo sente-se profundamente solitário na prisão em Roma. Ele estava numa cela fria, necessitado de um ombro amigo. Ele, então, roga para que Timóteo vá depressa ao seu encontro. Pede para ele vir antes do inverno (2Tm 4:21), pois nesse tempo era impossível navegar. Roga a Timóteo que leve também Marcos. O gigante do cristianismo está precisando de gente amada a seu lado, antes de caminhar para o patíbulo. Sua comunhão com Deus não o tornava um super-homem. Dentro do seu peito, batia um coração sedento por relacionamento.
a) Demas o desamparou. Paulo passou a vida investindo na vida das pessoas e, na hora em que mais precisou de ajuda, foi abandonado e esquecido na prisão. Ser esquecido pelos que antes foram colegas na evangelização deve ser uma das mais amargas experiências no serviço cristão. Demas era amigo de Paulo, irmão na fé e parceiro de trabalho. Mas agora Paulo estava na prisão, os cristãos eram perseguidos e o clima político era claramente desfavorável a eles. Em vez de ansiar pela vinda do Senhor, Demas preferiu amar o presente século e assim abandonou Paulo e foi para Tessalônica. Provavelmente o temor pela segurança pessoal, o levou a se tornar desleal.
Demas é mencionado apenas três vezes no Novo Testamento (Cl 4:14; Fm 24; 2Tm 4:10). Na primeira vez, era um cooperador; na segunda vez, seu nome é apenas mencionado; e, na última vez, ele é apresentado como um desertor. Começou bem a carreira, mas a encerrou mal.
 b) Só o médico amado ficou com Paulo. “Só Lucas está comigo…”. Lucas era o único a manter contato com Paulo em Roma. Deve ter significado muito para o apóstolo ter o estímulo espiritual e a habilidade profissional desse grande homem de Deus. A presença de Lucas com Paulo na sua segunda prisão é um tocante testemunho da lealdade desse companheiro. Lucas já havia acompanhado Paulo em sua viagem a Roma e em sua primeira prisão (At 27). Paulo o chamara de médico amado (Cl 4:14) e colaborador (Fm 24). Feliz é o obreiro que no final da sua lida tem um amigo, como Lucas, para estar ao seu lado. Lucas escreveu tanto o Evangelho que leva seu nome como o livro de Atos.

c)      A serenidade dos últimos dias. “Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo, e os livros, principalmente os pergaminhos” (2Tm 4:13).
Paulo precisava de amigos para a alma, livros para a mente e cobertura para o corpo. Ele tinha necessidades físicas, mentais e emocionais. As prisões romanas eram frias, insalubres e escuras. Os prisioneiros morriam de lepra e de outras doenças contagiosas. O inverno se aproximava, e Paulo precisava de uma capa quente para enfrentá-lo. Segundo estudiosos, essa “capa” era uma roupa externa grande, sem mangas, feita de uma única peça de tecido pesado, com um buraco ao meio por onde se passava a cabeça. Servia de proteção contra o frio e a chuva. Paulo tinha deixado a sua “capa” na casa de um homem chamado Carpo, aparentemente onde ele havia se hospedado, em uma de suas visitas a Trôade (provavelmente não a visita mencionada em Atos 20:6, pois esta tinha ocorrido vários anos antes).
Paulo também precisava de livros (feitos de papiro) e pergaminhos (feitos de peles). Estava no corredor da morte, mas queria aprender mais. Paulo precisava de amigos, de roupas e de livros. Precisava de provisão para a alma, a mente e o corpo. Essa atitude de Paulo é um eloquente testemunho de que o homem de Deus, quando está seguro no Senhor, não teme a morte ou quaisquer outras circunstâncias adversas.

d)                 Preocupações finais com o discípulo. “Alexandre, o latoeiro, causou-me muitos males; o Senhor lhe pague segundo as suas obras. Tu, guarda-te também dele, porque resistiu muito às nossas palavras” (2Tn 4:14,15).
Aqui, Paulo alerta Timóteo a respeito de “Alexandre, o latoeiro”. Paulo não dá nenhuma descrição de Alexandre, senão sua profissão. Ele trabalhava com cobre. O apóstolo também não descreve quais foram esses muitos males. Segundo estudiosos, Alexandre pode ter testemunhado contra Paulo no seu julgamento, causando desta forma muitos males ao apóstolo. Os informantes eram uma das grandes maldições de Roma naquela época. Buscavam obter favores e receber recompensas em troca de informações. Isso levou alguns historiadores a afirmar que foi Alexandre, o latoeiro, quem traiçoeiramente delatou Paulo, resultando em sua segunda prisão e consequente martírio. Alexandre se tornou inimigo do mensageiro [Paulo] e também da mensagem [evangelho]. Perseguiu o pregador e resistiu à pregação. Possivelmente, esse Alexandre morava em Trôade, onde Paulo fora preso, e, por isso, o apóstolo exorta a Timóteo que, ao passar por Trôade para pegar seus pertences, se guardasse desse malfeitor.
– “o Senhor lhe pague segundo as suas obras”. Quando Paulo diz estas palavras, não está expressando um espírito vingativo contra Alexandre, mas apenas entregando seu julgamento nas mãos de Deus, a quem pertence esse direito.
“O crente fiel sempre vai encontrar pessoas difíceis em sua caminhada, por isso, precisa estar preparado para lidar com toda a sorte de gente, boas e más”.
III. A CERTEZA DA PRESENÇA DE CRISTO
a.      Sozinho perante o tribunal dos homens (2Tm 4:16). “Ninguém me assistiu na minha primeira defesa; antes, todos me desampararam. Que isto lhes não seja imputado”.
Paulo se arriscou pelos outros; mas ninguém compareceu em sua primeira defesa para estar a seu lado ou falar a seu favor. Nem Lucas, “o médico amado”, se encontrava na cidade, quando Paulo compareceu a audiência. O verdadeiro amigo é aquele que chega quando todos já se foram. É aquele que está ao nosso lado, pelo menos para confortar-nos com o bálsamo do silêncio.
O verdadeiro amigo não nos abandona na hora da aflição. Jó fez uma dramática descrição desse abandono na hora de necessidade (Jó 19:13-16):
b.      Sentindo a presença de Cristo (2Tm 4:17). “Mas o Senhor assistiu-me e fortaleceu-me, para que, por mim, fosse cumprida a pregação e todos os gentios a ouvissem; e fiquei livre da boca do leão”.
Paulo foi vitima do abandono dos homens, mas foi acolhido e assistido por Deus. Assim como Jesus foi assistido pelos anjos no Getsêmani enquanto seus discípulos dormiam, Paulo também foi assistido por Deus na hora de sua dor mais profunda.
Deus não nos livra do vale, mas caminha conosco no vale. Deus não nos livra da fornalha, mas nos livra na fornalha. Deus não nos livra da cova dos leões, mas nos livra na cova dos leões. Às vezes, Deus nos livra da morte; outras vezes, Deus nos livra através da morte. Em toda e qualquer situação, Deus é o nosso refúgio.
c.       Palavras e saudações finais (2Tm 4:18). “E o Senhor me livrará de toda má obra e guardar-me-á para o seu Reino celestial; a quem seja glória para todo o sempre. Amém!”.
Numa última oportunidade de encorajar o jovem pastor Timóteo diante de tantas lutas, Paulo diz: “O Senhor Jesus Cristo seja com o teu espírito. A graça seja convosco”. Matthew Henry está correto ao dizer que nada nos deve deixar mais felizes que ter o Senhor Jesus Cristo com o nosso espírito; porque nele todas as bênçãos espirituais estão resumidas.
A epístola de 2Timóteo não foi endereçada apenas ao pastor Timóteo; foi escrita a toda a igreja de Éfeso e consequentemente a nós, hoje. No último versículo, Paulo passa do singular – “o Senhor seja com o teu espírito” -, para o plural – “a graça seja convosco”. A presença do Senhor e a graça do Senhor nos bastam.
Assim como a graça, que é melhor que a vida, foi suficiente para Paulo e a igreja de Éfeso no passado, seja também nosso alento hoje, para prosseguirmos preservando o evangelho, sofrendo pelo evangelho, permanecendo no evangelho e pregando o evangelho. “Amém!”.

CONCLUSÃO
Paulo tinha consciência de que a morte física aniquilaria apenas o seu corpo, mas seu espirito e sua alma (o homem interior — 2Co 4:16) estavam guardados em Cristo Jesus. Um servo de Deus que se pauta pela obediência ao Senhor, vivendo em santidade, e fazendo a vontade divina, não se desespera, mesmo ante a iminência do dia final.